Trabalho Jogo das Cores Proibidas - UNIP
Por: jrbeltramini • 22/11/2020 • Trabalho acadêmico • 2.692 Palavras (11 Páginas) • 980 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
JOSÉ RICARDO BELTRAMINI DE MELO T499IC-5
6º SEMESTRE NOTURNO
22B7 – Atividades Práticas Supervisionadas
CAMPUS RIBEIRÃO PRETO - SP
NOVEMBRO de 2020
JOSÉ RICARDO BELTRAMINI DE MELO
Estudo de caso: aplicação do “Jogo das Cores Proibidas” de Lev Vygotsky
Texto apresentado para a disciplina de Atividades Práticas Supervisionadas de código 22B7 do Curso de Psicologia no Instituto de Ciências Humanas, campus Ribeirão Preto.
RIBEIRÃO PRETO – SP
NOVEMBRO DE 2020
Introdução e Desenvolvimento Teórico:
Como proposta para desenvolvimento da disciplina “Psicologia sócio-interacionista” (J10B) o trabalho discorre sobre a análise de uma aplicação do jogo “Jogo das Cores Proibidas” desenvolvido por Lev Vygotsky. Contanto, é necessário a apresentação de parte de seu desenvolvimento teórico para dar sentido à aplicação e interpretação do jogo com a criança. Devido as circunstâncias contemporâneas, o relatório de observação consistirá em uma aplicação do jogo gravada, editada e postada no Youtube.
Lev Vygotsky (1986 – 1934) foi um psicólogo e crítico literário russo entre os séculos XIX e XX. É atribuído a ele a consolidação do campo da psicologia histórico cultural. Através de seu ofício e de seus estudos, foi responsável por consolidar uma prática e teoria da psicologia enquanto uma ciência natural e humana, atribuindo o caráter de ciência experimental, assim como o caráter filosófico a ela. Com isso, pesquisou em diversos campos diversificados, passando pela linguagem, escrita, pensamento, memória, atenção, aprendizado e percepção, atrelando uma análise dialética e social inspirada no materialismo histórico-dialético de Marx.
Para adentrarmos à análise da aplicação do jogo no relatório, se faz necessário entender algumas fundamentações teóricas nas quais a ideia do “Jogo das Cores Proibidas” é arquitetada. Portanto, apresentaremos uma síntese a respeito de pensamento, linguagem e o significado das palavras. Em um segundo momento, como a aprendizagem e o desenvolvimento nos seus mais variados sentidos, passando então para pensar no papel do brinquedo, da memória e atenção para a criança.
Como o objetivo do relatório permanece na aplicação do jogo desenvolvido por Vygotsky em uma criança, recortaremos suas elaborações para a compreensão das características obtidas na aplicação do jogo, sendo assim, pensaremos nos conceitos situando-os para o sujeito-objeto. Temos, assim, a conceituação de pensamento enquanto um processo verbal que compreende uma linguagem racionalmente estruturada. É a partir da elaboração dessa forma de pensamento que o nosso sujeito pode ser considerado um sujeito sócio-histórico, pois a linguagem fara o intermédio do seu pensamento. Ao pensarmos o significado das palavras, e consequentemente da linguagem, nesse contexto, entende-se que é no significado possível de ser atribuído as palavras que o processo verbal ocorre, pois o movimento de atribuir um significado à palavras específicas estamos formando um pensamento, o qual é o responsável por conceder o caráter social da linguagem, promovendo o intercâmbio de experiências e relações.
Com relação a aprendizagem e desenvolvimento, onde há uma relação intrínseca entre os dois processos, onde a aprendizagem que promove a sucessão de processos internos do desenvolvimento psicológico, constituindo assim um espaço de transição entre um e outro. Tal área de transição é o que o autor desenvolve enquanto conceito de zona de desenvolvimento proximal, onde entende-se a distância entre o desenvolvimento sem a interferência de outro – o desenvolvimento real – com o desenvolvimento potencial, onde necessita-se de ajuda para alcança-lo. É na zona de desenvolvimento proximal que se encontra o processo fundamental para Vygotsky, pois enfatiza a importância das relações sociais para formar um processo de crescimento das funções psicológicas. Podemos, assim dizer que é através da interação entre sujeito e ambiente social que é possível haver a construção das facetas do desenvolvimento.
O desenvolvimento psicológico se dá em determinadas esferas, sendo elas o desenvolvimento cultural, o desenvolvimento instrumental e o desenvolvimento histórico. O desenvolvimento instrumental está relacionado ao manejo da linguagem, a capacidade de desenvolver instrumentos para a comunicação. Tendo a cultura como aquilo que o cerca, o indivíduo através da interação social desenvolve formas de se relacionar com a sociedade que o cerca. Para complementar o caráter histórico-cultural do indivíduo para Vygotsky, o desenvolvimento histórico se característica pelo constante aprendizado e aperfeiçoamento dos desenvolvimentos culturais que o indivíduo adquire ao longo de sua vida, assim como determinados conteúdos que são transmitidos pela sociedade para a criança que correspondem a todo um universo de sentido construído por essa sociedade.
A relação do brincar envolve a utilização de aparatos simbólicos, portanto a atividade do brincar envolve realizar relações sociais e simbólicas, ou seja, promovem o desenvolvimento psicológico da criança. Assim, podemos pensar na brincadeira enquanto um mecanismo para a criança manifestar suas atividades de desenvolvimento. Em partes, a atenção adquire um aspecto similar do brincar, uma vez que é uma categoria ontológica do indivíduo, mas que se transforma através das relações sociais que o indivíduo encontra. A atenção passa a ser seletiva, na medida que é direcionada a certos aspectos ou elementos específicos. Por fim, a memória é também uma categoria inata, onde Vygotsky apresenta a bipartição entre memória natural e memória mediada. A memória natural não apresenta mediadores, ou seja, não detém relações com os signos, com as palavras e com a linguagem, enquanto a memória mediada é determinada por ser uma mediadora entre o pensamento, signo, com o mundo social.
Materiais e Método:
O método utilizado consiste na aplicação do “Jogo das cores proibidas”, realizando as explicações das regras do jogo de forma prévia, conferindo se elas foram compreendidas pelo sujeito. Os materiais do jogo são caracterizados por oito cartões nas cores: azul, vermelho, verde, amarelo, alaranjado, marrom, branco, preto. Todos os cartões contêm as medidas de 2,5 centímetros de largura e 5 centímetros de comprimento e há a criação prévia de um roteiro de perguntas.
As regras do jogo consistem em pedir à criança que responda a um conjunto de questões relativas a cores, seguindo dois tipos de instruções: não mencionar duas cores estabelecidas no início como proibidas; não repetir cores que já tenham sido mencionadas no decorrer da tarefa. Vence o jogo quem obedecer rigorosamente às duas regras acima: responder as 18 questões sem falar as cores proibidas e sem repetir as cores já faladas. A criança deve ser orientada a responder “eu não posso falar essa cor”, para as situações em que ela seja proibida ou repetida. As três tarefas devem ser aplicadas individualmente numa única vez.
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