Síntese do Livro: A arte de restaurar historias

Síntese do Livro: A arte de restaurar historias

Este livro trouxe uma consciência do que é ser terapeuta, focando na responsabilidade que existe na intervenção clinica, embora tenha sido escrito não somente a psicólogos, mas a todos que gostam de ouvir historia. De certa forma, é muito bom para alunos da Psicologia que estão conhecendo a Gestalt, pois pode oferecer uma introdução sobre as técnicas utilizadas na clinica. É muito bom que pessoas como a autora Jean Clark Juliano compartilhe com a gente sua bagagem de conhecimento e experiências em Gestalt-terapia, sendo ela uma pioneira no Brasil.

A linguagem narrativa dos fatos vivenciados por ela amarra a teoria com a pratica, facilitando a compreensão dos termos técnicos, dando clareza sobre a utilização do referencial teórico da abordagem gestáltica na prática, embora alguns termos são utilizados também em outras abordagens( como sonhos, Outro).

O cliente traz sua história de forma desorganizada e fragmentada e o terapeuta ajuda a clarificar, a fazer novas perspectivas. Através da escuta, de forma atenta e disponível, o cliente já consegue organizar suas percepções e ter algumas awareness que o ajudará a compreender seus dilemas. É importante estar atento às discrepâncias entre a fala e o comportamento do cliente como a postura corporal, o tom de voz, as contradições e expressões não verbais. As queixas trazidas pelo cliente fornecem pistas sobre como surgiram os sintomas, como era o contexto em que os sintomas surgiram e como ele lida com isso.

A autora compartilha os amores e as dores daqueles que alcançam o privilegio de estar em um nível tão alto de intimidade com outra pessoa, mas que somos transpassados também de dilemas que a postura profissional nos exige quando acessamos temas que nos identificamos, quando somos vitimas do nosso próprio saber, entre outros dilemas. É alentador saber que esses dilemas também foram vividos por alguém tão qualificada como ela.

Cada história é única, tem um modo, uma forma e é necessário aprender a identificar isso, pois o terapeuta se torna parte do processo a partir do momento que aceita trilhar junto a história de alguém. Restaurar histórias é uma arte que exige muita cautela, cada historia é nova do ponto de vista fenomenológico, por mais experiência que possamos adquirir precisa ter sempre uma percepção bem aguçada para fazer um bom trabalho. O bom terapeuta ira guiar o cliente para sua autonomia e logo ele seguirá seu caminho.