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Violência nas escolas: causas e consequências

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Por:   •  25/11/2014  •  Tese  •  1.495 Palavras (6 Páginas)  •  465 Visualizações

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Violência nas escolas: causas e consequências

Alunos desmotivados pelas perspetivas de desemprego. Visão negativa da escola. Responsabilidade social, punições individuais. Professores crispados pelas políticas educativas. São estas as principais causas da indisciplina e da violência nas escolas.

Andreia Lobo

16-04-2008

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"Há um contexto favorável à ocorrência de rebeliões", diz Manuel Matos, investigador e docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade do Porto. A violência na escola é um assunto "velho" com uma nova visibilidade.

"Boa parte dos alunos problemáticos não esperam nada da escola, estão lá apenas porque não têm outras alternativas e são forçados a isso", reflete Manuel Matos. "A família obriga e o Estado não apresenta alternativa em termos de programas de trabalho."

Para o investigador, os fenómenos de indisciplina ou violência são gerados coletivamente. A turma constitui um coletivo. E portanto, "é difícil identificar quem é o responsável". Embora o ato de indisciplina apareça encabeçado, "o protagonista não é necessariamente o principal responsável pela cena, porque a responsabilidade gera-se num contexto coletivo", alerta Manuel Matos.

Responsabilidade coletiva, sanções individuais?

Mas se a responsabilidade é coletiva, a sanção é normalmente individual. "Quando a opinião pública, os jornais e as autoridades responsáveis exigem a punição, evidentemente que o fazem em nome da exemplaridade do castigo, portanto, isso aponta para o ‘bode expiatório'", afirma o investigador. Resumindo: alguém tem de ser responsável porque não se pode punir a turma inteira.

"Há um conflito entre a pedagogia e a lei." A escola deveria reger-se por princípios pedagógicos e não jurídicos, diz Manuel Matos, no entanto "as autoridades tendem a socorrer-se de mecanismos jurídicos porque supõem que na origem destes incidentes estão fenómenos sociais e não pedagógicos".

Ao mesmo tempo, critica o investigador, e "hipocritamente" recusa-se a responsabilidade social por este cenário e apontam-se os sujeitos individuais ou a sua família. "É um problema de difícil solução porque a causalidade está num contexto que vai para além da responsabilidade individual", conclui o investigador.

Sem motivação para o estudo

"Há um clima incontrolável" que, para Manuel Matos, encontra acolhimento nos contextos sociais e está na base da indisciplina. "Os alunos muitas vezes dizem que a escola é boa, as aulas é que são uma seca", esta distinção prova que "o tempo de ócio é cada vez mais significativo na vida da escola e a apetência para estudar menor". Acresce que, "com o desemprego e a ameaça de ir fazer coisas que ninguém quer, os alunos perdem a razão do trabalho escolar, ou seja, do estudo".

Por outro lado, sendo uma boa parte dos alunos, atualmente no 3.º ciclo e ensino secundário, oriundos de famílias com escolaridade máxima de 6.º ano, não dispõem em casa de uma cultura escolar acentuada, diz Manuel Matos. A uma certa distância escolar, por parte da família, soma-se a falta de motivação em termos de utilidade do estudo. O resultado: a escola passa a ser valorizada com base na socialização horizontal, do gozo e da fruição. Desvaloriza-se a sua função educativa.

Os alunos não têm motivações para se dedicarem aos estudos, mas a escola exige cada vez mais deles. Seja com os exames nacionais, os rankings ou os professores a serem avaliados pelas notas que dão aos seus alunos. "Cria-se uma dinâmica contraditória e um clima constrangedor que gera a rebelião", afirma Manuel Matos.

"Não se pode esquecer que os jovens estão numa fase de expansão da sua natureza, a adolescência, uma altura em que a disciplina é o pior", recorda o investigador. Quanto mais se reprime, maior a apetência para a explosão.

O medo substitui a relação pedagógica

Para Manuel Matos, a cobertura dada ao fenómeno está a criar, em torno da questão da indisciplina e violência escolar, uma dinâmica de natureza repressiva, que supõe o desenvolvimento de sentimentos negativos, como o medo, como forma de substituir a relação pedagógica.

"O pânico vem do facto de a escola ser vista como uma preparação para a vida, e logo, uma péssima preparação se não exerce as suas funções", então, refere Manuel Matos "por um lado, está o escândalo que é a violência na escola e, ao mesmo tempo, o pânico que é uma sociedade mal acautelada na sua fase de preparação".

No entanto, alerta o investigador, "é preciso perceber que já não estamos no tempo em que só se admitia na escola quem vinha com a educação familiar resolvida". Manuel Matos entende o recurso à violência "como uma situação que vem na sequência de um destino trágico que é o facto de estes alunos não terem um projeto". Neste sentido, "a escola deveria, prioritariamente, tomar conta destes alunos, num sentido positivo, e não responsabilizar as famílias que muitas vezes também são marginais".

No geral, por mais debates e programas televisivos que se façam sobre esta matéria, o essencial é não perder de vista que "os atores da violência são muito mais vítimas do que autores", até porque, frisa Manuel Matos, "ninguém nasce vocacionado para a violência".

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