O Serviço social surgiu no Brasil por volta de 1930
Por: FCO Enzo Silva • 13/2/2018 • Trabalho acadêmico • 4.431 Palavras (18 Páginas) • 543 Visualizações
O serviço social surgiu no Brasil por volta de 1930, no auge da revolução industrial e urbana, é conveniente lembrar que a primeira turma formou-se em 1938 e era composta somente por mulheres. A qualificação em serviço social, nem sempre era condição suficiente para o exercício da profissão, pois existia alguns setores especiais de atividade apropriadas as assistentes sociais femininas, outros se constituiriam apropriados ao masculino, o que evidencia como relações de gênero foram constituintes desse campo profissional e esboroa, em parte, a “imagem feminina” de que foi revestido. O serviço social retira-se, assim, da ideologia católica para constituir profissionais de ambos os sexos, porém continuou sendo uma profissão formada, em sua maior parte, por mulheres. Mesmo com todo esse modelo histórico tradicional, o serviço social no Brasil, por meio de sua categoria profissional, predominada pelas mulheres, iniciou um processo de questionamento a essas bases tradicionalistas, ainda, infelizmente, apreendidas pela sociedade. Com esse questionamento, a categoria procura distanciar-se desse modelo, iniciando, assim, o processo de renovação crítica da profissão, apoiada na conjuntura sócio-histórica e contextual.
Para ocorrer esse processo histórico de renovação da profissão, o serviço social pontuou e denunciou o conservadorismo tradicionalista, iniciando esse processo na década de 1960 e o continuando nas décadas de 1970 e 1980, sob a influência do movimento da reconceituação, no Brasil, o movimento de reconceituação é compromissado com os interesses dos sujeitos sociais, intervindo por meio de pesquisas, qualificação na formação acadêmica e com a interlocução com outros saberes das ciências, constituindo uma quebra com o modelo tradicional e apropriando-se de uma nova aparência, identidade e ações para a consolidação e a ampliação da cidadania e da democracia. Desde então, a atuação dos assistentes sociais no primeiro, no segundo e no terceiro setores, e também como prestadores de serviços, é formular, gestar e intervir nas políticas públicas. Ainda atuam como consultores e assessores, onde auxiliam gestores e derrubando o mito de caridade e paternalismo, demonstrando, assim, que o profissional de serviço social é um estrategista social. O mesmo acontece nas corporações, ao subsidiar as formulações de política de gestão das pessoas demonstram a ambos os setores os impactos e os indicadores de resultados de produtividade, qualidade, imagem corporativa e lucratividade, auxiliando nas decisões estratégicas proativa e preventivamente. Nesse novo fazer, o assistente social vem sendo compreendido como um profissional de habilidades que sabe identificar condicionantes internos e externos e como gestor que sabe diagnosticar e enfrentar situações sociais de risco. Ele também sabe analisar ações integradas em rede apoiadas na transdisciplinaridade, que significa transpassar e transitar pelas fronteiras disciplinares, isto é, colocar em conexão os conhecimentos já produzidos e, por meio da articulação e da qualidade dialógica, produzir novos conhecimentos. Serviço Social Objeto de estudo História Psicologia Antropologia Direito Transdisciplinaridade, além disso, o assistente social necessita estar sempre atualizado, pois sua prática deve ser pautada em acordos e normas globais inseridos no social, no econômico e no ambiental sob o mesmo patamar, para interagir com as áreas citadas e com outras áreas formadoras. Nas últimas décadas, temos nos deparado com o “despertar” de organizações para a cidadania empresarial, de acordo com a gestão social. Outro ponto importante a ser colocado aqui é que são alvos da ação dos profissionais de serviço social tanto o terceiro setor como também o público-alvo, que demandaram ações inclusivas e efetivas de projetos desenvolvidos.
