Resenha Critica O Semeador e o Ladrilhador
Por: ThiagoMuniz03 • 30/6/2017 • Trabalho acadêmico • 870 Palavras (4 Páginas) • 2.575 Visualizações
Resenha Crítica: Raízes do Brasil
Capítulo 4- O Semeador e o Ladrilhador
Uma metáfora da colonização
Adriana Panizzi Campos Muniz
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, 26˚ed Editora Companhia das Letras.
Sérgio Buarque de Holanda, nasceu em São Paulo em 11 de julho de 1902. Formado em Direito pela Universidade do Brasil, trabalhou como jornalista no Jornal do Brasil. Após um tempo morando em Berlim, onde conheceu as ideias de Max Weber, retorna ao Brasil para trabalhar na área de história moderna e contemporânea, foi durante esse período que escreveu seu clássico Raízes do Brasil, coincidindo com um período em que diversos autores brasileiros buscavam no passado colonial subsídios que explicassem o Brasil contemporâneo.
O autor não teve como premissa esboçar toda a formação da sociedade brasileira, mas sim pontuar as negativas heranças culturais ibéricas deixadas aqui nos trópicos. Fala da ideia do homem cordial, que queria prestígio social se contrapondo a realidade. O cordial de Holanda significa agir e reagir em sociedade seguindo os ritmos do coração sem deixar as regras sociais. Mostra a lavoura como principal modo de produção colonial e a escravidão como forma de mão de obra ideal. Compara portugueses e espanhóis com o “Semeador e o Ladrilhador”, mostrando o caráter desleixado e preguiçoso do colonizador português.
No capítulo 4, da obra Raízes do Brasil, intitulado, “O Semeador e o Ladrilhador”, de Sérgio Buarque de Holanda, trata de uma rígida comparação entre as formas de colonização Espanhola e Portuguesa.
Já no título da obra, percebemos uma metáfora entre as formas de colonização. A portuguesa como semeadora, sem planejamento e realizada de forma rápida, resultando em construções com caráter muito mais comercial que humanista, sem nenhum rigor ou método, apenas se moldando a natureza. E a espanhola como ladrilhadora, construindo suas cidades com formas abstratas, todas projetadas em linhas retas que levassem ao centro da cidade, eram um verdadeiro espaço de poder com autoridade colonial e militar.
Para o autor, os espanhóis queriam adequar seus costumes a vida na colônia, reproduzindo na colônia seu dia a dia e seus costumes. E essa diferença na forma de colonizar se baseou no fato de os espanhóis terem encontrado em suas terras ouro e metais preciosos logo em seu descobrimento. Enquanto que os portugueses viam a terra como espaço de passagem, para ganhar dinheiro e nada mais, já que a única riqueza encontrada, a princípio, tinha sido o pau- brasil. Um exemplo dessa diferença está na educação, os espanhóis fundaram 23 universidades em suas colônias, ao passo que os moradores da colônia portuguesa precisavam transpor o oceano para estudar. “... Mas é indiscutivelmente por isso que o trabalho Castelhano se distingue do trabalho português no Brasil. Dir-se-ia que, aqui, a colônia é simples lugar de passagem, para o governo como para os súditos...” página 99.
Segundo Holanda, a sociedade ibérica tinha mais mobilidade social e regras mais frouxas para a convivência entre as diversas culturas. A colonização portuguesa tinha como meta a exploração do continente. Seu objetivo era a consolidação na área litorânea do continente, porque num primeiro momento facilitaria o transporte da mercadoria através do mar, tendo em vista a excelência de Portugal na navegação e a facilidade de dominação do índio da faixa litorânea que pertenciam a uma mesma etnia e eram mais dóceis. Segundo o autor foi sua experiência acumulada na forma de colonizar que o levou a ter sucesso muito mais que seu espírito aventureiro e desbravador, como então nos mostra um outro autor, Caio Prado Jr. em sua obra Evolução Política do Brasil.
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