A Sociologia Rural
Por: Gean Welisson • 9/12/2018 • Trabalho acadêmico • 2.112 Palavras (9 Páginas) • 252 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Gean Welisson da Silva Souza
CULTURA E ETNOCENTRISMO
Feira de Santana-Bahia
2018
Gean Welisson da Silva Souza
CULTURA E ETNOCENTRISMO
Docente: Prof. Pratícia Navarro
CULTURA E ETNOCENTRISMO
Muitas das vezes as pessoas atribuem cultura à conhecimento de algo, estudo, conhecimento de política, da economia e literatura e se a pessoa não tem o conhecimento é ignorante. Muita das vezes usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, sendo atribuído a livros, controle de informações, títulos universitários, como se fosse algo medido.
Mas na verdade não é nada disso, muito pelo contrário, cultura é uma palavra usada para classificar grupos sociais, pessoas. Muitas tradições que ainda são mantidas são consideradas da idade da pedra pela sociedade, por conta de não falar a língua oficial de determinado lugar, ou não vestir mesmas roupas, até mesmo não vestir roupas. A sociedade estabelece um “padrão” de pessoa, de como ele deve ser, como se portar diante da sociedade, e o que estiver fora desse “padrão” é considerado antigo, fora de época.
Cultura não é simplesmente uma marca da hierarquia de civilização mas a maneira de viver de um determinado grupo, sociedade, país ou pessoa. Ela é um mapa, um código através do qual as pessoas de um grupo pensam, classificam, e modificam a si mesmas.
Com a cultura as pessoas podem desenvolver relações entre si, porque a cultura “estabeleceu” normas do que dizem respeito aos modos “apropriados” de comportamento diante de certas situações. Mas a cultura não é algo que se escolhe, o indivíduo já nasce no meio com a cultura introduzida, já pré-determinado, pois cultura não é individual, que pode ser modificada por um indivíduo, a cultura é do grupo social onde ele vive. Todas formas culturais ou todas as “sub-culturas” na maioria das vezes tem um ponto que marca, que não pode ser substituído por outra cultura. Existem gêneros de cultura que são diferentes em modo de agir, pensar e atuar, com isso, sempre temos contato com outros comportamentos, modos de agir, pensar, que são diferentes dos nossos, tendemos a classificar a diferença hierarquicamente, que é uma: forma de excluí-la. Outro modo de enfrentar a diferença entre culturas é tomar a diferença como um desvio, deixando de ser “original” e tornando outra coisa. Temos como exemplo o carnaval como algo desviante de uma festa religiosa, fazendo com que esquecemos totalmente da parte religiosa.
A cultura é um bom instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades. Mas é importante ressaltar que a medida que os indivíduos de uma região evoluem, mudem, a cultura do meio também acompanha. A cultura permite uma visão mais consciente de nós mesmos, porque não há homens sem cultura e assim permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de lado hierarquias em que inevitavelmente existiram sociedades superiores e inferiores.
Segundo Roberto da Matta: A cultura permite traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim fazendo, resgatar a nossa humanidade no outro e a do outro em nós mesmos. Num mundo como o nosso, tão pequeno pela comunicação em escala planetária, isso me parece muito importante.
Segundo Roque de Barros Laraia um dilema que permanece como o tema central de numerosas polêmicas, apesar de Confúcio ter, quatro séculos antes de Cristo, enunciado que "A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados". Esses hábitos fazem parte da cultura, que pessoas antigas já se preocupavam com isso.
Heródoto disse: “Se oferecêssemos aos homens a escolha de todos os costumes do mundo, aqueles que lhes parecessem melhor, eles examinariam a totalidade e acabariam preferindo os seus próprios costumes, tão convencidos estão de que estes são melhores do que todos os outros”. Isso significa que todos indivíduo quando “avalia” outra cultura, ele toma como base a sua, fazendo julgamentos precedido de seus atos, costumes, crenças.
Tácito também não teve um pensamento diferente de Heródoto, quando escreveu sobre as tribos germânicas. Ele disse: “Por tudo isso, o casamento na Alemanha é austero, não há aspecto de sua moral que mereça maior elogio. São quase únicos, entre os bárbaros, por se satisfazerem com uma mulher para cada. As exceções, que são extremamente raras, constituem-se de homens que recebem ofertas de muitas mulheres devido ao seu posto. Não há questão de paixão sexual. 0 dote é dado pelo marido à mulher, e não por esta àquele”. Ele fala sobre o casamento, pois na cultura dele os homens tinham várias mulheres, não se casavam apenas com uma. Diferente dos germânicos que se casavam com uma só mulher, como eles poderiam se contentar com apenas isso.
Marco Polo, o legendário viajante italiano que visitou a China e outras partes da Ásia, entre os anos 1271 e 1296, assim descreveu os costumes dos tártaros: “Têm casas circulares, de madeira e cobertas de feltro, que levam consigo onde vão, em carroças de quatro rodas... asseguro-lhes que as mulheres compram, vendem e fazem tudo o que é necessário para seus maridos e suas casas. Os homens não se têm de preocupar com coisa alguma, exceto a caça, a guerra e a falcoaria... Não têm objeções a que se coma a carne de cavalos e cães, e se tome o leite de égua... Coisa alguma no inundo os faria tocar na mulher do outro: têm extrema consciência de que isto é um erro e unia desgraça”... Pode-se observar que os costumes dos tártaros são diferentes dos italianos, suas casas, o que as mulheres fazem, o papel do homem na família, tudo diferente.
Em todas citações acima existe a presença de divergências entres culturas, e isso não é uma situação atual apenas, desde a antiguidade é comprovado vários costumes, várias crenças, várias culturas, e que cada indivíduo de certa cultura achava seus costumes corretos, e estranhavam os outros.
É muito comum ouvir falar também do determinismo biológico, que tal individuo pertence a uma raça, ou herdou características de seus antecessores, podemos citar: brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses. E na verdade isso não está certo, diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Segundo Felix Keesing, "não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado". Em outras palavras, pode-se pegar uma criança recém-nascida no Brasil e levar para os Estados Unidos, ela crescerá como tal e não se diferenciará mentalmente em nada de um americano.
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