O profissional, para desempenhar o papel na gestão social em consultoria e assessoria, necessita profissionalizar-se em gestão e em voluntariado, pois eles recebem assessoria e consultoria na formulação de projetos sociais. Desde a década de 1990, a consultoria e a assessoria vêm sendo abordadas e praticadas por assistentes sociais na utilização estratégica de melhorar as políticas públicas e aperfeiçoar a profissão. Assim, o profissional de serviço social se coloca no papel de executor, de gestor e elaborador de políticas sociais. Para compreender melhor a inserção da consultoria e da assessoria no papel do assistente social, é preciso voltar um pouco na história literária do serviço social. Não é muito recente a inserção dos temas consultoria e assessoria no âmbito do serviço social. Na década de 1980, começaram a aparecer na literatura do serviço social questões sobre o tema assessoria. Vieira (1981) escreveu o primeiro artigo que foi inserido no livro da mesma autora, que retratava a supervisão. Nesse artigo, a autora apresentava experiências vivenciadas pelos cursos de serviço social do Brasil e sobre a importância da assessoria para os profissionais da área. Somente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 cresceu o interesse e se deu a devida importância a esse tema, que afirma a política de assistência social como política social no Brasil, além de fomentar a criação da LOAS, que oferece diretrizes para a profissão do serviço social. Na atualidade, a temática continua presente, porém é pouco problematizada pelos profissionais que atuam nessa área e estão inseridos nesses processos. Os profissionais que estão em outras atuações têm apenas o conhecimento de que a assessoria e a consultoria se dão na perspectiva da política pública e na política privada. Os temas assessoria e consultoria vêm crescendo, mas pouco se tem de literatura no serviço social. Isso faz com que muitos profissionais que atuam nesse ramo procurem em outras literaturas das áreas do saber, como administração, comunicação social, antropologia e sociologia, entre outras ciências, informações para fundamentar sua ação. Cabe ressaltar, porém, que o exercício de assessoria/ consultoria está fortemente ligado ao status de reconhecimento intelectual que se dispensa ao profissional assessor/consultor, pois são profissionais ligados às ações desenvolvidas com conhecimento na área em que atuam e tomam como objeto de estudo de ação a realidade em sua totalidade e a realidade onde atua(rá) para fundamentar seu trabalho. Isto é, o assessor não atua como interventor, porém traça caminhos e estratégias para que os profissionais e/ou equipe que está assessorando tenha autonomia e capacidade para realizar a leitura e implementar a ação/projeto, sempre monitorado pelo assessor/consultor. Sem contestação, o assessor/consultor desempenha um papel intelectual vinculado à proposta para a qual foi contratado. Vimos, no início desta unidade, o conceito de assessoria e de consultoria, mas para fixação segue abaixo as distinções entre elas. Consultoria é mais pontual, por assim dizer, que a assessoria que remete à ideia de auxiliar. Para fundamentar os conceitos de consultoria, dialogamos com Vasconcelos (1998, p. 128-129), que expõe: Frequentemente para que uma equipe ou assistente social (primeiro, segundo ou terceiro setor) solicite um processo de consultoria a outros profissionais de serviço social ou de outras áreas, é necessário que já se tenha passado, ainda que precariamente, pela elaboração de um projeto de prática, objetivando o encaminhamento do mesmo. As assessorias são solicitadas ou indicadas, na maioria das vezes, com o objetivo de possibilitar a articulação e a preparação de uma equipe para a construção do seu projeto de pratica que venha auxiliá-la teórica e tecnicamente. Porém, cabe aqui ressaltar que assessoria não é sinônimo de supervisão, não é um trabalho hipotético e não deixa de ser um assistente social. Pois, segundo Vieira (1981, p. 108): O que distingue assessoria da supervisão é sua natureza temporária, eventual (o supervisionado procura o assessor quando necessita) e ampla liberdade do assessorado em aceitar ou não, em seguir ou não as indicações do assessor. Mais do que supervisor, o assessor tem autoridade de “ideias”, ou de ”competências”, e não ”de mando”. Logo, assessoria e consultoria em serviço social, segundo Matos (2010, p. 31) constitui-se em “ação desenvolvida por profissionais com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo e detém uma intenção de alteração da realidade”. Para tanto, o assistente social deve refletir e aprimorar-se constantemente sobre as particularidades que envolvem o fazer profissional, levando em conta os condicionantes internos e externos, estudados anteriormente na Unidade I, pois dizem respeito ao contexto social no qual o assistente social está inserido. O profissional deve compreender que o exercício da profissão como trabalho exige mudanças de concepções, devido às transformações constantes que ocorrem no cenário contemporâneo, e ele precisa acompanhá-las. Geralmente é chamado de prática e corresponde a um dos elementos constituídos do processo de trabalho que é o próprio trabalho. Mas para existir trabalho são necessários os meios de trabalho e a matéria-prima ou objeto sobre o que incide a ação transformadora do trabalho. Mesmo ao desempenhar assessoria e consultoria, o assistente social intervém nas múltiplas questões sociais em sua totalidade, carregada de contradições que demandam sua ação profissional. Por isso essa atividade requer que o profissional de serviço social apresente habilidades e estratégias focadas na garantia de direitos. Conforme nos mostra Vasconcelos (1998, p. 123), por meio de sua reflexão sobre o agir e o pensar do serviço social nos processos de consultoria e assessoria: Diante da complexidade das situações vivenciadas pela categoria serviço social, considero a assessoria e a consultoria necessárias, possíveis e viáveis, ainda que reconheçamos que não sejam suficientes, nem possamos assegurar as reais consequências de um processo que envolve unidades formadoras e meio profissional, nas suas respectivas complexidades e diferenças, mas antes de tudo na sua unidade, a atuação em assessoria e consultoria vem sendo ampliada em seu espaço de trabalho e ação profissional, pois suas ações estão relacionadas: à implantação e orientação de conselho, nas três esferas de governo, de políticas públicas; à capacitação de conselheiros, que encontram nelas espaços para fiscalizar e formular essas políticas; elaboração de planos também nas três esferas de governo; acompanhamento, monitoramento e avaliação de projetos e programas sociais. Esses trabalhos e ações são resultados de exigências de qualificação profissional, tais como:
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