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A maternidade virou objeto de consumo

Por:   •  1/6/2017  •  Artigo  •  560 Palavras (3 Páginas)  •  231 Visualizações

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A MATERNIDADE VIROU OBJETO DE CONSUMO

 -- Filho é muito bom, e se não fosse tão caro, eu já teria tido uns cinco.

Fiquei admirada com as palavras da apresentadora Adriane Galisteu, visivelmente “no céu” em todas as fotos nas quais aparece com seu rebento no colo.

Se filho é caro para a Adriane, imagine para a Juliene, que trabalha lá em casa e, sozinha, lavando chão de casas alheias, cria quatro...

Sim, eu sei que a vida está cada vez mais cara, que os colégios estão pela hora da morte, os planos de saúde, a comida, o curso de inglês...

Mas se a coisa parasse por aí, criar filho não estaria se transformando numa missão quase impossível: o negócio é o shopping, os presentes sem data marcada ou motivo, as férias com viagens obrigatórias para o exterior ou as colônias de férias, as festas de aniversário em clubes, as milhares de fotos e gravações de vídeo com cenas que dificilmente serão vistas depois, as coleções de tênis e mochilas, as roupas de grife, o balé, a natação, o Kumon e todas as outras mil atividades que vêm fazendo das crianças seres estressados antes do tempo, os telefones celulares e computadores de última geração... o consumismo, incentivado pelos país, que acabam fazendo dos filhos uma vitrine para mostrar seu poder de compra ou uma válvula de escape para compensar as próprias frustrações.

Sou do tempo em que, na Páscoa, a gente ganhava um ovo só. No Natal, alguns poucos presentes já eram o bastante para fazer a alegria geral. Não tinha essa de presente fora de época: era Natal, aniversário e dia da criança. Como os shoppings não existiam, a gente brincava mais e consumia menos. As férias eram época de brincar, de ficar em casa, de visitar as tias na cidade grande por uns dias.

Criar filho era mais simples, e talvez todos fossem mais felizes justamente porque as ansiedades, expectativas e obrigações dos pais eram menores, o que fazia dos filhos pessoas mais fáceis de agradar e com mais educação.

Outro dia vi “Os bebês”, um documentário que mostra o primeiro ano de vida de quatro crianças: uma dos EUA, uma de Tóquio e outras duas da Mongólia e da Namíbia, respectivamente.

Tudo lindo, mas o que realmente encanta no filme é o modo extremamente simples, livre e natural como as mães da Mongólia e da Namíbia criam seus meninos. Há um momento em que um galo entra no quarto e sobe em cima da cama onde o bebê está dormindo, e passeia em volta dele.

Coisa impensável para nós, tanto quanto para a mãe americana e a japonesa, que já no parto demonstram todas as preocupações e paranóias que hoje fazem parte dessa coisa tão natural da vida, que é parir e criar um filho: seja da sala de parto, equipadíssima, onde a criança dorme entubada, às roupinhas da moda e aos cursos (certamente caríssimos) para que as mães aprendam a falar a língua de seus filhos e criar intimidade com eles, a vida moderna, tecnológica e avançada que temos nos grandes centros urbanos servem mesmo é para fazer da criança, da maternidade e da relação mãe/filho uma mercadoria a mais.

Por isso é que a Adriane Galisteu acha que filho é coisa tão cara ao bolso.

Não é não, Adriane. Filho é coisa cara ao coração. O resto é consumismo e vaidade em estado bruto.

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