Síndrome da Adolescência Normal
Por: Taila Bertolla • 15/6/2016 • Trabalho acadêmico • 2.164 Palavras (9 Páginas) • 501 Visualizações
Disciplina: Psicologia da Adolescência e Idade Adulta
Professora: Dra. Fernanda Cascaes Teixeira
Curso: Psicologia 2015
Acadêmicas: Keli, Marciane e Taila
- O que é a “síndrome da adolescência normal”?
A Síndrome da Adolescência Normal é um período de oscilações e conflitos que o adolescente vive durante a construção de sua identidade. Essa síndrome é caracterizada por sentimentos confusos e muitas vezes contraditórios considerados normais nessa fase, como por exemplo: a audácia alternada com introversão. Aspectos esses, considerados normais nessa fase para nossa cultura e para a estruturação psíquica do adolescente, pois os sentimentos contraditórios e confusos são provenientes da elaboração do luto da perda do ser criança, das brincadeiras infantis para algo que ainda não sabem lidar muito bem. Então, esse momento de elaboração é necessário e pode-se dizer que é um período de normal anormalidade.
Também ocorrem nessa fase, transformações biológicas que refletem em verdadeiros paradoxos, pois o adolescente está em transição de um corpo infantil para um corpo que já possibilita a procriação e ao mesmo tempo a identidade ainda está na fase da adolescência.
Nesse período são considerados normais os conflitos internos e externos, sentimentos de comoção, lutas e rebeliões externas dos adolescentes devido aos processos de luto anteriormente citados. Toda essa “carga” de conflitos são exteriorizados de acordo com a sua estrutura e experiências, construída no meio sócio-econômico, político e cultural de convivência do adolescente.
Todos os fatores e fenômenos citados são importantes para a construção da identidade saudável, já que a adolescência é processo de desenvolvimento e permitirá posteriormente a integração para a fase adulta de uma forma mais madura, assim como, posteriormente há uma tendência da estabilidade da personalidade.
- Caracterize sinteticamente cada um dos “sintomas” da síndrome da adolescência normal.
As principais características dos 10 sintomas da Síndrome da Adolescência Normal são:
- Busca de si mesmo e da identidade
Esse período é marcado pelo desenvolvimento desde o nascimento, no qual esse processo psicológico permanecerá em mutação até a maturidade, basicamente do “saber quem sou”. Momento em que o adolescente busca uma identidade, passando por várias situações, na qual começam as ansiedades básicas, por motivo de não se sentir preparado para assumir suas responsabilidades como adulto. Nessa fase a evolução da genitalidade para a procriação, evolução libidinal concomitantemente com os tumultuosos processos psicológicos básicos, como dissociação, projeção, introjeção e identificação são fatores considerados essenciais para se chegar no difícil processo de individualização e cristalização da personalidade, através do conhecimento de si próprio, ou autoconceito (ego), como entidade biológica e social.
Essa busca pela identidade é característica de cada momento evolutivo em que preserva aspectos essenciais, mas que possibilita mudanças. Destaca-se as identidades transitórias, entre elas, a busca pela uniformidade, identidade negativa, problemas de pseudo-identidade e identidades circunstanciais. Fase marcada principalmente pela mudança de relação de indivíduo com seus pais, em que a presença concreta dos pais começa ser desnecessária possibilitando o processo de individuação, a busca de si mesmo e da identidade.
- A tendência grupal
Na busca pela identidade, o adolescente inclina para a uniformidade da maior parte dos grupos, podendo lhe oferecer segurança e estima pessoal, ocasionando uma ligação forte, inclusive com regras do grupo. E por outro lado o grupo representa uma identidade diferente às figuras parentais e uma transição necessária para o mundo externo para alcançar a individualização adulta.
Através do grupo é possível experimentar-se nos processos de dissociação, projeções e identificações, recorrendo ao grupo em situações de fracasso de personificação recorrendo ao grupo por não conseguir lidar com as responsabilidades e obrigações que lhes são impostas (estrutura esquizóide). O fenômeno grupal pode desencadear a conduta psicopática normal do adolescente frente a um descontrole pela perda do corpo infantil e também pelo papel infantil que está perdendo, podendo resultar em condutas de desafeto, crueldade, indiferença e falta de responsabilidade com o objeto.
- Necessidade de intelectualizar e fantasiar
Considerados mecanismos defensivos diante de situações de perdas dolorosas, como: renúncia do corpo, ao papel dos pais na infância, bissexualidade que acompanha a identidade infantil enfrentada pelo adolescente como uma situação de fracasso ou impotência frente a realidade externa. Utiliza-se de pensamento para compensar as perdas da infância. Esta fuga de pensamentos permite ao adolescente encontrar-se , onde acontece um reajuste emocional, em que proporciona um momento para refletir remetendo a grandes reformas no mundo exterior, como idéias de salvar a humanidade, movimentos políticos, entre outros. Neste momento começam o interesse por determinados temas de livros, filmes, escrita de versos, contos o qual possa se identificar e compreender.
- As crises religiosas
Caracteriza-se por situações de mudanças frequentes e extremas de ateísmo ou como místico fervoroso. Fase de interrogações (quem é, o que é), marcada por tentativas de soluções da angústia do seu ego na busca de identificações positivas e confronto com a morte (seu próprio ego corporal e perda dos pais). Busca uma saída mágica para essa situação através de uma divindade, frente ao sentimento de impotência absoluta do adolescente.Passar por essas idealizações torna-se necessário a possibilidade de construções de novas e verdadeiras ideologias de vida.
5 – A deslocalização temporal
Pode-se dizer que o adolescente vive uma certa deslocação temporal, convertendo o tempo presente e ativo numa tentativa de manejá-lo. Fase de urgências e enormes e postergações irracionais. As modificações biológicas e o crescimento corporal incontroláveis (vividos como fenômeno psicótico e psicotizante do corpo) juntamente com as ansiedades psicóticas geram crises de ambigüidade em suas atitudes que podem ser observadas na dimensão temporal (dificuldades de diferenciar interno-externo, adulto-infantil, presente-passado-futuro). Como defesas, os adolescentes espacializam o tempo, manejando-o como um objeto, como por exemplo: trancar-se em seu quarto. Esses momentos e atitudes de solidão tornam-se necessários para simbolizar que fora possa ficar o tempo passado, futuro e presente (manejáveis). Para o adolescente nessa fase a noção temporal é o tempo vivencial ou experimental (comer, brincar,dormir, estudar) e a medida que vai elaborando seus lutos típicos dessa fase começa a surgir a conceituação do tempo (mortes dos pais, quando era pequeno,quando for grande). A percepção temporal e a capacidade de conceituar o tempo estão diretamente ligadas na busca pela identidade.
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