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O CUIDADO DO IDOSO COM ALZHEIMER: Considerações sobre o trabalho do assistente social em equipe multidisciplinar.

Por:   •  21/6/2019  •  Artigo  •  4.350 Palavras (18 Páginas)  •  389 Visualizações

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O CUIDADO DO IDOSO COM ALZHEIMER: considerações sobre o trabalho do assistente social em equipe multidisciplinar.

Gabrielle Alves de Oliveira

Marlene de Jesus Silva Santos

Resumo

O artigo apresenta impressões sobre a utilização de instrumentais técnico-operativos pelo serviço social no trabalho com idosos acometidos pela doença de Alzheimer e seus familiares cuidadores, potencializando espaços de participação e acesso à informação, utilizando como lócus de observação o Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Palavras-chave: Cuidadores, Serviço Social, Idoso.

Abstract

The article presents the use of technical Instrumental by social workers with older people affected by the Alzaimer disease and their family caregivers, enhancing opportunities for participation and access to information using observation on the Medical Center for Elderly in University of Brasília Hospital (HUB).

Keywords:, Caregivers, Social Service, Old-aged

Introdução

A experiência de acompanhar o trabalho do assistente social com idosos no Centro de Medicina do Idoso (CMI) que funciona no Hospital Universitário de Brasília (HUB) motivou os apontamentos hora apresentados neste artigo.

Embora não signifique um relato de atividade profissional, procura-se apontar o diferencial da atuação do serviço social em uma área marcada pelas dificuldades do cuidado com idosos acometidos de demência, tentando apontar os principais desafios e estratégias atualmente utilizadas, propondo-se o norte de discussão para o constante aprimoramento deste trabalho.

1. O envelhecimento e as demandas da terceira idade

A evolução da tecnologia trouxe ao mundo grandes avanços quanto ao modo de operacionalizar o trabalho, promovendo mudança simbólica nas necessidades sociais e pessoais, além de importante impacto na mortalidade da população.

 Embora marcada por baixas taxas de fecundidade, a realidade do mundo capitalista também apresenta o que é nomeado Ferreira como transição demográfica: 

com a mortalidade em queda nas idades mais velhas, os indivíduos sobrevivem por mais tempo, e por outro lado, a queda da fecundidade gera cortes de nascimento cada vez menores”, resultando no aumento relativo de idosos. (2007, p.78)

O avanço da expectativa de vida representa um êxito do atual momento histórico, contudo, em muitos casos também significa aumento da incidência de doenças típicas desta faixa etária, principalmente as doenças cardíacas e cerebrais.

Estudos mostram que dentre as doenças cerebrais, as que se desenvolvem com maior força são as demências, sendo apontadas como uma das grandes epidemias do século XXI, principalmente a doença de Alzheimer, que é a de maior prevalência, correspondendo a 60% delas. Situação que tende a agravar-se conforme aponta Ferreira (2007):

aplicando a prevalência estimada por Kawas et al. (2000) à população de 60 anos e mais para 2000, é possível que cerca de 530 mil indivíduos padeçam deste mal. Dado que esta população crescerá entre 2000 e 2020 a uma taxa média anual de 3,18%, ceteris paribus, em 2020 haverá mais de 1 milhão de indivíduos afetados por essa doença. O crescimento do resto da população não segue este ritmo. (FERREIRA, 2007, p.)

Doenças degenerativas significam em larga medida, a necessidade da existência de uma figura de apoio: o cuidador. Em geral em atividade de atenção integral.

É certo pensar que se a população vem envelhecendo rapidamente, chegará um momento em que essa parcela da sociedade necessitará de maiores cuidados.

Geralmente, a situação de dependência parcial ou total será apoiada por familiar próximo ao idoso, compondo-se assim a figura do cuidador familiar. 

Considera-se cuidador familiar, a pessoa que provê assistência não remunerada a um familiar ou amigo que está doente, idoso ou incapacitado. O cuidador familiar é um tipo de cuidador informal, cuja importância é analisada por Ferreira (2007):

Nesta perspectiva, e particularmente no mundo subdesenvolvido onde se insere o Brasil, é necessário pensar em indivíduos que estejam disponíveis para cuidar dos idosos que sobrevivem cada vez mais tempo, e para apoiá-los em suas necessidades. O cuidador informal passa a ser a figura importante neste cenário, pois é ele quem proverá o auxílio que o idoso precisa em maior ou menor intensidade.

Neste aspecto é preciso não esquecer que o cuidado familiar, assim como qualquer outro indivíduo, também é um trabalhador, tem filhos, marido, mulher, cuida de sua casa, enfim, realiza outros afazeres e atividades profissionais e pessoais, sendo constantemente subjugados quando o cuidado é demandado. A maioria dos cuidadores familiares acaba sendo submetida a uma situação de vulnerabilidade, isto é, exposta a várias fragilidades que atingem todos os aspectos de suas vidas, provocando doenças, dificuldades financeira, profissional e de socialização.

Nisso dedicaremos a discussão deste artigo, não só o cuidado ao idoso com Alzheimer pelo sistema de saúde, como também as implicações e desafios profissionais envolvidos no trato com este público e seus familiares cuidadores, em especial para a área do serviço social.

A discussão neste espaço profissional posiciona-se favorável às diretrizes do projeto ético-político do Serviço Social, entendendo que mais do que a atuação da sociedade e da família, o atendimento ao idoso é também responsabilidade do Estado, seguindo a argumentação de Teixeira de que a política social não deve perder o seu aspecto político como espaço de construção de uma nova cultura:

(...) a aposta do neoliberalismo vai ser a de tentar fazer com que uma política social completa se mantenha dentro desse espaço que é ético, e não político, como um dever de proteção exercido por meio desta virtude moral de utilidade publica: a benevolência. Uma proteção benevolente e voluntária, de responsabilidade dos cidadãos esclarecidos.

(...) Nessa perspectiva, gradativamente, e por mecanismos diversos, instaura-se uma ‘nova cultura’ de fazer política social , aquela em que o estado normatiza, subvenciona, estimula como regulador externo, e a sociedade organizada realiza. (TEIXEIRA, 2008, p.88)

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