SINOPSE DO CASE: O CASO LAIS SOUSA
Por: Amanda Santos • 3/10/2018 • Trabalho acadêmico • 2.140 Palavras (9 Páginas) • 613 Visualizações
SINOPSE DO CASE: O CASO LAIS SOUSA[1]
Kelly Amanda da Silva Santos[2]
Caroline Murad Abdalla[3]
- DESCRIÇÃO DO CASO
Foi no dia 27 de janeiro de 2014 que a vida de uma conhecida atleta brasileira mudou. Há exatamente um ano, a ex-ginasta Laís Souza sofreu gravíssimo acidente enquanto se preparava para participar da prova de esqui aéreo nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi. A brasileira se chocou contra uma árvore em Salt Lake City, nos EUA, e teve séria lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cervical – que comprometeu as suas funções motora, sensitiva e autonômica. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos abaixo do pescoço. Como buscar uma maior reflexão e uma maior compreensão acerca da instalação da lesão medular, da repercussão da lesão na identidade do sujeito.
- IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO
2.1 DESCRIÇÃO DAS DECISÕES POSSÍVEIS
- Estratégias de enfrentamento.
- Reabilitação através da natação.
- Apoio de equipe multidisciplinar.
2.2 ARGUMENTOS CAPAZES DE FUNDAMENTAR CADA DECISÃO
a) Estratégias de enfrentamento
A lesão medular é uma agressão à medula espinhal, que pode resultar em perda parcial ou total das funções motoras e/ou sensitiva, comprometendo os sistemas urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e reprodutivo. Esse comprometimento ocorre em consequência da morte dos neurônios da medula e da quebra de comunicação entre os axônios que se originam no cérebro e suas conexões, que compromete a locomoção, ocasionando repouso prolongado, entre outras complicações (BRUNOZI et al., 2011). Medola et al.(2011), diz ainda que a lesão da medula espinhal (LME) é um trauma de impacto físico e social ao indivíduo, sendo considerada uma das mais graves e devastadoras síndromes incapacitantes que pode atingir o ser humano, pois causa falência de uma série de funções, dentre elas a locomoção. A principal causa de LME é o trauma, que acarreta sequelas e profundas modificações na vida de seus portadores, pela paraplegia ou tetraplegia resultante.
É comum que indivíduos que passem por situações que alterem a percepção da sua imagem tenham o conceito de si próprios fragmentado, pois sua vida passou por uma mudança abrupta que exigirá que ele busque a adaptação a esta nova condição. Esse processo de adaptação física e psicossocial é um tanto quanto difícil, porém é importante que o indivíduo se perceba não só como produto decorrente de sua nova condição, mas também como produtor de uma sociedade. E através do movimento de metamorfose individual, poderá romper com a mesmice emancipando-se dos pressupostos sociais e assim, manter-se ativo e atuante na sociedade, gerando mudanças e contribuindo para a inclusão social da pessoa com deficiência. No entanto para que o portador de LME chegue a essa fase de integração, é de grande relevância a estratégia traçada para sua adaptação a esse novo contexto. Nessa perspectiva, cabe salientar a noção de enfrentamento, fortemente articulada com cronicidade e submissão a procedimentos médicos em razão das tarefas adaptativas impostas pelas enfermidades, tais como: lidar com as consequências fisiológicas, por exemplo dor e restrições de movimentos; lidar com o tratamento e ambiente hospitalar; manter equilíbrio emocional e um senso de self, incluindo competência e controle; manter relações com família e amigos e ter prontidão para futuras exigências (PEREIRA; ARAÚJO, 2006).
As sequelas de uma L.M. são inúmeras, em diferentes graduações e de fato não repercutem apenas em um âmbito físico, mas também em um âmbito emocional, ocupacional, social, relacional, valorativo e de auto-percepção. Delisa (1992) afirma que, a reabilitação enquanto processo construtivo de adaptação ao longo da vida, deve ser encarado como único, pessoal, dinâmico e em relação com o meio social. Para que ocorra de fato a reabilitação e a inclusão social, deve haver um movimento bilateral, ou seja, a sociedade deve assumir responsabilidades, aceitar e valorizar as diferenças e o cidadão portador de deficiência, por sua vez, deve se preparar para assumir papéis sociais. Cerezzeti et al.(2012) diz ainda que, a aquisição de limitação física em uma fase do desenvolvimento físico, psíquico e social exige cuidado e atenção aos aspectos emocionais e adaptativos do sujeito. O início da idade adulta pode exigir um maior enfrentamento entre a pessoa e seu meio. A aquisição de deficiência física nesse período desencadeia mudanças bruscas e impactantes, que repercutem em todas as instâncias da vida da pessoa que foi atingida pela lesão. Nesse momento, exige-se que o indivíduo lance mão de recursos disponíveis e adote estratégias de enfretamento no processo de adaptação e elaboração de um novo projeto de vida, que seja coerente com as suas capacidades atuais e que possibilite a restituição de posições anteriores à lesão, ou a conquista de novas posições que ressignifiquem a perda de mobilidade física, de forma que ela possa ser vista como um obstáculo, mas não como desencadeador de estagnação. Segundo Pereira e Araujo (2006), em consonância com o Modelo de Lazarus e Folkman, constatou-se a utilização de mais de uma modalidade de enfrentamento. Ou seja, tanto estratégias comportamentais como cognitivas são adotadas, o que denota a disponibilidade de diferentes recursos por parte dos indivíduos, sendo o enfrentamento a expressão de um conjunto de modalidades, tais como: focalização no problema, pensamento positivo, autoculpa, esquiva, culpabilização dos outros, pensamento desiderativo/fantasioso, busca de suporte social, religiosidade. Que promovem a adaptação em um processo contínuo e diversificado.
b) Reabilitação através da natação.
O tratamento de pessoas com Lesão medular, não pode se restringir apenas a clínica e de forma individual, visto que houve um considerável avanço na medicina e com isso um aumento tanto na expectativa de vida quanto na busca pela qualidade dos tratamentos, que sejam não só terapêuticos, mas também prazerosos. O esporte e o lazer começam a fazer parte do tratamento médico por serem fundamentais no processo de enfrentamento da “desvantagem” pelos deficientes físicos. Os benefícios da prática esportiva para pessoas com LME são: melhora do consumo máximo de oxigênio, ganho de capacidade aeróbica, redução do risco de doenças cardiovasculares e de infecções respiratórias, diminuição na incidência de complicações médicas (infecções urinárias, escaras e infecções renais), redução de hospitalizações, aumento da expectativa de vida, aumento nos níveis de integração comunitária, auxílio no enfrentamento da deficiência, favorecimento da independência, melhora da autoimagem, autoestima e satisfação com a vida e diminuição na probabilidade de distúrbios psicológicos (MEDOLA et al., 2011) .
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