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TITCHENER E A PSICOLOGIA NOS ESTADOS UNIDOS

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Por:   •  11/10/2013  •  3.206 Palavras (13 Páginas)  •  757 Visualizações

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Titchener e a Psicologia nos EUA

A psicologia do século XIX, especialmente como se produzia na Alemanha no final daquele século (centro mundial de produção acadêmica e institucional deste saber nesse período) é completamente diferente do quadro atual da psicologia. Trata-se de uma psicologia que: devota-se à pesquisa pura; toma como objeto de estudo a experiência comum consciente; devota-se a esse objeto através da suspeita de ilusão da experiência comum, problema herdado da física e da filosofia do século XVII, sem buscar naquele momento qualquer forma de ajustamento dos indivíduos.

utiliza nesse exame da experiência subjetiva uma forma particular de introspecção controlada em que os sujeitos teriam que ser mentalmente sãos e treinados para fazer a descrição mais precisa dos elementos básicos dessa experiência comum, as sensações; por conta das exigências do método, não usa sujeitos comuns (muito menos crianças, animais e loucos) – estuda outros psicólogos devidamente treinados na profissão de fé da fisiologia para chegarem aos meandros da experiência mais pura, mais ingênua. (Ferreira e Gutman, 2005).

O projeto de Titchener

Depois de Wundt são inúmeros os autores que tentaram colocar a psicologia no campo apenas das ciências naturais.

Titchener foi principal responsável pela divulgação da obra de Wundt nos Estados Unidos. Ele redefine o objeto da psicologia como sendo a experiência dependente de um sujeito (concebido como puro organismo). Isto significa, como lembra Figueiredo e Santi (2004), que ir além da experiência do sujeito significa a busca de justificativas fisiológicas para os fenômenos da vida mental.

Titchener não nega a existência da mente, mas esta perde sua autonomia: depende sempre e se explica completamente em termos de sistema nervoso. O psicólogo descreve a experiência em termos psicológicos, mas a explica em termos emprestados de uma ciência natural.

Um dos equívocos cometidos com mais frequência nos textos de história da psicologia é a afirmação de que Wundt seria, ao lado de Titchener, um dos principais representantes do estruturalismo.

Titchener fundou o estruturalismo, e embora tenha sido colaborador de Wundt em Leipzig, ele construiu sua própria concepção de psicologia, que em muitos aspectos se distanciou do pensamento wundtiano. A divergência fundamental está na própria concepção de objeto e método da psicologia. Para Titchener, a psicologia é fundamentalmente o estudo da consciência através da introspecção. E tudo o que não puder ser relacionado com os elementos estruturais da consciência não deve ser considerado assunto da psicologia. (Araújo, 2005)

Figueiredo e Santi (2004) destacam que uma lição importante que se pode tirar da relação entre Titchener e Wundt é que Wundt, ao procurar ser fiel a concepção da psicologia como ciência intermediária, mete-se em uma grande enrascada metodológica. Titchener, ao contrário, tornou a “encrenca” metodológica muito menor quando colocou a psicologia totalmente subordinada ao campo das ciências naturais. Mas isso a custo de uma redução de alcance e de interesse para as suas propostas.

Titchener foi um defensor do elementarismo e do associacionismo. Os objetivos últimos de sua psicologia elementarista eram a análise e decomposição dos processos psíquicos conscientes em seus elementos mais básicas (estruturas fundamentais) e a descoberta dos seus mecanismos associativos subjacentes. Já em Wundt, a análise era apenas um meio de se alcançar a meta principal da psicologia, que era a descoberta das leis universais da vida psíquica em todas as suas manifestações. Wundt acreditava que a psicologia associacionista era incapaz de explicar a dimensão afetiva (sentimentos) e volitiva (vontade) da vida mental.

Demarca-se na virado do século XIX para o século XX, em uma continuidade à teoria darwinista, uma psicologia interessada na adaptação, evolução e variação das atividades mentais. Contudo ao longo da história, conforme demonstra Ferreira e Gutman (2005), esse modelo se dissemina, transcende os seus movimentos originais e se dissolve no campo psicológico, dando a uma expressiva parte desse campo sua feição atual enquanto saber voltado para as práticas de ajustamento.

Especialmente em meados do século XIX, assiste-se nos Estados Unidos a um galopante processo de urbanização que se expande da costa leste em direção à oeste (por meio do avanço industrial e de uma série de transformações institucionais, como a expansão do sistema escolar). Esse processo demarcou uma série de novos ajustes, exames e controles sobre o indivíduo. É nesse contexto que a psicologia passa a ter um papel ativo, classificando, selecionando e ajustando os indivíduos a esses novos espaços – as escolas e as fábricas.

A divisão social do trabalho, que se consolidou no século XIX, originada nas fábricas é explicada pela necessidade de fiscalizar, hierarquizar e disciplinar os trabalhadores, delegando a estes funções cada vez mais distanciadas dos meios e do processo de produção como um todo. (Zanella, 1999)

É no avanço da modernidade que o sistema universitário americano se expande. Em certas áreas como a filosofia e as ciências humanas, implicou a adoção de novos modelos e paradigmas , como os evolucionismos darwinista e spenceriano; conduzindo a circulação de novos conceitos como adaptação, função e equilíbrio na constituição de novas áreas e na abordagem de velhos problemas, como o do conhecimento humano. (Ferreira e Gutman, 2005).

Essa expansão universitária levou à constituição de novas e importantes universidades, como a Chicago e a de Columbia, sedes do movimento funcionalista. Segundo Ferreira e Gutman (2005), é nesses centros e em outras universidades mais tradicionais, como a de Harvard, que esses novos conceitos serão vigorosamente utilizados, não apenas visando estudar processos naturais como a evolução e adaptação dos organismos, mas especialmente promovê-los nos finos ajustes e controles do mundo moderno em expansão.

Nesse processo, alguns psicólogos começaram a se destacar em centros isolados e com diferentes relações com a matriz alemã. Um primeiro grupo, claramente representado pelo inglês Edward Titchener (1867 – 1927) na Universidade de Cornell, aportava nos Estados Unidos (no seu caso em 1892), visando trazer a boa nova da psicologia alemã. No entanto, “Titchener será uma voz praticamente isolada no contexto da psicologia americana, pregando no deserto do novo mundo.” (Ferreira e Gutman, 2005, pág. 123)

Um segundo grupo de psicólogos genuinamente americano, como Granville Stanley Hall, James Mckeen Cattel

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