Resumo TSP
Ensaios: Resumo TSP. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: cli.psico • 25/6/2014 • 4.513 Palavras (19 Páginas) • 694 Visualizações
RESUMO – Teor e Sistemas em Psicologia
CAPÍTULO I
A CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO
EMERGÊNCIA E RUÍNA DO SUJEITO
Na Idade Moderna surge a redefinição das relações sujeito/objeto: A razão contemplativa cede lugar à “razão” e à ação instrumental. A partir de Francis Bacon, enfatiza-se o caráter operante das relações entre homem e mundo, o sujeito possui o status de senhor de direito da natureza, cabendo ao conhecimento transformá-lo em senhor de “fato”.
Bacon afirma que o ser humano possui tendências inatas ou adquiridas que bloqueiam ou deformam a leitura objetiva da natureza; diz também que a mente humana foi possuída por ídolos e falsos preceitos e que existe dificuldade para a verdade penetrar e ser absorvida e apreendida. Instala-se a partir de Bacon, uma atitude cautelosa e suspeitosa do homem para consigo mesmo.
O “real” objeto desta ciência é o real tecnicamente manipulável, na forma do controle e na forma simbólica do cálculo e da previsão exata. A ciência e a produção tecnológica, por terem os mesmos projetos e meios empregados nas atuações produtivas, progridem juntas, amparando-se e incentivando-se mutuamente. Ambas encarnam um projeto único e visam o mesmo objeto, da mesma forma. Bacon afirma que o ser humano possui tendências inatas ou adquiridas que bloqueiam ou deformam a leitura objetiva da natureza; diz também que a mente humana foi possuída por ídolos e falsos preceitos e que existe dificuldade para a verdade penetrar e ser absorvida e apreendida. Instala-se a partir de Bacon, uma atitude cautelosa e suspeitosa do homem para consigo mesmo. A produçãodo conhecimento produtivo pela objetividade e a ação instrumental, necessariamenteenfrentam uma dificuldade; o auto-conhecimento e o auto-controle seriam preliminares indispensáveis. Tem-se por disciplina do espírito o objetivo das regras metodológicas, as quais definirão a própria prática científica, ou seja, a disciplina do método é o que especifica o cientista. Emerge com Descartes, a dúvida metódica; a nova ciência tem nela, seu procedimento fundamental. Na doutrina dos ídolos assim como na dúvida metódicaencontram-se todos os discursos de suspeição que a Idade Moderna elaborou, identificando e extirpando, ou neutralizando a subjetividade empírica. A base segura para se validar e fundar o conhecimento objetivo, no entanto, continuou sendo para Bacon, a evidência empírica que além de sua dificuldade de obtenção ainda exigia uma constante higiene mental. Hegel e Marx inauguram outro ponto de vista, onde surge a desconfiança em relação ao sensível, ao imediatamente dado. Nessa concepção, todo conhecimento émediado e construído. Desenvolvia-se a suspeita dirigida à experiência sensorial e numa outra tradição, a própria razão tinha seu valor e limites investigados. David Hume reduziu os processos mentais a fenômenos associativos apontando para a aprendizagem como sendo origem das categorias e operações do pensamento. Hume inicia o procedimento quedesqualifica a lógica como reitora incondicional do discurso científico e a coloca como resultado da experiência, portanto, condicionada e relativa. O que exige cautela, diante da própria razão. Não se encontra com facilidade, movimentos intelectuais que compartilhemsimultaneamente as suspeitas, diante das teorias e dos dados, da razão e da observação e suspeitas generalizadas diante dos afetos e das motivações. Isto reduziria o sujeito ao desespero e à condenação (por ilusória), de qualquer pretensão ao conhecimento objetivo. O niilismo Nietzschiano é o que mais se aproxima deste limite. Com Peirce e Popper a busca do fundamento absolutamente seguro do conhecimento foi substituída pelaespecificação de um procedimento, de uma lógica da investigação, que diante daimpossibilidade de extirpar o subjetivismo e a arbitrariedade, no início da pesquisa, possa promover um processo infinito de auto-correção, no qual a verdade objetiva se coloca como idéia reguladora. A época define-se pela presença destes ataques ao sujeito empírico do conhecimento, pelas táticas contra sua inclusão indesejada, pelo sítio armado em torno da subjetividade. O sujeito empírico é concebido como fator de erro, de ilusão. Constitui-se e tenta-se colonizar um novo campo, “o da natureza interna” ou “intímo”. Este projeto carrega uma contradição peculiar: justifica-se por se presumir que a natureza interna seja essencialmente hostil à disciplina imposta pelo método científico e por isso deva ser neutralizada. Mas, por outro lado, o objetivo seria submeter a natureza interna às mesmas práticas de pesquisa e portanto de controle, que se firmaram e desenvolveram na interação com a natureza externa. O sujeito, então é atravessado por uma sucessão de rupturas. As ciências naturais repousam na pressuposição de uma exterioridade entre a prática da pesquisa e seu objeto, o confronto nitidamente delimitado e rigidamente controlado entre sujeito e objeto, o que promove a multiplicação e o refinamento dos instrumentos conceituais e teóricos de descrição, previsão e controle. Mas, a Psicologia que nasce no bojo das tentativas de fundamentação das novas ciências acaba por destinar-se a jamais encontrar seus próprios fundamentos e nunca satisfazer os moldes de cientificidade que motivaram seu próprio surgimento.
EMERGÊNCIA E RUÍNA DO SUJEITO
Numa sociedade agrária, a identidade social era pré-definida pela cultura em função de eventos biográficos, quase que totalmente. O indivíduo era o que a comunidade definia, ao menos em grande medida. A nova forma de organização social, a convivência é marcada pelas relações instrumentais e pela luta entre interesses particulares opostos, o que dá margem para o surgimento de uma subjetividade diferenciada em relação à identidade social pré- definida existente na sociedade agrária. Surge uma imagem de indivíduo legada pelo iluminismo e presente no liberalismo clássico: capaz de discernimento, capaz de cálculo na defesa de seus interesses, etc., enfim: capaz de independência em relação à autoridade e à tradição. Mais tarde, quando a sociedade entra em crise, com as guerras, as lutas operárias, as recessões, os bolsões da miséria urbana, o indivíduo privado passa a ser visto como egoista, imediatista, sem condições de autocontrole em benefício do social, tornando-se assim o bode expiatório. Esta perspectiva instrumental da administração racionalizada também aparece no projeto de constituição de uma psicologia como ciência do individuo e (inúmeras vezes) contra o indivíduo. Observa-se: de um lado o indivíduo para si, irredutível; do outro lado, o indivíduo
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