Texto Psicologia Teorias Psicanaliticas
Por: psicounifac • 12/10/2023 • Dissertação • 880 Palavras (4 Páginas) • 82 Visualizações
Adriano Soares
ATIVIDADE DISSERTAÇÃO TRANSFERÊNCIA
O relato que segue foi retirado de um estudo de caso sobre a transferência erótica no setting psicanalítico, onde se explica que "após as entrevistas iniciais, foi estabelecido com o paciente de que o tratamento a seguir seria a psicoterapia breve, sendo ela constituída por 12 sessões de 50 minutos cada." (SILVA,2015).
Rafael, 23 anos, buscou atendimento em um ambulatório de Psicologia por solicitação de sua mãe, com a queixa de falta de atenção. Na fase inicial do tratamento - psicoterapia breve - percebeu-se que a desatenção relatada se referia àquilo que fugisse ao seu foco, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal/emocional. O paciente, entretanto, não aceitou que seu problema pudesse ter origem emocional, uma vez que ele focava sua atenção em questões específicas de maneira a não entrar em contato com pensamentos, sentimentos e emoções que pudessem gerar angústia, passando a demonstrar resistência ao tratamento.
O paciente relatou ser filho único e que, apesar dos pais serem casados, vivem em cidades diferentes por questões profissionais e por isso ele tem muito mais proximidade com a mãe, de quem é o centro das atenções, considerando o pai como ausente. Essa dinâmica familiar aponta para a triangulação edípica em que o pai, ausente, leva o filho a assumir seu papel. A mãe superprotetora, entretanto, gera sentimentos de raiva, levando o paciente a afetos ambivalentes com relação a seus pais.
Quando tais elementos surgem em análise, o paciente começa a apresentar sinais de transferência erótica, numa clara tentativa de seduzir a terapeuta, fazendo comentários de cunho pessoal e sexual, como em relação ao fato de ela ser "novinha", falando que o sorriso dela se parece com o de atrizes famosas ou mesmo afirmando que ela gostaria de ter um namorado como ele. Trata-se de um direcionamento, para a terapeuta, dos afetos eróticos primários em relação à figura materna, revelando a resistência ao tratamento por meio dessa transferência.
Torna-se claro um mal-estar da terapeuta, no sentido contra transferencial, dificultando seu raciocínio clínico, uma vez que as investidas do paciente a transformavam não apenas na figura materna, mas em objeto de amor. Por tratar-se de uma psicoterapia breve (12 sessões de 50 minutos), buscou-se não centralizar o tratamento na transferência, pois o manejo da transferência demanda tempo, compreendendo-se que o tempo do paciente e do analista são distintos e que um manejo inapropriado ou inadequado pode ameaçar o aparelho psíquico do paciente. Buscou-se uma dinâmica em que o paciente pudesse compreender que essa transferência se referia à repetição de protótipos infantis. Assim, apesar da figura paterna evocada na terapeuta para delimitação de papéis a serem assumidos, o relacionamento com a mãe passou a ser o foco das sessões.
Este tipo de transferência foi nomeado por Freud em A Dinâmica da Transferência (1912) como transferência erótica, quando o vínculo transferencial assume um caráter sexual, em que o analisando apresenta uma inclinação amorosa em relação ao analista, fruto de impulsos amorosos reprimidos na infância. Esse modelo de relação tende a ser repetido ao longo da vida, não só com a figura do analista, mas com qualquer pessoa com quem este sujeito venha a se relacionar.
Em Recordar, Repetir e Elaborar (1914), Freud explica essa repetição que se apresenta sob condições de resistência durante a transferência:
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