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A Evolução Da Engenharia Química - Perspectivas E Novos Desafios

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Por:   •  25/3/2015  •  6.886 Palavras (28 Páginas)  •  302 Visualizações

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A Evolução da Engenharia Química - Perspectivas e Novos Desafios [1]

 

Luismar Marques Porto

Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos

Universidade Federal de Santa Catarina

Caixa Postal 476, Fone: (48) 331-9448, Fax: (48) 331-9687

CEP 88040-900 Florianópolis, SC, Brasil

E-mail: luismar@enq.ufsc.br

 

Resumo — A sociedade moderna atual herdou mais de um século de importantes contribuições dadas pela engenharia química, desde que ela foi reconhecida como profissão por George Davis, em 1887. No Século 21, com a incorporação da biologia aos fundamentos da engenharia, importantes avanços deverão ocorrer em novas especializações capazes de encontrar novas soluções para o manuseio e fabricação de moléculas mais complexas, com ênfase nas propriedades dos materiais e melhor aproveitamento dos recursos naturais. São inúmeros os desafios da profissão de engenheiro químico. Os novos profissionais deverão ter capacidade de trabalho colaborativo, e empreendedorismo, além de contínua motivação, conhecimentos gerais e especializados, interdisciplinaridade, grandes habilidades de comunicação, e capacidade de contínuo aprendizado e realização de seus anseios pessoais.

Palavras-chave: engenharia química, educação, especialidades de engenharia, interdisciplinaridade

Introdução

Qualquer um que se aventure a fazer previsões corre sempre grande risco. Especialmente se essas previsões forem de longo prazo: um ano, uma década, um século. Para um milênio tem-se algumas vantagens. Certamente nenhum de nós será testemunha do sucesso ou fracasso de nossas previsões de tão longo prazo. Como engenheiros, no entanto, somos apaixonados por previsões. Nossas simulações são tentativas analíticas ou numéricas de prever o comportamento de produtos ou o futuro (quem sabe também o passado) do processo no qual estamos interessados, talvez para conhecer o tempo de vida útil de um catalisador, ou por que houve ou poderá haver um derramamento de petróleo na Baía de Guanabara.

Se vivêssemos no ano 2000 a.C. —sendo bem (in)formados— quem sabe poderíamos predizer com razoável certeza o que iria acontecer nos próximos mil anos. Num mundo tão dinâmico quanto o atual, no entanto, qualquer previsão para os meses seguintes é tão incerta quanto seria prever os acontecimentos cem anos à frente ao tempo dos faraós. O homem passou mais de 10 milhões de anos vivendo sem grandes mudanças, mais ou menos da mesma maneira. Gerações, umas após as outras, transmitiram seu conhecimento de boca em boca por milhares de anos. Há mil anos atrás estávamos definindo os contornos de nossa barbárie e mergulhados em grande miséria e tirania. O homem como agente ativo da história progrediu muito no último milênio. Se seu comportamento social é ainda por vezes pré-histórico, com guerras sangrentas ao lado da tão gloriosa civilização ocidental, é inegável que ele dispõe hoje de recursos jamais imaginados pelas gerações que nos sucederam. Chegamos ao Século 21 com uma sensação desconfortável de que seremos incapazes de acompanhar a revolução promovida pela atual geração de cientistas, líderes políticos, mercados financeiros, e outros agentes sociais e econômicos. A economia globalizada e a tecnologia da informação colocam o mundo em uma situação de instabilidade constante, deixando a nós a única certeza possível: a certeza de mudanças radicais na forma de nos comunicarmos, de fazer negócios, gerenciar processos, nos educarmos, e nos relacionarmos. Qual é o papel do engenheiro neste novo contexto? Quais são as oportunidades que nos esperam? Quais os novos desafios? O que nos reserva o mercado de trabalho, e qual será nosso trabalho? A resposta a estas perguntas exige uma profunda reflexão sobre o caminho que percorremos até aqui, e sobre como devemos definir nossas metas para nos adequarmos à nova realidade imposta pelos desafios da sociedade moderna. Tentaremos abordar algumas dessas questões nas páginas seguintes, com o intuito de estimular o debate e de exercitar nossa mente. Como acontece com qualquer candidato a futurólogo de começo de século, no entanto, algumas de nossas previsões podem se confirmar, outras podem nos desmentir completamente — só o futuro dirá. Não devemos nos esquecer, todavia, que o futuro somos nós que construímos, com nosso esforço e dedicação, e —porque não? — também com nossos sonhos.

Um século de engenharia química

As origens da engenharia química moderna estão ligadas aos principais laboratórios de química alemães. As universidades de Göttingen, Giessen, e Heidelberg educaram uma geração de químicos que aplicaram ciência básica fundamental à produção em grande escala de processos de interesse da química industrial [i] . A abordagem alemã considerava a combinação de conhecimento de química com engenharia mecânica. Alguns desses químicos “industriais” migraram para os Estados Unidos, onde participaram da construção de novos laboratórios e ajudaram a formar futuros “engenheiros industriais”.

O termo “Engenharia Química” é creditado ao inglês George Davis, um ex-inspetor de fábrica de álcalis, que em 1887 proferiu um importante conjunto de palestras, posteriormente publicadas, sobre a operação das instalações químicas modernas da época. Nestes pouco mais de cem anos, a engenharia química evoluiu de uma disciplina estritamente aplicada para dar sua contribuição nas mais avançadas fronteiras da ciência dos últimos anos.

Mas, afinal, o que é um engenheiro químico? Os estudantes da Universidade de Minnesotta [ii] oferecem-nos as seguintes opções:

(a)    Um engenheiro que fabrica produtos químicos

(b)    Um químico que trabalha em uma fábrica, ou

(c)    Um glorioso encanador?

Esta questão realmente intrigante tem como resposta, como eles ressalvam, a letra (d) , ou seja, nenhuma das alternativas acima! O termo “engenheiro químico” pode realmente não ser muito apropriado e deixar em dúvida os menos esclarecidos e novatos na área. Afinal, então, o que é mesmo um engenheiro químico? Para respondermos em uma única frase, e com certo grau de arrogância, poderíamos dizer que o engenheiro químico é uma espécie de “engenheiro universal”. Por possuir

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