Resiliência no âmbito escolar
Por: raphaelmartins27 • 2/5/2015 • Artigo • 1.292 Palavras (6 Páginas) • 272 Visualizações
Resiliência no âmbito escolar
A escola como agente social e criativo se caracteriza pela complexidade, consciência de metas compartilhadas, liderança transformadora e caráter ético. Sua gestão se destaca pelo conhecimento de suas forças e fraquezas, adaptação às condições do contexto, combinação de racionalidade e intuição, previsão de dificuldades e problemas, enfatizando o clima organizacional pela importância que tem no desenvolvimento da criatividade, tanto pessoal como coletiva.
O início do terceiro milênio vem acompanhado de grandes mudanças tecnológicas, científicas, sociais, organizativas e laborais. Tais transformações acabam exigindo crianças, adolescentes e adultos resilientes para terem as habilidades necessários para conseguirem viver em um mundo em constante mutação. Cabe não só a família como também a escola – esta ainda em fase de desenvolvimento deste conceito – praticar o ensino da resiliência.
As adversidades escolares geralmente nos remetem às ideias de alunos carentes e estruturas familiares descontruídas. Por um lado, é admissível aceitar essa afirmativa, entretanto, superar essas adversidades é possível se cada aluno fizer uso destes desafios em prol de um crescimento pessoal em parceria com seus professores. Construir uma habilidade resiliente em seu corpo docente para que este possa disseminar as facilidades deste processo juntamente com toda a comunidade escolar tornou-se uma característica da escola do futuro.
Recentes pesquisas revelaram que o resultado de um corpo pedagógico resiliente é extremamente positivo para ajudar os alunos a lidar com questões inerentes as diferentes faixas etárias, tais como, ansiedade, depressão, baixo rendimento dentre outros.
Tal como em outras muitas noções, também a de resiliência evoluiu do concreto para o abstrato, das realidades materiais, físicas e biológicas para as realidades imateriais, físicas e biológicas para as realidades imateriais ou espirituais.. Em termos comparativos, podemos dizer que nas ciências materiais, resiliência é a qualidade de resistência de um material ao choque com o objetivo de produzir ligas mais flexíveis, leves e consistentes. Em medicina, resiliência seria a capacidade de um sujeito resistir a uma doença por si próprio ou com a ajuda de medicamentos. Ser resiliente, para o homem da sociedade emergente, seria desenvolver capacidades físicas ou fisiológicas conducentes a determinados níveis de "endurance” física, biológica ou psicológica e até uma certa imunidade que lhe possibilite a aquisição de novas competências de ação que lhe permita adaptar-se melhor a uma realidade cada vez mais imprevisíveis e agir adequadamente e rapidamente sobre ela, resolvendo os problemas que esta lhe coloca. (RUEGG, 1997 apud TAVARES, 2001, p.45)
Segundo Yunes e Szymanski (2001), a capacidade resiliente está relacionada a processos que explicam a superação de crises e adversidades em indivíduos, grupos ou organizações. Para Plaze (2006), a capacidade resiliente caracteriza-se por um conjunto de atitudes adotadas pelo ser humano para resistir aos embates da vida, configurando a condição para superar situações de risco e inclusive se fortalecer com elas. E não há ambiente melhor do que a escola para desenvolver essas características nas crianças.
As relações sociais positivas com múltiplos amigos, parentes e vizinhos acaba por criar a resiliência. Adolescentes resilientes costumam apresentar atitudes positivas preocupando-se com os demais a sua volta, ouvindo conselhos sem julgamento, ajudando aos outros e sendo justo diante das mais diversas atitudes.
Controlar suas próprias emoções é possível diante da capacidade e do desenvolvimento da resiliência e isso pode ser facilmente desenvolvido e aprendido diante da relação professor x aluno. Para Poletti e Dobbs (2007), a resiliência é desenvolvida nos adolescentes pelo professor através da comunicação, que representa a possibilidade de elo e troca com os outros, a capacidade de assumir a responsabilidade por sua própria vida, consciência limpa, o que significa não ceder à culpabilização, aceitar responsabilidades, reconhecer erros e superá-los, ter convicções sobre alguns valores essenciais que permitem avançar e suportar adversidades.
Já para Melillo, Ojeda e Rodrigues (2008), a resiliência é mais um estar que um ser. É um processo, um vir a ser do Ser Humano que inscreve seu desenvolvimento em um meio e escreve sua história em uma cultura. Em tela, temos que frente a uma possível fragilidade de laços familiares para o desenvolvimento da resiliência na criança ou no adolescente, cabe à escola um papel fundamental, pois trata-se de uma instituição social que possui funções que perpassam os limites da mera reprodução do conhecimento.
Vale ressaltar que a resiliência não pode ser vista como um atributo fixo de cada indivíduo, pois se as circunstâncias mudam, a resiliência se redefine. Para Poletto; Koller (2006), esta (a resiliência) só pode ser vista como um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que acontecem em dado período da vida. Sendo assim, é fácil chegarmos ao entendimento de que para o desenvolvimento desta característica essencial a cada indivíduo, a escola acaba por se transformar em um espaço de ensino/aprendizagem não só do conteúdo curricular exigido pelos órgãos competentes, como também no desenvolvimento da aprendizagem das características de um “ser resiliente”, através da prática da autoconfiança, persistência, criatividade, bom humor, liderança, relacionamento interpessoal e capacidade de sonhar.
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