Resumo O Projeto de 1895 - Luiz Garcia Roza
Por: Rafaela Oliveira • 7/3/2019 • Resenha • 1.812 Palavras (8 Páginas) • 1.699 Visualizações
A pré-história da psicanálise – II
O Projeto de 1895
Luiz Alfredo Garcia Roza
Rafaela Carolina de Oliveira Moreira
Psicologia, 4º período – sala401
Faculdade Pitágoras
O primeiro aspecto elencado pelo autor é o fato do manuscrito o Projeto para uma psicologia científica, escrito por Freud em 1895, só ter sido publicado após sua morte, meio século depois de ter sido escrito. O que abriu margem para outros pesquisadores tanto o defenderem como a essência da Psicanálise, quanto subestimar sua relevância.
Roza (2009) a partir de uma abordagem quantitativa, expressa a proposta do Projeto como uma teoria do funcionamento psíquico “uma espécie de economia da força nervosa” (Roza,2009 apud Freud, ESB, v.I, p.382) e alterações dos conceitos psicopatológicos associando-os a psicologia do indivíduo normal.
Freud se formou num contexto histórico cientificista e positivista, e segundo Ernest Jones isso influenciou na elaboração do Projeto. A ciência era vista como a proeminência do conhecimento humano. As teorias freudianas teriam ligação com as publicações de Herbart, psicólogo quantitativista que tenta uma abordagem matemática da psicologia. Seus estudos sobre o psiquismo, e principalmente do inconsciente, que permitiram esse acercamento com o Freud de 1985.
Mesmo com tal aproximação, Roza (2009) deixa claro que Herbart não foi o precursor de Freud, de acordo com ele, Freud articulava seus conceitos numa teoria integrada exclusivamente sua. Parte do pressuposto de ambos terem o mesmo campo de pesquisa, e não que sejam sequentes em suas teorias.
O aparelho psíquico
O aparelho psíquico nada mais seria que o psiquismo concebido como uma máquina capaz de transmitir e transformar uma determinada energia. Dada duas hipóteses: a primeira de que existe quantidade (Q) que distingue a atividade do repouso das partículas matérias; e a segunda a identificação dessas partículas materiais com os neurônios. A regulação do aparelho psíquico então se daria pelo Princípio de Inércia Neurônica, segundo o qual os neurônios tendem a descarregar completamente toda a quantidade (Q) que recebem. De acordo com Roza (2009) há ainda outro princípio, segundo o qual o sistema de neurônios se estrutura de tal modo que forma “barreiras de contacto” que oferece resistência à descarga total.
“O aparelho psíquico” segundo o autor é concebido de um referencial termodinâmico que nem sempre é obedecido com rigor. Freud foi além de sua época, as estruturas chamadas de neurônios são frutos de hipóteses, e não de observações e experimentos.
- Freud foi muito além de seu tempo, sua descoberta sobre os neurônios realmente impressiona, visto que ele nem se quer os havia observado. Confesso estar perplexa, com tamanha inteligência exposta em hipóteses. Gostaria de trazer a renúncia à anatomia em relação a formulação da “metapsicologia” para um debate em sala.
A noção de quantidade (Q)
Roza (2009) se vê em um contexto ambivalente quando explica os significados de (Q) tida como quantidade de excitação ligada à estimulação sensorial externa, e (Q’n) que é de ordem interna, intercelular. E designa em seu texto apenas Q maiúscula, para designar a quantidade em geral.
A proposta de quantificação é um estudo que retoma os estudos de Herbart, dada à exigência da cientificidade dos saberes da época. Partindo dos estudos sobre a histeria e neurose obsessiva, Freud levanta a hipótese de relação proporcional entre os traumas e a intensidade dos sintomas por eles produzidos, mas sua originalidade se dá ao transportar essa possibilidade para o campo da psicopatologia.
É a circulação de Q pelo sistema de neurônios que vai caracterizar o ponto de vista econômico em Freud, sendo regulada por dois princípios básicos: o princípio de inércia e o princípio de constância.
O princípio de Inércia
Apresentado como formulação específica do Projeto, o princípio de inércia regula a descarga de neurônios que representa a função primordial do sistema nervoso, segundo o estudo “os neurônios tendem a se desfazer de Q” (Roza, 2009 p.48), e faz alusão ao funcionamento do arco reflexo, do qual a quantidade de excitação recebida pelo neurônio sensitivo deve ser inteiramente descarregada na extremidade motora. Atribui-se a uma função secundária, a fuga do estímulo, segunda a qual o sistema neurônico procura conservar as vias de escoamento que o possibilita manter-se afastado das fontes de excitação.
A lei de constância implica que o sistema neurônico procura manter uma quota mínima de Q, viabilizando mantê-lo constante, impedindo a descarga total da quantidade de energia o que possibilita realizar as ações destinadas a satisfazer as exigências decorrentes dos estímulos endógenos.
Os neurônios
Os neurônios são divididos em duas classes: os neurônios fi (Φ), formado de neurônios permeáveis, que não oferecem resistência ao escoamento de Q e destinados à percepção, que após cada passagem voltam ao mesmo estado anterior, são alimentados de fonte externa e possuem carga Q maior; e os neurônios psi (Ψ), constituido de neurônios impermeáveis, ou seja, que possuem barreiras de contato – restências localizadas nos pontos de contato entre os neurônios – retentivos de Q e portadores de memória, e são estimulados por fonte endógena.
Apesar de possuir as barreiras de contato, não significa que a impermeabilidade dos neurônios Ψ é total, parte de Q fica retida e parte consegue ser escoada. A partir desse evento, Freud elabora o conceito de “facilitação”, baseado no fato de que ao ocorrer a passagem parcial de Q há uma alteração nas estruturas das barreiras, o que consiste numa diminuição da resistência, o que faz com que a excitação percorra o mesmo caminho através de onde houve a facilitação. De acordo com Roza (2009) o grau de facilitação vai depender da quantidade (Q) que os neurônios enfrentarão.
A princpal função dos sistemas neurônicos é de afastar as grandes Qs externas através da descarga, que está ligada à tendência básica de evitar a dor ou desprazer resultante de um acúmulo de Q no sistema formado pelos neurônios Ψ. “O prazer total resultaria da descarga total de Q” (Roza,2009 p.51). Conclui-se que não há barreira de contato capaz de deter um estímulo doloroso, sendo que a própria lembrança desse estímulo é capaz de provocar desprazer. Toda essa discurssiva se dá ao nível inconsciente do funcionamento dos sistemas neuronais de um ponto de vista quantitativo.
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