Os Fundamentos do Serviço Social na Sua Gênese
Por: Luna Ribeiro • 2/8/2022 • Trabalho acadêmico • 1.198 Palavras (5 Páginas) • 117 Visualizações
Durante sua história, a profissão do Serviço Social se mostra ambígua em suas expectativas e conceituações, tendo de dentro de seu âmbito de produção intelectual um importante espaço destinado às elaborar respostas e teorias acerca das questões intrínsecas à sua formação e desenvolvimento — as indagações quanto às causas de sua origem, sua legitimação como profissão, as funções que cumpre para com sociedade e Estado, etc. No entanto, o questionamento quanto aos fundamentos do Serviço Social na sua génese não só merece como ocupa um lugar de destaque entre os muitos debates preparados no seio da profissão, sendo tópico base de duas teses claramente opostas e mutuamente excludentes em suas constituições, que se estabelecem como as mais relevantes neste âmbito teórico, exigindo uma dissertação mais extensa e detalhada.
A teoria de perspectiva endogenista, caracterizada por uma perspectiva historiográfica toma a origem do serviço social como situada na auto evolução da ajuda — compreendendo assim a evolução, organização e profissionalização das formas tidas como “anteriores” de ajuda caridade e da filosofia vinculada intervenção na “questão social”. Continuando por esta via, as bases da profissão data das primeiras formas de ajuda, por vezes encontradas nas obras de (quem serão, desta maneira, alguns dos primeiros precursores da assistência Social) Tomás de Aquino e Vicente de Paula.
Entretanto, de dentro desta perspectiva existem duas significativas distinções internas entres autores que se condensam em defesa desta tese, sendo estas:
entre autores de base de um Serviço Social tradicional e membros que vinham com a “intenção de ruptura” que caracteriza o movimento da reconceituação; entre autores que compreendem qualquer forma de ajuda como “antecedentes” do Serviço Social, datando sua análise à Idade Média ou até mesmo à origem da história e os pensadores que vêem os antecedentes ligados apenas às formas de ajuda, organizada e vinculadas à “questão social”, fazendo o recorte histórico da origem da profissão ao período pós-Revolução Industrial.
Os autores de destaque desta linha e um breve sumário de seus pensamentos são:
Herman Kruse (1972)
vinculada às primeiras etapas reconceituadora, busca definir as tendências do serviço social latino-americano ao recuperar a distinção entre dois tipos de ciências sociais de Greenwood, baseada numa diferenciação entre investigação pura e aplicada, que define o serviço social com uma tecnologia à medida que procura ativamente a mudança. Ademais, Kruse estabelece um paradigma da profissão em que esta serve como aplicação de teorias tanto quanto prática como fonte de teorias, entre a tradição e a reconceituação do serviço social.
Natálio Kisnerman (1980)
A autora remonta a origem da prof aí positivismo de Comte, identificando na gênese do serviço social como uma forma de ajuda e sistemática de orientação protestante ou como forma prática da sociologia, negando como antecedente quaisquer formas de ajuda não sistemáticas. Estabelece ainda uma esquematização de elétrica para profissão de sucessivas etapas superando anterior e criando uma nova que a contém nega simultaneamente como pode ser visto no processo de transição da Assistência Social (1869 1917) para Serviço Social (1917-196) à Reconceituação.
Ezequiel Ander-Egg e Juan Bareix (1975)
Ambos os autores também estabelecem distinções entre Assistência Social, Serviço Social e Trabalho Social como, respectivamente: ação benefício assistencial; uma profissão paramédica e/ou para jurídica, asséptica, tecnocrática e desenvolvimentista; e intervenção conscientizadora revolucionária. Amber-Egg defende ainda uma origem da profissão principalmente nos ambientes cristãos.
Boris Alexis Lima (1986)
Baseado nos critérios de grau de desenvolvimento dos métodos e instrumentos profissionais, identifica quatro etapas históricas para a profissão: a etapa pré-técnica, a etapa técnica, a etapa pré- científica e a etapa científica.
Balbina Ottoni Vieira (1977)
Autora de visão mais extrema,defende, embora o Serviço Social só foi conhecido sob este nome no século XX, o ato de ajudar o próximo existe desde o aparecimento dos seres humanos da terra.
Pode-se notar ao decorrer das breves descrições das perspectivas dos autores aqui resumidos que a visão particularista ou focalista marca fortemente a produção intelectual dessa perspectiva, vendo o surgimento do Serviço Social vinculado às suas próprias particularidades, como uma opção pessoal dos “filantropos-profissionais”, que tomaram por vezes para si se organizarem e profissionalizarem.
Surgindo em direta oposição à anterior, a perspectiva histórica-crítica entende o surgimento da profissão como um produto da síntese dos projetos políticos-econômicos que operam no desenvolvimento histórico, no momento em que o Estado toma para si as respostas à “questão social” no contexto do capitalismo
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