A DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO DE SAÚDE – DOENÇA: EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS NO CONTEXTO BRASILEIRO
Por: l.abilio • 28/11/2022 • Ensaio • 2.255 Palavras (10 Páginas) • 118 Visualizações
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Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Humanas
Departamento de Serviço Social
DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO DE SAÚDE – DOENÇA: EXPRESSÕES CONTEMPORÂNEAS NO CONTEXTO BRASILEIRO
Saúde da mulher que realiza aborto induzido
Lissa Araujo Abílio Pereira
Brasília
Novembro/2022
INTRODUÇÃO
Desde as concepções primitivas até as atuais, as pessoas produziram e acumularam várias formas de conceituar a saúde. Será levada em consideração a concepção de saúde fundada no materialismo histórico dialético; o ser humano será entendido como um ser que produz em sociedade e que impõe sua vontade sobre a natureza de forma teleológica, como proposto na bibliografia obrigatória da disciplina. Essa concepção demonstra a determinação social e precisa analisar o modo de produção para que haja uma compreensão correta.
O ser humano não faz apenas aquilo que há como possibilidade para seu gênero, como os demais animais não humanos. O ser humano não tem as possibilidades e os limites impostos pela natureza dadas e determinadas. Quando o ser humano atua sobre a natureza para produzir sua existência, ele cria novas condições de existência e novos meios de produzir novas condições de existência, isso faz com que ele crie novas necessidades e, assim, torne mais complexa essas condições. Essas produções são possíveis através da divisão social do trabalho, e isso faz com que todos tenham à disposição o que uma pessoa isolada não conseguiria. O humano retira da natureza sua sobrevivência e, intencionalmente, a modifica e a subordina aos seus designes, produzindo seus meios de sobrevivência
De acordo com Garcia, a saúde constitui condição de “máximo desenvolvimento das potencialidades do homem, de acordo com o grau de avanço obtido pela sociedade em um período histórico determinado” (Garcia, 1989, P. 103). Os “determinantes sociais de saúde” constituem o que os humanos necessitam para se objetivarem, como por exemplo: alimentos, moradia, educação, meio ambiente, transporte, serviços de saúde, hábitos ou estilos de vida, entre outros. Segundo a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (2008), esses determinantes estão vinculados aos comportamentos individuais, às condições de vida e trabalho e a macroestrutura econômica, social e cultural. E os “fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população” (Buss; Pellegrini Filho, 2007, P.).
Por trás das de práticas como tabagismo ou sedentarismo, há uma construção social baseada na lógica de uma cultura hegemônica. Os comportamentos de riscos acontecem subordinados nos limites imposto pelo modo de vida de vários grupos sociais. Por causa disso, voltado para a melhoria da saúde, existem propostas de intervenção como: preocupação com mudanças nas normas de cultura, ações educativas em massa, acesso a alimentos saudáveis, à água limpa, a esgoto, à habitação, a emprego seguro, à ambientes de trabalho saudáveis, serviços de saúde e de educação de qualidade, espaços públicos para prática de esportes, entre outros. A doença acontece de modo diferente em diferentes sociedades, em diferentes classes e estratos de classes sociais, mesmo tendo semelhanças biológicas entre os corpos das pessoas que as compõem. Nisto está a determinação social da saúde. No presente ensaio crítico busca mostrar uma das expressões contemporâneas da determinação social no processo de saúde e doença: a saúde da mulher que faz aborto induzido.
DESENVOLVIMENTO
Há uma polarização quanto a questão da descriminalização do aborto no Brasil. Os dois lados têm argumentos para defenderem o que defendem, porém, muitas vezes parece ser deixado de lado pelo grupo que defende que o aborto deva ser tratado como uma questão de saúde, a saúde da mulher pós aborto e não somente no momento do aborto ou ao ter que criar um filho indesejado. É visto essa determinação social da saúde no cenário onde a mãe é obrigada a ter que criar um filho quando a vontade da mulher não era essa e é levado em consideração a questão econômica da mãe, por exemplo. Porém, é muitas vezes ignorado os efeitos “colaterais” que um aborto induzido pode trazer à mulher, e aqui não se fala do aborto inseguro, mas do seguro, visto que a bibliografia do ensaio é composta por pesquisas onde a mulher fez o aborto induzido de forma segura.
Começando com os efeitos no corpo da mulher, estes podem ser: perfuração do útero, se o aborto for realizado pelo método de sucção; ruptura do colo uterino; histerectomia (remoção do útero devido a complicações severas); hemorragia uterina (que também pode ser causada por pílulas abortivas); inflamação pélvica; infertilidade; gravidez ectópica; parto futuro prematuro; aborto incompleto (quando não é possível remover completamente a placenta do útero, podendo levar à infecções graves); comportamento autopunitivo; transtorno alimentar; embolia pulmonar; e insuficiência cardíaca. Alguns métodos específicos aumentam as consequências do aborto: 20 a 30% dos abortos realizados por sucção ou dilatação fetal e curetagem reduzem a fertilidade e a reprodução da mulher. Após o procedimento de aborto, a busca por consultas médicas por causas físicas aumenta em 80%. Além disso, por causa do aborto provocado, o risco de abortos espontâneos nas próximas gestações é dez vezes maior. Os futuros filhos das mulheres que fizeram abortos correm maior risco de nascerem com deficiência por causa dos danos cervicais uterinos.
O aborto está diretamente ligado ao câncer de mama. Um estudo feito no Irã, com outros realizados nos Estados Unidos, China e Turquia; demonstra que o aborto é uma das principais causas do câncer de mama. Em 2007, Patrick Carroll do Pension and Population Research Institute realizou uma pesquisa chamada “A Epidemia do Câncer de Mama” e demonstrou que o aborto é a principal causa desta enfermidade. O aborto induzido duplica a possibilidade do câncer de mama. Uma mulher com menos de 32 anos que aborta na primeira gravidez tem 140% a mais de chance de desenvolver câncer de mama, em relação a que não fez aborto. A Dra. Angela Lanfranchi, uma das principais especialistas em câncer de mama nos Estados Unidos, conduziu uma revisão sistemática em 28 estudos em todo o mundo abordando o tema. O LifeSiteNews analisou 14 estudos científicos sobre e descobriu que, na média geral, os estudos apontam que a experiência do aborto pode aumentar em 439% o risco de câncer de mama. Outra análise foi feita pelo Dr. Yubei Huang, foram avaliadas 36 pesquisas científicas sobre a relação entre câncer de mama e aborto na China. Os resultados foram publicados na revista Cancer Causes and Control.
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