Transtorno Dismorfico Corporal

TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL E SUA RELAÇÃO COM AS MÍDIAS SOCIAIS

 

LARISSA PRADO TOURINÃN MENDES

LAURA CARVALHO NASCIMENTO DOS SANTOS

THAMIRES DA SILVA FARIAS

 

 

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo relatar a ligação entre o Transtorno Dismórfico Corporal com as mídias sociais. Para isso, foram descritos os principais conceitos do TDC seus critérios diagnósticos, assim como uma breve introdução ao conceito de mídias sociais e padronização dos corpos. Para alcançarmos o objetivo, utilizamos o método de Análise de Conteúdo de Bardin aplicada em comentários e posts nas mídias sociais, mais precisamente no Instagram. Após a análise desse material se constatou que alguns dos usuários desta rede utilizam edições deliberadamente em suas fotos, de modo que se perpetue um padrão, que muitas vezes se mostra irreal. Foi observado frequente comparação entre os usuários da rede, que constantemente comparavam a si mesmos com figuras públicas que utilizam dos recursos como edições no Photoshop, cirurgias plásticas e procedimentos estéticos invasivos para alterarem a sua imagem. Concluímos que alguns perfis da rede podem conter gatilhos e as mídias sociais devem ser utilizadas com responsabilidade.

Palavra-chave: Transtorno Dismórfico Corporal, Mídias Sociais, Anorexia, Bulimia, Instagram, Transtornos Alimentares, Internet.

ABSTRACT

This article aimed to report the link between Body Dysmorphic Disorder and social media. For this, the main concepts of BDD and its diagnostic criteria were described, as well as a brief introduction to the concept of social media and standardization of bodies. To achieve the goal, we used Bardin's Content Analysis method applied to comments and posts on social media, more precisely on Instagram. After analyzing this material, it was found that some of the users of this network deliberately use edits in their photos, so a pattern, which often proves unreal, is perpetuated. Frequent comparisons were observed between network users, who constantly compared themselves with public figures who use resources such as Photoshop editing, plastic surgery and invasive aesthetic procedures to change their image. We conclude that some profiles on the network may contain triggers and social media must be used responsibly.

Key Words: Body Dysmorphic Disorder, Social Media, Anorexia, Bulimia, Instagram, Eating Disorders, Internet.

 

INTRODUÇÃO

O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno relacionado à insatisfação com a autoimagem e a autoimagem distorcida, onde a pessoa que sofre não se vê satisfeita com o seu corpo e, com isso, submete-se a vários procedimentos estéticos e cirúrgicos para chegar a um objetivo maior, que nunca é alcançado (NEVES, 2020).

Nos dias atuais, as mídias sociais são meios de comunicação, vastos, abrangentes e significativos mundialmente, ocupando e exercendo um papel importante nos aspectos sociais e individuais na vida da maioria das pessoas. Desta forma, aquilo que é exposto nas mídias se faz igualmente importante. Assim, as notícias, as tendências e a moda que circulam por elas tem uma forte influência na vida de quem acessa os meios sociais (NEVES, 2020).

Com as redes sociais o transtorno anteriormente citado se mostra mais comum, através de tentativas de esquivas sociais e camuflagem, por exemplo, com roupas, maquiagem, filtros e edições (BONFIM; NASCIMENTO; BORGES, 2016).

As mídias sociais têm uma certa relação com o Transtorno Disfórmico Corporal, pois é por meio delas que a maioria das regras e padrões corporais a serem seguidos são ditados. Esses padrões se mostram majoritariamente inacessíveis. Desta forma, alguns dos seus usuários tendem a buscar incessantemente “o padrão ideal” a qualquer custo, seja por validação através de mais curtidas, mais visualizações ou por mais popularidade. As consequências desta relação são ansiedade, estresse, depressão, entre outros (NEVES, 2020).

O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) pode ser definido como aquele relacionado à "preocupação excessiva” com a aparência, os critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM 5 são:  preocupação com um defeito imaginado na aparência, e mesmo que haja um mínimo defeito, a preocupação é extremamente acentuada; sofrimento significativo e/ou prejuízo no funcionamento da vida do indivíduo; não deve ser confundido com Anorexia e Bulimia. Enquanto nesses transtornos, a preocupação é com o tamanho ou forma do corpo como um todo, no TDC se refere a uma ou mais partes do corpo como: nariz, boca, queixo, seios, cabeça, cabelo, pernas, quadris, entre outras (APA, 2014).

As preocupações se agravam mais frequentemente em situações sociais no qual o indivíduo se sente exposto, e acaba por adotar comportamentos de esquiva social e tentativas de camuflagem (com maquiagem, filtros, photoshop, roupas, gestos). Há também outros comportamentos característicos, como evitar espelhos, comparar-se com outras pessoas, pedir reafirmações sobre o defeito, realizar cirurgias plásticas e tratamentos estéticos a fim de “corrigir” tais imperfeições, alguns desses comportamentos, acabam por se tornar rituais, os quais passam a prejudicar as atividades cotidianas dos indivíduos, impactando abruptamente em suas vidas. Sem tratamento médico e psicológico, o TDC persiste pode persistir por anos, sendo caracterizado como um transtorno crônico e perigoso, com riscos de suicídio e com comorbidade com outros transtornos (MORYANA; AMARAL, 2007).

Alguns estudos de prevalência indicam que pelo menos de 1 a 6% da população possuem critérios diagnósticos para TDC, dependendo do método adotado, assim como identificou-se que 16% dos pacientes em atendimento psiquiátrico, preenchem critérios do DSM-V para TDC, há prevalência de 14% dos pacientes que procuram atendimento dermatológico, não obstante continua a ser um fenômeno psicológico pouco estudado e não reconhecido na prática médica (BRITO, 2018).

O objetivo geral do artigo foi compreender a relação das mídias sociais com o TDC e as formas de manutenção deste transtorno, também descrevemos os objetivos específicos, como por exemplo, o TDC e seus principais conceitos, seus critérios de diagnósticos e por fim analisamos a relação das mídias sociais com o transtorno. A motivação para escrever este artigo surge a partir da análise das numerosas edições utilizadas pelos usuários do Instagram e pelos comentários gerados pelas imagens compartilhadas. O aumento significativo de exigências por corpos perfeitos, rostos padronizados foram tópicos que chamaram a nossa atenção para a dissertação deste artigo científico.