Violência obstétrica em mulheres negras
Por: carinneguimaraes • 16/5/2024 • Projeto de pesquisa • 4.643 Palavras (19 Páginas) • 61 Visualizações
COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM MULHERES NEGRAS EM ACOMPANHAMENTO NO HOSPITAL MATERNIDADE ALEXANDER FLEMING
CARINNE DA SILVA GUIMARÃES
Projeto de Pesquisa apresentado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial para aprovação na disciplina Pesquisa e Serviço Social.
Rio de Janeiro Dezembro/2023
1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE ESTUDO – SINOPSE DO PROJETO 3
2 JUSTIFICATIVA 3
3 BASE TEÓRICA E PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS 4
4 HIPÓTESES 9
5 OBJETIVO GERAL 10
6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10
7 METODOLOGIA - DEFINIÇÃO DO UNIVERSO, AMOSTRA E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 10
8 ANÁLISE DE DADOS 11
9 CRONOGRAMA 11
10 ORÇAMENTO 12
11 EQUIPE 12
REFERÊNCIAS 14
APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE ESTUDO – SINOPSE DO PROJETO
Por muito tempo, as mulheres negras foram invisibilizadas nas políticas de saúde, enfrentando altos índices de mortalidade materna, além do acesso restrito aos serviços de saúde. Ao considerar o marcador social raça/cor, quando comparados com os dados de mulheres brancas, mulheres negras são as que mais sofrem com a falta de informação sobre aleitamento, falta de acompanhamento durante a gravidez ou acompanhamento de menor qualidade, menor tempo de atendimento nas consultas de pré-natal, partos sem analgesia e peregrinam em busca de atendimentos. Dessa forma, o objetivo do trabalho será compreender o conhecimento das gestantes negras em acompanhamento no Hospital Maternidade Alexander Fleming (HMAF) acerca do termo violência obstétrica.
Palavras-chaves: vulnerabilidade em saúde, violência obstétrica, racismo institucional
JUSTIFICATIVA
Este estudo tem como objetivo analisar a violência obstrética em mulheres negras no Hospital Maternidade Alexander Fleming, através das usuárias que frequentam esta unidade de saúde.
O público alvo desta pesquisa são as mulheres negras, que se encontram grávidas ou que pariram recentemente. É válido ressaltar que, não somente as mulheres devem ter conhecimento sobre a violência obstétrica, mas sim os profissionais da saúde, entre eles os médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais e, também, pesquisadores e acadêmicos que visam a àrea da saúde.
O projeto de pesquisa sobre violência obstétrica em mulheres negras apresenta uma justificativa que requer aprofundamentos, pois visa abordar uma questão de extrema relevância e impacto direto na vida das mulheres durante o processo da gestação. A necessidade de investigar esse fenômeno surge da crescente preocupação em garantir o respeito aos direitos humanos, especialmente no contexto da saúde materna e da mulher.
O interesse por esta temática é resultado de experiências vividas em um hospital maternidade. Além do mais, também contribui para a prática enquanto assistente social em formação da área da saúde. Dessa forma, as práticas que foram vivenciadas despertaram o desejo de pesquisar e compreender as formas de violências obstétricas, com ênfase às mulheres negras, visando o racismo institucional e estrutural.
A violência obstétrica engloba práticas que vão desde intervenções médicas desnecessárias até a discriminação e desrespeito no ambiente hospitalar. Compreender esses eventos é fundamental para promover a saúde integral da mulher, não apenas física, mas também emocional. Ao evidenciar casos de violência obstétrica, a pesquisa contribuirá para a conscientização em conjunto, que vai desde a sociedade, chegando aos profissionais de saúde e gestores públicos, estimulando a implementação de políticas e práticas que assegurem uma assistência mais humanizada e centrada na mulher.
Dessa forma, o objetivo da pesquisa é identificar os fatores de risco e padrões recorrentes, que podem embasar intervenções preventivas, melhorando a qualidade da assistência obstétrica e fortalecendo a confiança das mulheres no sistema de saúde. Portanto, a relevância dessa investigação se estende além do âmbito acadêmico, impactando diretamente na promoção da saúde e no respeito aos direitos reprodutivos das mulheres.
BASE TEÓRICA E PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS
Desde os tempos mais distantes as sociedades se agrupam a partir das percepções dos homens acerca de suas diferenças, tenham sido elas religiosas, culturais ou sociais. A partir do século XVIII, a cor da pele começa a ser um importante e fundamental parâmetro para marcar as diferenças entre os grupos e no século XIX a crença de que as diferenças raciais traziam consigo características biologicamente determinadas ganha força. A partir deste momento, as práticas racistas passam a ser justificadas pela alegação da presença de uma associação estreita entre aspectos biológicos e qualidades morais, psicológicas, intelectuais e culturais. Em meados do século XX, como consequência dos avanços da ciência, esta vertente biológica do racismo perde força, mas os efeitos de sua existência permanecem (NASCIMENTO, 2005).
No Brasil, o racismo, enquanto fundamento científico, emerge na cena política quando se aproxima da abolição da escravatura (GUIMARÃES, 2004), tendo início um processo que objetiva a modernidade aos moldes da sociedade europeia (SANTANA e DOS SANTOS, 2016). Este racismo científico foi o responsável pela manutenção das desigualdades entre brancos e negros, mesmo após a abolição, em que o negro, mesmo que não mais visto como objeto, não tem sua cidadania garantida (NUNES, 2006).
Conforme Santana e Dos Santos (2016), a formação do Brasil republicano, instaurado em 1889, traz consigo a necessidade da constituição de uma identidade nacional, que pensada pelos cientistas da época, se define a partir da organização racial, na qual os grupos branco e indígena eram evidenciados positivamente, sendo o branco superior, e ao negro era atribuído a posição de marginalidade (VENTURA apud SANTANA E SANTOS, 2016). Neste sentido, a mestiçagem - mistura entre raças - inicialmente é vista pelos pensadores como negativa, ao fazer com que o branco tenha sua superioridade afetada pelas mazelas do sujeito negro.
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