Unidades Funcionais de Luria - Breve Resumo
Por: Fabiano Banach • 26/5/2016 • Resenha • 1.490 Palavras (6 Páginas) • 3.654 Visualizações
Revisão de Literatura – Unidades Funcionais de Luria
Este trabalho tem como objetivo fazer um breve apontamento dos estudos de Luria em Neuropsicologia, destacando as 3 Unidades Funcionais. Veremos também como este autor foi o maior responsável pelo triunfo dos localizacionistas sobre os não localizacionistas.
O interesse do homem pelo cérebro é antigo, relatos apontam que a 7.000 anos atrás a trepanação já era feita. Esta prática consistia em fazer orifícios em crânios de indivíduos vivos com a finalidade de aliviar dores, transtornos mentais ou até mesmo dar um meio de fuga para os “maus espíritos”. Mas foi somente na Grécia antiga com Hipócrates (469-379 a.C.) que iniciou-se a relação entre o encéfalo e a inteligência. É intrigante pensar que o Homo Sapiens demorou mais de 100 mil anos para começar a ter este entendimento. Mas isso ainda não impediu que ideias exóticas surgissem, como o caso do eminente filósofo e matemático René Descartes (1596-1650) que acreditava ser a mente humana relacionada com uma entidade fora do corpo (a alma).
Posteriormente os estudos do cérebro continuaram a ocorrer e surgiu uma corrente de pensamento – o localizacionismo – onde Franz Gall (1757-1828) foi o maior expoente. Este autor afirmava que o cérebro era constituído por 35 regiões, das quais eram responsáveis por todas as faculdades mentais e as emoções. Marie-Jean-Pierre Flourens foi o primeiro (1823) a contrapor Gall, concluindo que não existiam regiões cerebrais responsáveis por comportamentos específicos. Sua teoria ficou conhecida como teoria do “Campo Agregado”. Posteriormente, Wernicke e Broca produziram estudos importantes também num ponto de vista não localizacionista.
Mas foi com Alexander Ramanovich Luria (1902-1977) que este debate começou de fato a tomar um rumo consensual. Com seus estudos, concluiu que as funções superiores funcionam em sistemas funcionais complexos, onde várias áreas do cérebro funcionam como uma espécie de concerto musical, cada parte contribuindo para algo mais global. Fundamentou sua teoria usando 3 unidades funcionais principais, estas responsáveis por todas as atividades mentais, cada uma interagindo com outra. Outro ponto a destacar é que as áreas mais complexas do cérebro – as zonas terciárias - exercem um controle sobre as zonas primárias e secundárias.
É interessante acrescentar que Luria afirmava que as atividades mentais mais simples e elementares não tinham natureza apenas biológica, mas também condicionadas pela cultura do sujeito, suas interações e crenças. (Sacks, 2008, p. 9-10). O ponto principal de toda teoria de Luria consiste nas 3 principais unidades funcionais, e aqui cabe uma breve explicação sobre cada uma delas.
A primeira unidade funcional é responsável por regular o tono, a vigília e os estados mentais do indivíduo. Os processos de excitação que ocorrem no córtex desperto obedecem a uma lei de intensidade, segundo a qual, todo estímulo forte evoca uma resposta forte, e tampouco o estímulo fraco acarreta uma resposta fraca. As estruturas que regulam o tono cortical estão localizadas no sub córtex e no tronco cerebral. Lesões nessas áreas do cérebro geram diminuição pronunciada do tono cortical, fadiga, sono, estados acinéticos, por vezes, estado de coma. A formação reticular, que é uma estrutura constituída por uma rede nervosa de neurônios interconectados situada no tronco cerebral que gera impulsos gradativos que modulam a atividade cortical. A formação reticular forma dois sistemas um ascendente e outro descendente. O ascendente manda estímulos da periferia para o sistema nervoso central e o descendente faz o caminho oposto. Suas ações ativadoras e inibitórias são ditas como não específicas, isso é, afetam todas as funções sensoriais e motoras de maneira igual.
A segunda unidade funcional é a unidade destinada a receber, analisar e armazenar informações. Esta unidade localiza-se nas regiões laterais do neocórtex sobre a superfície convexa dos hemisférios, regiões posteriores do córtex ocipital (visual), temporal (auditiva) e parietal (sensorial geral). Essa estrutura é formada por neurônios isolados que se situam nas partes determinadas do córtex. Não atuam de acordo com o princípio de alterações graduais, e sim obedecendo à regra do "tudo ou nada", recebendo impulsos individualizados e transmitindo-os a outros grupos de neurônios. Os neurônios dessa unidade possuem grande especifidade modal, ou seja, recebem informações por modalidades: visuais, auditivas, vestibulares ou sensoriais.
A terceira unidade funcional, responsável pela programação, regulação
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