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Resumos De Jurema Cunha

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Por:   •  26/11/2014  •  9.269 Palavras (38 Páginas)  •  1.823 Visualizações

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Psicodiagnóstico V – Jurema Alcides Cunha

Capítulo 5 – A Entrevista Clínica

Marcelo Tavares

Definindo a Entrevista Clínica

Em psicologia, a entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos, com o objetivo de fazer recomendações, encaminhamentos ou propor alguma intervenção em busca de benefícios.

A investigação possibilita alcançar objetivos da entrevista, que são descrever, avaliar, o que pressupõe levantamento de informações, permitindo relacionar eventos e experiências, fazer interferências, estabelecer conclusões e tomar decisões. Essa investigação se dá dentro de domínios específicos da psicologia clínica. Essa área inclui, psicologia do desenvolvimento, psicopatologia, psicodinâmica, teorias sistêmicas. Aspectos dessas podem ser atentados, desenvolvimento psicossocial, conflitos de identidade, etc.

A entrevista é parte de um processo. Pode ser realizado em uma única sessão. O aspecto avaliativo pode ser intrínseco e confundido a primeira sessão de psicoterapia. Também pode ser complexo com um conjunto diferenciado de técnicas de entrevistas e instrumentos avaliativos. A entrevista clínica é a única capaz de adaptar-se a diversidade de situações clínicas relevantes e de conseguir particularidades. É a única técnica capaz de testar os limites de aparentes contradições e de tornar explícitas características indicadas por instrumentos padronizados, dando a eles validade clínica (Tavares, 1998).

Tem a característica de ser dirigida, mesmo nas entrevistas “livres”, é necessário o reconhecimento, pelo entrevistador dos objetivos, de acordo com ele estrutura e escolhe o tipo de intervenção. O psicólogo precisa estar preparado para o direcionamento que o sujeito parece querer dar. Deve também estar, atento aos processos no outro, e a sua intervenção deve orientar a aprofundar o contato com sua própria experiência.

A função específica do entrevistador coloca a entrevista clínica no domínio de uma relação profissional, tem responsabilidade de conduzir o processo e aplicar os conhecimentos psicológicos em benefícios do paciente, zelar pelo bem-estar e interesse do outro, além da ética, atualização, conhecimento das técnicas e instrumentos.

A pessoa entrevistada presta informação. Seu modo de participação é essencial para obter sucesso. Essa dependência acontece principalmente quando há resistência ou não voluntariedade, nesse caso o entrevistador tem que centrar sua atenção na relação com o entrevistado, para compreender os motivos de sua atitude, geralmente as dificuldades estão associadas a distorções relacionada a pessoas ou instituições interessadas nas avaliações, idéias preconcebidas em relação a psicologia, a fantasias vinculadas, ansiedades pessoais. São questões transferenciais que devem ser esclarecidas. Essas resistências podem atrapalhar, mas se esclarecidas se tornam fontes importantes de compreensão da dinâmica do sujeito.

O entrevistador deve ter domínio da entrevista, o treinamento tem o intuito de antecipar e evitar essas situações e procura apresentar e discutir vários aspectos práticos dos procedimentos, a capacidade de trabalho na contratransferência. A prática supervisionada é reconhecida como melhor consolidação da aprendizagem.

O principal beneficiado direto nem sempre é a pessoa entrevistada, muitas vezes são terceiros, como juízes e empregadores.

A necessidade de delimitação temporal, não necessariamente de um encontro. Mesmo quando o processo requer vários, no processo de entrevista, não há um contrato de continuidade, como o processo terapêutico, embora frequentemente, a entrevista clínica resulte em um contrato terapêutico. Esse tempo entre entrevista e processo terapêutico tem função de diferenciar os objetivos e papel do profissional nos processos. Essa delimitação defini o setting e fortalece o contrato, que pode ser consolidado como conclusão da entrevista inicial. Podem ocorrer integrados como uma mesma parte da sessão de entrevista ou podem ser reservados à uma entrevista designada a esse fim devolutivo, finalizando o processo de avaliação.

Tipos E Objetivos Da Entrevista Clínica

Para classificar os tipos de entrevista, considera-se os eixos classificatórios e o exame sistemático dos tipos principais de técnicas de entrevistas. Consideraremos segundo forma estrutura e objetivo.

Classificação Quanto Ao Aspecto Formal

Podemos quanto a estrutura classificar em estruturadas, semiestruturadas e de livre estruturação. As entrevistas estruturadas são de pouca utilidade clínica. É mais frequente em pesquisas, e quando a habilidade clínica não é necessária ou possível. Raramente considera as necessidades ou demanda do avaliado, se destina a levantar informações definidas. Como em entrevistas epidemiológicas. Privilegiam a objetividade. As perguntas são quase sempre fechadas ou delimitadas por opções previamente determinadas e buscam respostas específicas.

Nas entrevistas clínicas desejamos conhecer o sujeito em profundidade, visando compreender a situação que o levou a entrevista. As entrevistas clínicas dependem do espaço que o processo deixa para as manifestações individuais e requer habilidades e conhecimentos específicos para conduzi-la. Essa especificidade clínica favorece as formas semiestruturada e de livre estruturação.

Mesmo nas entrevistas de livre estruturação, como nas outras, é necessário que se conheça as metas, o papel de quem conduz e os procedimentos. As técnicas de entrevista podem ser definidas quanto a estrutura, a partir do desenvolvimento das técnicas de avaliação e tratamento, com o surgimento de manuais. Tomando-se o objetivo de uma técnica de livre estruturação, é possível desenvolver uma forma semiestruturada de obter o mesmo tipo de informação.

As entrevistas semiestruturadas são denominadas assim pois o entrevistador tem clareza dos objetivos, das informações para atingi-los, das questões a serem feitas e quando, a relevância e os critérios de avaliação. Estabelece um procedimento que garante a obtenção de informação necessária de modo padronizado aumentando a fidedignidade da informação obtida e permite a criação de um registro permanente e um banco de dados úteis a pesquisa, ao estabelecimento

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