Trabalho da Disciplina Rede Territorial de Atenção Psicossocial e a Intersetorialidade
Por: Mariana Hofer • 25/10/2020 • Resenha • 1.689 Palavras (7 Páginas) • 211 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Resenha Crítica de Caso
Mariana Hofer Marçal Ferreira
Trabalho da disciplina Rede Territorial de Atenção Psicossocial e a Intersetorialidade
Tutor: Prof. Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho
São Paulo
2020
A CURA ATRAVÉS DO HOMOR: MISTURANDO SAÚDE MENTAL, HUMOR E NEGÓCIOS
Referência:
HILL, Paul J. A cura através do humor: misturando saúde mental, humor e negócios. School of Business, outubro/2013. Disponível em: http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/Acervo/Basico/PG0074/Biblioteca_40414/Biblioteca_40414.pdf. Acesso em 17/10/2020
Introdução
O presente caso tem por objetivo relatar o trabalho do canadense Ian Morrison, fundador da Cura Através do Humor (HTH), uma fundação sem fins lucrativos em Regina, Saskatchewan, que se dedica a ensinar stand-up comedy a pessoas portadoras de transtornos mentais.
Desenvolvimento
Pesquisas da Associação Canadense de Saúde Mental (CMHA) indicam que vinte por cento dos canadenses será acometido por alguma doença mental durante sua vida, porém uma parte significativa dessas pessoas não busca ajuda devido ao estigma envolvido, resultando na ausência de diagnóstico e tratamento desses indivíduos, o fato do público em geral não ter acesso às informações e não compreender as doenças mentais torna este cenário ainda mais preocupante, pois fortalece o estigma, segregando ainda mais essas pessoas.
Ian Morrison compreende muito bem esse desafio, pois sofreu de uma doença mental durante toda sua vida, porém foi devido a uma dessas dificuldades que um professor da universidade sugeriu que se inscreve-se em um programa de artes de apresentação de stand-up comedy, Morrison aceitou a sugestão e posteriormente se formou na Humber College off Comedy Wrinting and Performance em Toronto, Ontário. Após se formar, Morrison refletiu sobre suas experiências e decidiu retornar a Regina, Saskatchewan, sua cidade natal, com a intenção de se dedicar a mudar as percepções do público em relação às doenças mentais. Para atingir seu objetivo, conseguiu o patrocínio da CMHA e da Sociedade de Esquizofrenia de Saskatchewan (SSS), além de atrair a atenção da mídia. Em 2009 fundou a Cura Através do Humor (HTH), uma escola de stand-up comedy voltada para pessoas com doenças mentais, sua ideia era utilizar o humor como recurso de promoção de saúde e através das apresentações dos alunos, aproximar o público pela ótica da arte.
A principal atividade da escola era um programa de ensino de escrita e apresentação de stand-up comedy, o foco era fornecer uma válvula de escape aos seus alunos, no intuito de reduzir o stress, aumentar sua autoestima, adquirir habilidades para lidar com a doença e um senso de controle através do riso e discussões em grupo. Outro grande desafio ao qual a HTH se dedicava era reduzir os estigmas públicos, preconceito e a discriminação com a saúde mental através das apresentações.
Para a viabilização desse projeto a escola oferecia aulas semanais, realizadas em um espaço doado no escritório da SSS e contava com um pequeno financiamento da CMHA para despesas de funcionamento da turma de stand-up comedy. Despesas associadas às apresentações exigiam uma captação extra de recursos, o que era um desafio permanente para a HTH.
O financiamento das apresentações vinha exclusivamente da venda dos ingressos, o lucro era dividido entre os participantes que haviam se apresentado, o valor arrecadado possibilitava apenas uma quantia simbólica aos participantes, mas como a maioria tinha uma renda muito pequena, esta quantia conseguia ajuda-los de alguma maneira, porém não sobravam recursos financeiros para realizar o marketing da escola e de suas apresentações, diante dessa situação Morrison concentrou sua atenção em aumentar a frequência do público nas apresentações como principal meio para gerar recursos.
O perfil dos alunos da HTH consistia em pessoas portadoras de transtornos mentais que estivessem estabilizados, com desejo de combater o estigma associado à doença mental e dispostos a aprender e desenvolver habilidades sociais. Mas se por um lado a angustia deste estigma foi o que movimentou a idealização da escola, este mesmo estigma é a razão da baixa procura pelas aulas oferecidas na HTH, o que não desanimou Morrison, que diante desse cenário colocou como meta aumentar o número de alunos em cinquenta por cento, pois acredita que existem muitas pessoas que a HTH poderia beneficiar, mas que por algum motivo não conseguem chegar até a escola. Embora a HTH não seja uma instituição de saúde, ela possui um ambiente acolhedor e possibilita a experiência de troca de experiência entre seus alunos, o que os auxilia a lidar com sua doença de forma mais leve.
Todo o material ofertado nas aulas era desenvolvido por Morrison e juntos os alunos traziam novos conteúdos e preparavam suas apresentações, que num primeiro momento eram realizadas entre eles para que pudessem praticar antes de se apresentar para o público. A HTH realizava quatro apresentações por ano, a divulgação era feita através do site da escola e cartazes.
Essas apresentações abertas ao público eram parte fundamental do processo de cada indivíduo envolvido, as aulas tinham a intenção de ser uma experiência de transição segura para aquelas pessoas que se sentiam segregadas da sociedade devido a sua doença mental, propiciava momentos de partilha de ideias, histórias e experiência, além de garantir sua expressividade. O momento da apresentação tirava o aluno de sua zona de conforto, colocando-o de frente para um público que não fazia parte do seu cotidiano, mas este enfrentamento se dava em um ambiente controlado, ainda como parte do grupo, oferecendo segurança e repertório para lidar com as experiências do dia-a-dia com maior autonomia e protagonismo.
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