Uma razão para viver às várias formas de vivenciar o Luto e como a Teoria Psicanalítica ajudou a entender o que acontecia com a protagonista
Por: Patricia Rodrigues • 29/5/2018 • Resenha • 752 Palavras (4 Páginas) • 289 Visualizações
- Introdução
O objetivo desse trabalho foi observar no filme CAKE – “Uma razão para viver” às várias formas de vivenciar o Luto e como a Teoria Psicanalítica ajudou a entender o que acontecia com a protagonista.
- Avaliação
O filme conta a história de Claire Simmons que é uma mulher traumatizada, depressiva, de meia idade, bem sucedida que sofre com a perda de seu filho, morto em um trágico acidente de carro. E, buscando uma razão para continuar viva, procura ajuda em um grupo de apoio formado por pessoas que sofrem de dores crônicas. Sua vida amorosa se desfez com o episódio do acidente, ficando assim sob os cuidados de sua empregada, Silvana. A relação das duas se estabelece numa espécie de simbiose, tomando um caminho em que vínculos empregatícios se confundem com a amizade. Claire e Silvana são tão próximas que a empregada a ajuda constantemente a conseguir remédios controlados, pois Claire é dependente de analgésicos que momentaneamente aliviam suas dores físicas. O filme acompanha o cotidiano de Claire, que sofre diariamente com dores físicas e psíquicas, essas sim as mais brutais. Claire ao se olhar no espelho, a propósito coisa que faz com certa frequência, não mais se percebe, ficando atrelada apenas às cicatrizes deixadas pelo acidente. Vê ainda uma mulher derrotada que não consegue encarar sua vida e sim um reflexo distorcido de uma vida que um dia foi satisfatória. O filme mostra também o dia a dia de uma mulher que sobreviveu fisicamente a uma tragédia, mas psicologicamente ainda está presa em um limiar entre a vida e a morte.
Segundo Bowlby (1985) o processo de luto por definição é um conjunto de reações diante de uma perda. O autor refere-se às quatro fases do luto:
1- Fase do choque; 2- Fase do desejo e busca da figura perdida; 3- Fase de desorganização e desespero e 4- Fase de alguma organização. O luto está inserido na vida de Claire no que podemos chamar de terceira fase, onde se manifesta a desorganização e desespero. Nessa fase pode haver ainda a sensação de que nada mais tem valor, muitas vezes acompanhada de um desejo de morte, pois a vida sem o outro não vale a pena.
A experiência que Claire vivenciou foi como se uma parte dela também tivesse morrido, esta deve ser pelos fortes vínculos afetivos estabelecidos. A perda e sua elaboração são elementos contínuos no processo do desenvolvimento humano. Mortes abruptas, inesperadas são mais difíceis de serem elaboradas, pois não ocorreu uma “preparação”. Nestes casos, é possível surgirem sentimentos de culpa muito fortes, pelo fato dela não ter morrido e estar junto no acidente. O luto saudável é aquele que ocorre a aceitação da modificação do mundo externo, ligada à perda definitiva do outro e como consequência modificação do mundo interno e reorganização dos vínculos que permanecerem.
- Considerações Finais
No filme Cake, podemos concluir através da Teoria Kleiniana (1981) que a relação do processo do luto se estabelece nos estágios inicias do desenvolvimento infantil, mais precisamente com a fase depressiva. As flutuações entre a posição depressiva e a maníaca fazem parte do desenvolvimento. No processo normal do luto, o sujeito reintrojeta e reinstala a pessoa perdida, são assim como pais amados, que são objetos internos “bons”. No caso da perda, o individuo sente que o seu mundo interno foi destruído. Ela não consegue elaborar o luto, provalmente na infância não conseguiu estabelecer os objetos internos “bons” e não se sente segura no mundo.
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