TRANSEXUALIDADE E MERCADO DE TRABALHO: O PRECONCEITO ENFRENTADO NA BUSCA PELA ACEITAÇÃO
Por: luã rocha de sousa • 17/8/2020 • Monografia • 7.516 Palavras (31 Páginas) • 244 Visualizações
TRANSEXUALIDADE E MERCADO DE TRABALHO: O PRECONCEITO ENFRENTADO NA BUSCA PELA ACEITAÇÃO ¹
Andressa Marçal Rodrigues 2
Luã Rocha de Sousa Mello 2
Cristiane Rose Méra 3
Resumo
A partir da apresentação dos conceitos de gênero e transexualidade, bem como das definições de preconceito existentes atualmente, o artigo apresenta algumas reflexões acerca da relação entre transexualidade e preconceito existente no mercado de trabalho assim como suas implicações para a inserção do publico trans nesse segmento. O presente trabalho se vale também da revisão da literatura para analisar o quadro de exclusão social vivido pelas pessoas transexuais e o quanto tem prejudicado esse grupo na luta pelos seus direitos fundamentais como o direito a vida, liberdade e igualdade perante a sociedade. Através da pesquisa bibliográfica pretendeu-se dar visibilidade as dificuldades que esse segmento sociocultural encontra frente ao mercado de trabalho e assim discutir ações de políticas públicas que possam promover seu acesso à capacitação, ao emprego, fortalecendo sua aceitação social pela sociedade.
Palavras-chave: Transexualidade. Preconceito. Discriminação. Mercado de Trabalho.
Abstract
Based on the presentation of concepts of gender and transsexuality, as well as definitions of prejudice, the article presents some reflections about the relationship between transsexuality and prejudice in the labor market, as well as its implications for the insertion of the trans public in this segment. The present work also draws on the literature review to analyze the social exclusion lived by transsexual people and how much it has affected this group in the fight for their fundamental rights as the right to life, freedom and equality before society. Through the bibliographical research it was intended to give visibility to the difficulties that this socio-cultural segment faces in the labor market and thus discuss actions of public policies that can promote their access to training, employment, strengthening their social acceptance by society.
Keywords: Transsexuality. Preconception. Discrimination. Job Market.
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¹ Artigo apresentado para a disciplina de final de curso Produção Avançada de Trabalho Acadêmico – UNESA/Psicologia – Campus Sulacap.
² Aluno do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá.
³ Professora do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá. Mestre em Psicologia Social e Personalidade pela UFRJ.
- INTRODUÇÃO
A falta de oportunidades no mercado de trabalho aliado ao preconceito e a não aceitação, tem dificultado a obtenção dos direitos fundamentais como liberdade, igualdade e tem sido um obstáculo na inclusão do transexual no meio social e principalmente na busca por emprego.
Mesmo diante de uma maior propagação e popularização da população trans, a sociedade continua engessada no binarismo masculino/feminino. Segundo Silva e Cerqueira-Santos (2014), parece que uma das grandes dificuldades na vivencia da identidade de gênero na maioria de travestis e transexuais seria o enfrentamento da estereotipia de gênero, do estigma e do preconceito da condição de sujeito desviante em relação a sexualidade, além da falta de suporte e amparo social por parte da maioria dos grupos aos quais estes indivíduos integram. Diante de tais fatores, estes sujeitos seriam consequentemente considerados “anormais”, o que leva a uma repercussão negativa na identidade deste grupo, pois muitos (as) querem ser reconhecidos (as) enquanto mulheres (no caso de trans femininas) ou como homens (no caso de trans masculinos).
A construção da identidade de qualquer individuo passa pela vivencia com outros significantes durante seu processo de desenvolvimento. Essa rede de apoio é mais que fundamental para a proteção da vida humana e normalmente é composta pela família, amigos, colegas de trabalho e comunidade que proporcionam o apoio necessário para enfrentar as situações consideradas adversas e promover ambientes adequados para o desenvolvimento. Para Paludo e Koller (2004), o apoio social se configura enquanto um dos fatores de proteção de maior influencia positiva no desenvolvimento do ser humano, sendo avaliado como referente a relação que o sujeito estabelece com o sistema social ao qual participa e ao grau em quem as relações interpessoais atendem a determinadas necessidades ou funções, havendo neste o compartilhamento de informações, a diminuição ou abafamento dos efeitos do estresse, o auxilio em momentos de crise, enfermidades, como também nas diversas situações que requerem ajustamento social.
Em nosso país, o espaço reservado a homens e mulheres transexuais, e a travestis, é o da exclusão extrema, sem acesso a direitos civis básicos, sequer ao reconhecimento de sua identidade. São cidadãs e cidadãos que ainda têm de lutar muito para terem garantidos os seus direitos fundamentais, tais como o direito a vida, ameaçado cotidianamente.
O objetivo desse estudo é elucidar os conceitos de gênero e transexualidade, conceituar o preconceito relacionando-o com o tema proposto e compreender como esses fatores externos tem contribuído para o aumento da intolerância, do preconceito contra o publico trans e a complexidade em se estabelecer no meio social como individuo que é com todos os seus direitos e deveres.
- CONCEITOS DE GÊNERO E TRANSEXUALIDADE
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é um desejo de viver e ser aceito como um membro do sexo oposto, usualmente acompanhado por uma sensação de desconforto ou impropriedade de seu próprio sexo anatômico e um desejo de se submeter a tratamento hormonal e cirurgia para tornar seu corpo tão congruente quanto possível com o sexo preferido.
O DSM-V classifica como Disforia de Gênero, dizendo que é um indivíduo que busca ou que passa por uma transição social de masculino para feminino ou de feminino para masculino, o que, em muitos casos (mas não em todos), envolve também uma transição somática por tratamento hormonal e cirurgia genital. O termo atual é mais descritivo que o termo anterior transtorno de identidade de gênero, do DSM-IV, e foca a disforia como um problema clinico, e não como identidade por si própria. Butler et al. (2009 apud NETO; VIEIRA, 2013) afirma que o diagnóstico de TIG enquadra o indivíduo como doente e anormal acarretando sofrimento, pois considera que o sujeito está associado a valores ou significados negativos. Independente da orientação sexual ou gênero escolhido pelo individuo (a), a sociedade tem se mostrado cada vez mais intolerante com esse grupo minoritário e cerceado os seus direitos fundamentais como liberdade, igualdade e segurança. Bento (2012), discorre um pouco mais sobre o tema gênero:
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