Técnicas Projetivas: A entrevista de anamnese

SILVA, M.A. & BANDEIRA, D.R.. A entrevista de anamnese. In: HUTZ, C. S. e COLS, Psicodiagnóstico. Porto Alegre/RS: Artmed, 2016.

As autoras iniciam o capítulo nos informando quão necessário é a entrevista de anamnese, que nada mais é que uma extensa entrevista que tem como objetivo investigar de forma cronológica o paciente afim de coletar todos os dados dele para que assim possamos relacionar sua queixa atual com seu histórico de vida. Esse tipo de entrevista é, na maioria das vezes, realizada em forma de entrevista semiestruturada. Em casos de crianças, a anamnese é realizada com seus pais ou responsáveis. Com adolescentes, pode ser feita com o próprio paciente ou com seus pais ou responsáveis em momentos diferentes. E com adultos, desde que não haja nenhum quadro psicopatológico, também é realizada com o próprio paciente. Antes de iniciarmos esse tipo de entrevista, é muito importante criarmos uma relação de confiança com o paciente ou seus responsáveis e tomarmos cuidado para que estejamos sempre atentos as falas e respostas do paciente. Este é o momento em que nós criamos uma imagem do paciente, e isso pode ou não mudar quando nos encontrarmos com ele de fato ou durante as sessões de atendimentos. Como o tempo para a anamnese não é tão extenso, algumas informações podem não ficar tão claras assim por motivos de esquecimento, omissões ou distorções, como citam as autoras, então é necessário que retomemos algumas informações conforme vamos atendendo aquele paciente. O registro dessa entrevista é algo muito importante e devemos de alguma forma fazê-lo. Temos a opção de anotar enquanto o paciente vai nos contando e de realizar gravações, porém neste último devemos ter autorização do avaliando.

Devemos nos lembrar que a anamnese não segue uma única estrutura e que essa estrutura varia de acordo com a faixa-etária do paciente a ser atendido. Também não há uma regra sobre quantas sessões se deve fazer uma anamnese, porém costumamos usar em torno de uma sessão, e, dependendo do tanto de informações do paciente, até duas sessões.

As autoras citam alguns aspectos importantes a serem abordados na entrevista de anamnese e dependendo da faixa-etária essas questões podem ser adaptadas. Essas são: A) evolução da queixa, B) histórico de tratamentos de saúde atuais e pregressos; C) uso de medicamentos; D) efeitos do problema sobre o funcionamento psicossocial do paciente no momento atual; e E) percepção do examinando em relação à queixa.

Ao realizar uma anamnese de criança a história detalhada sobre o pré e perinatal e sobre os desenvolvimentos daquela criança são essenciais para uma análise completa do quadro. Com adolescentes devemos levar em conta sua fase de puberdade e realizar uma análise breve de sua infância. Nestes devemos focar na socialização, relacionamentos, sexualidade, histórico escolar e problemas presentes na vida do adolescente. Devemos focar também em sua relação com os pais ou responsáveis por ele, e com irmãos, amigos, etc. Já na anamnese com adultos, as autoras citam Hutteman, Hennecke, Orth, Reitz e Specht (2014), que propõem 5 pontos em que devemos centrar. São eles: 1. relacionamento íntimo; 2. vida familiar; 3. vida profissional; 4. vida social e 5. alterações físicas. As autoras também abordam a questão de fontes complementares