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Tranformações sociais no brasil

Por:   •  27/4/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.288 Palavras (6 Páginas)  •  242 Visualizações

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Transformações econômicas e sócias no Brasil dos anos 1990 e seu impacto no âmbito da família

Mônica Maria T. de Alencar escreve que a pertinência em analisar o impacto das transformações econômicas e sociais nas condições de vida da classe trabalhadora através da família se deve à centralidade que esta ocupa no âmbito da sobrevivência material. A autora relata que a luta cotidiana para prover as necessidades básicas enquanto empreendimento coletivo, e dependendo das condições de pobreza, mobiliza  todos os membros da família.

Através do ingresso do mercado de trabalho, do desenvolvimento de pequenas atividades informais para obtenção de algum tipo de renda complementar e outras tantas estratégias como a construção de moradias e as diversas praticas de solidariedade, os indivíduos tentam suprir uma rede de proteção social fragilizada.

Para Telles, na sociedade brasileira, caracterizada pela lógica da destituição e privação de direitos a família é uma espécie de garantia ética, moral e material caracterizada pela lógica da destituição e privação de direitos. Diante da tendência de despolitização de dimensões significativas da vida social, é no âmbito da família que homens mulheres jovens e crianças, podem vislumbrar alguma possibilidade de inserção social.

Alguns estudiosos como Throyano, Hoffman e Ferreira 1998, argumentam que a família põe em evidência a multiplicidade de possibilidades e experiência de vida, organizadas pelos indivíduos com vistas á reprodução biológica e social. Relatam que se o desemprego, o trabalho desqualificado e as remunerações insuficientes estruturam o cenário potencial e precariedade de vida, é na família que essas condições adquirem materialidade e são transformadas, delineando o modo como as situações adversas relacionadas a pobreza, se inscrevem no cotidiano familiar. A proteção a família se tornou uma estratégia a ser considerada pela politica de assistência social, enquanto alvo privilegiado dos programas sociais, e é nesse sentido que se tem a articulação de alguns programas, de garantia de renda  mínima por exemplo, que a toma a familia como unidade de intervenção.

Mônica relata que as mais diversas situações de precariedade social, desemprego, doença, velhice, encaradas como dramas da esfera privada, tenderam a ser solucionadas na família, como responsabilidade de seus membros, na sua maioria das vezes sobre as mulheres. Nesse sentido a família deve se tornar referência central nos programas sociais, ganhar um lugar de maior visibilidade politica, tornando-se alvo de politicas que realmente levam em consideração as novas configurações da questão social no pais .A autora defende ser fundamental o investimento em programas de renda mínima familiar, bolsa-escola e programas de geração de renda e emprego, por exemplo, deve-se constituir políticas mais efetivas que levem em consideração as novas determinações das desigualdades sociais no Brasil. Além disso, as estratégias de combate à pobreza têm que necessariamente interferir nas relações de mercado, uma vez que é no mercado que se originam as condições de desigualdade social do capitalismo, contribuindo profundamente para a reprodução dos mecanismos de exclusão social.

Brasil, anos 1990: crise econômica, ajuste estrutural e desestruturação do mercado de trabalho

No contexto de crise e de mundialização do capital, o Brasil, a partir da década de 1990, passa a implementar programas de ajuste estrutural e de estabilização econômica para adequar o país à nova ordem econômica (Fiori, 1996). Fiori relata que, a emergência da crise mundial na década de 1970 atinge o Brasil, principalmente na década de 1980 levando ao esgotamento do modelo desenvolvimentista de industrialização do país, fazendo com que este enfrentasse um processo de transformação profunda que se revelou na reorganização institucional do estado e da estrutura produtiva, numa dinâmica  que redefiniu as relações do estado com os mercados e sociedade civil.

Segundo Mattoso, a crise de 1980 caracterizou-se pela paralisia e estagnação econômica, que repercutiram nos elevados patamares inflacionarios, nas dificuldades cambiais e na retração da atividade econômica, esses impasses refletem o esgotamento de um padrão de desenvolvimento excludente, associado a eclosão da terceira revolução industrial em meio a ofensiva conservadora nos países avançados. Na década de 1980 enquanto os países centrais assistiam ao avanço da hegemonia neoliberal o brasil experimentava um pacto social democrático que se explicitou na constituição de 1988, enquanto os países do capitalismo central implementavam, durante a década de 80 alguma das medidas preconizadas pelo neoliberalismo, o Brasil experimentava um denso processo de democratização da sociedade que obstaculizava a aceitação dos pressupostos neoliberais. Contudo o Brasil passou a seguir o receituário neoliberal, promovendo a inserção da economia numa ordem globalizada, a privatização do estado, a redução dos gastos sociais, desenvolvendo, em suma, políticas econômicas com impactos negativos sobre as condições estruturais da produção e do mercado de trabalho.

No governo de Fernando Henrique Cardoso, atribui ao mercado de trabalho, caracterizado como rígido com relações de trabalho ultrapassadas, a responsabilidade pelas dificuldade de inserção da indústria nacional dos ritmos das competitividade mundial, no entanto o desemprego seria decorrente da desqualificação da força de trabalho, devido aos seus níveis de empregabilidade (Pochmann, 1999). O autor escreve que o mercado no país sempre se caracterizou pelas disparidades salariais, bem como pela estabilidade, rotatividade e precária qualificação da mao-de-obra, mas o que sempre predominou foi a frequente demissão e admissão, situação que caracteriza o trabalhador brasileiro como um trabalhador temporário. A queda do nível de emprego formal e do poder aquisitivo do rendimento assalariado teve consequências na redução do padrão de vida das classes trabalhadoras, ao longo da década de 1990 o desemprego aprofundou-se assustadoramente em todo país assumindo índices alarmantes.

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