Teoria Das Inteligencias Multiplas
Casos: Teoria Das Inteligencias Multiplas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 12/4/2013 • 1.591 Palavras (7 Páginas) • 798 Visualizações
A Teoria
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para
o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite
aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação.
Sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de inteligência, que
focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner
a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver
problemas.
Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu
colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da
simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita
que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida
com símbolos linguísticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner uma
criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria
de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra
(o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o
desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e
expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural,
e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de
desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras
áreas ou domínios (Malkus e col., 1988). Num plano de análise psicológico, afirma
Gardner (1982), cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio; num
plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de
competências valorizadas em culturas específicas.
Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de
forma horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas
verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória,
talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado,
em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não
necessariamente uma relação direta.
As Inteligências Múltiplas
Gardner identificou as inteligências lingúística, lógico-matemática, espacial,
musical, cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Postula que essas
competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites
genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos
cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados
de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e
organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas
e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo
ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente.
Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos
as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por
exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a
destreza da cinestésica.
Inicialmente foram apresentadas sete tipos de inteligência, e hoje aceita-se de maneira
mais abrangente as oito, que são descritas a seguir:
1. Lingüística: facilidade na escrita, na fala e na poesia;
2. Lógico-Matemática: voltada para a construção lógica e cartesiana, e a
facilidade com os números e operações matemáticas;
3. Espacial ou Abstrata: capacidade de visualizar e projetar abstrações tendo em
vista traduzir em desenhos e projetos;
4. Corporal Cinestésica: facilidade com o uso e a atuação de seu próprio físico,
inclusive para os esportes;
5. Musical: capacidade e facilidade de tocar instrumentos, aprender melodias, e
expressar-se;
6. Intrapessoal: facilidade em lidar consigo mesmo, entender-se como pessoa e
aceitar-se;
7. Interpessoal: capacidade de lidar com outras pessoas, de relacionar-se, fazer
amizades e conquistar adeptos e liderados;
8. Naturalista: facilidade em entender o mundo, o meio ambiente e lidar com a
fauna e a flora.
Inteligência Linguística
Os componentes centrais da inteligência linguística são: sensilibidade para os sons,
ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes
funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar,
estimular ou transmitir idéias.
Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas.
Em criança, esta habilidade manifesta-se através da capacidade para contar histórias
originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
Inteligência Lógico- Matemática
Os componentes centrais desta inteligência são: a sensibilidade para padrões, ordem
e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através
da manipulação de objetos ou símbolos, é a habilidade para lidar com séries de
racíocinios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência de matemáticos
e cientistas.
Inteligência Espacial ou Abstrata
É a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de uma forma precisa. É a
habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e a partir das percepções
iniciais criar tensão, equilíbrio e composição numa representação visual ou espacial.
É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos.
Em crianças, o potencial espacial nesta inteligência é percebido através da habilidade
para quebra-cabeças e outros jogos espaciais, é a atenção para detalhes visuais.
Inteligência Cinestésica
Esta inteligência refere-se à habilidade para resolver problemas ou criar produtos
através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação
grossa ou fina em artes cénicas ou plásticas, no controle dos movimentos do corpo e
na manipulação de objetos com destreza.
A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica move-se com graça e
expressão a partir de estímulos musicais ou verbais, demonstra uma grande habilidade
atlética ou uma coordenação fina e apurada.
Inteligência Musical
Esta inteligência manifesta-se através de uma habilidade para apreciar, compor ou
reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber
temas musicais, sensibilidade para ritmos, textura e timbre, e habilidade para produzir
e/ou reproduzir música.
A criança com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu
ambiente e, frequentemente, canta para si mesma.
Inteligência Intrapessoal
É a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para os
discriminar e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento
de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para
formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para
funcionar de forma efectiva.
Como essa inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos
sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através das manifestações
linguisticas, musicais ou cinestésicas.
Inteligêcia Interpessoal
Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade para entender e resolver
adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas.
Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e
vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal
manifesta-se em crianças na habilidade em distinguir pessoas, e na sua forma mais
avançada, na habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para
reagir apropriadamente a partir dessa percepção.
Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para
liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis as necessidades e
sentimentos de outros.
Inteligência Naturalista
Esta inteligência foi acrescentada as setes anteriores por Howard Gardner em 1996.
É a capacidade de reconhecer e de classificar, de identificar formar e estruturas da
natureza, sob as suas formas mineral, vegetal ou animal. Ela está particulamente
desenvolvida nos naturalistas, que sabem reconhecer e classificar as plantas e os
animais; em todos os que se interessam pelo funcionamento da natureza, do biólogo
ao psicológo, do sociólogo ao astrônomo.
Reconhecem-se nos que sabem organizar dados, seleccionar, reagrupar, fazer listas;
nos que são fascinados pelos animais e os seus comportamentos, que são sensíveis
ao seu ambiente natural e às plantas; nos que procuram compreender a natureza;
nos que se apaixonam pelo funcionamento do corpo humano, que tem uma boa
consciência dos fatores sociais, psicológicos e humanos.
O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS
Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade
de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos
possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas
as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será
determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições
ambientais. Ele propõe, ainda, que cada uma destas inteligências tem sua forma
própria de pensamento, ou de processamento de informações, além de seu sitema
simbólico. Estes sistemas simbólicos estabelecem o contato entre os aspectos básicos
da cognição e a variedade de papéis e funções culturais.
A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua
definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos
que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns
talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que
cada cultura valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de
indivíduos e, depois, passados para a geração seguinte.
Segundo Gardner, cada domínio, ou inteligência, pode ser visto em termos de uma
seqüência de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios
mais básicos em todas as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de
maior trabalho ou aprendizado.
A seqüência de estágios se inicia com o que Gardner chama de habilidade de
padrão cru. O aparecimento da competência simbólica é visto em bebês quando
eles começam a perceber o mundo ao seu redor. Nesta fase, os bebês apresentam
capacidade de processar diferentes informações. Eles já possuem, no entanto, o
potencial para desenvolver sistemas de símbolos, ou simbólicos.
O segundo estágio, de simbolizações básicas, ocorre aproximadamente dos dois aos
cinco anos de idade. Neste estágio as inteligências se revelam através dos sistemas
simbólicos. Aqui, a criança demonstra sua habilidade em cada inteligência através da
compreensão e uso de símbolos: a música através de sons, a linguagem através de
conversas ou histórias, a inteligência espacial através de desenhos etc.
No estágio seguinte, a criança, depois de ter adquirido alguma competência no uso
das simbolizacões básicas, prossegue para adquirir níveis mais altos de destreza
em domínios valorizados em sua cultura. À medida que as crianças progridem na
sua compreensão dos sistemas simbólicos, elas aprendem os sistemas que Gardner
chama de sistemas de segunda ordem, ou seja, a grafia dos sistemas (a escrita,
os símbolos matemáticos, a música escrita etc.). Nesta fase, os vários aspectos da
cultura têm impacto considerável sobre o desenvolvimento da criança, uma vez que ela
aprimorará os sistemas simbólicos que demonstrem ter maior eficácia no desempenho
de atividades valorizadas pelo grupo cultural. Assim, uma cultura que valoriza a música
terá um maior número de pessoas que atingirão uma produção musical de alto nível.
Finalmente, durante a adolescência e a idade adulta, as inteligências se revelam
através de ocupações vocacionais ou não-vocacionais. Nesta fase, o indivíduo adota
um campo específico e focalizado, e se realiza em papéis que são significativos em sua
cultura.
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