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A QUESTAO SOCIAL DO MEIO AMBIENTE

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Por:   •  27/3/2014  •  7.181 Palavras (29 Páginas)  •  258 Visualizações

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MEIO AMBIENTE E GESTÃO SOCIAL

Iselda Corrêa Ribeiro / Juarez Buriol

RESUMO: Este trabalho, resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Desenvolvimento Regional Sustentável do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Feevale, na região do Vale do Sinos, no município de Estância Velha, Rio Grande do Sul, busca discutir a questão do meio ambiente enquanto uma questão social. Procuramos demonstrar que os problemas postos pelas substâncias tóxicas no meio ambiente a partir da poluição doméstica e da poluição industrial, resultado da cadeia produtiva coureiro calçadista do Vale do Sinos, é produto do modo de vida da população de cada município, região etc. Assim, para pensar o desenvolvimento local e regional sustentável é necessário entendê-lo como um processo e uma utopia que faça parte das práticas sociais, projetos de gestão social e sonhos dos atores sociais, políticos e econômicos de acordo com as necessidades e realidades de cada comunidade e região.

PALAVRAS –CHAVE: Meio Ambiente; Gestão Social, Sustentabilidade, Modo de Vida.

ABSTRACT

This work which resulted from a research developed for the Group of Sustainable Development of the Institute of Applied Social Sciences of Feevale, in Vale do Sinos, in the city of Estância Velha (RS); it has as objective to discuss the environment as a social matter. We try to demonstrate that the problems of toxic substances in the environment from domestic and industrial pollution, a result of the leather-shoes productive chain of Vale do Sinos, is a consequence of the way of life of the population of each city, region etc. Thus, in order to think the local and regional sustainable development, it is necessary to understand it as a process and a practical utopia that is a part of the social practices, projects and dreams of the social, economic and political factors and in accordance with the needs and realities of each community and region.

Meio Ambiente e Gestão Social

Iselda Corrêa Ribeiro e Juarez Buriol

O meio ambiente enquanto uma questão social é uma das preocupações dos cientistas que incorporam nas suas práticas uma reavaliação dos modos de produção, de consumo e mesmo de investimento na criação de novas tecnologias, que possibilitem a harmonia entre empresas e meio ambiente.

O objetivo central se dá no sentido de reestruturar as atividades econômicas e as tomadas de decisões pouco atentas às realidades ambientais – para uma nova visão da relação entre a atividade econômica, os homens e os diversos compartimentos do ecossistema.

Os problemas postos pelas substâncias tóxicas no meio ambiente, através da poluição doméstica e empresarial, estão intimamente ligados ao modo de vida e às economias contemporâneas.

A questão social do meio ambiente figura neste novo século como uma preocupação universal que envolve chefes da maioria das nações do planeta, das Organizações Não Governamentais – ONGS, assim como das administrações regionais e locais dos países e da sociedade civil preocupada com a qualidade de vida no planeta e na comunidade.

Os debates sobre “desenvolvimento sustentável” na década de 80 apresentam duas linhas de pensamento relacionadas com a gestão das atividades humanas: uma centrada nas metas de desenvolvimento e outra no controle dos impactos negativos das atividades humanas sobre o meio ambiente.

Ainda que as origens do interesse pelo meio ambiente e o desenvolvimento datem de várias décadas, a expressão “desenvolvimento sustentado” se tornou mais explícita e passou a ser utilizada a partir da publicação, em 1987, do relatório “Nosso Futuro Comum”, produzido pela Comissão Bruntland

O significado da palavra desenvolvimento, contida na expressão “desenvolvimento sustentável”, pode também ser associada ao conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Neste, ela diz respeito ao direito de todos de desfrutar um nível de vida adequado em termos de saúde e bem-estar, o que inclui a alimentação, o vestuário, a moradia e a assistência médica, bem como os serviços sociais necessários. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, o relatório “Nosso Futuro Comum”, assim como documentos subseqüentes, sublinham que as metas de desenvolvimento devem incluir o direito de votar em um contexto de estruturas de governo representativos.

A questão ambiental enquanto questão social e ecológica ampliou-se a partir das preocupações com o efeito estufa e o aumento dos estragos que os homens fazem no meio ambiente, levando chefes de Estado de diversos países a se encontrarem para discutirem e buscarem soluções para o problema.

Foi assim que nasceu a Eco-92 no Rio de Janeiro, que reuniu chefes de 172 países na conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no ano de 1992, nesta cidade, para pensar e buscar caminhos alternativos sobre as intervenções do homem na natureza que está alterando os ecossistemas e, conseqüentemente, os destinos do planeta e dos seus habitantes num futuro próximo.

Desse encontro, surgiu a Agenda 21 a ser colocada em prática pelos governos dos países envolvidos, que consistiu num roteiro de ações concretas, com metas, recursos e responsabilidades definidas, para conquistar o desenvolvimento sustentável, ou seja, o crescimento econômico sem destruir o meio ambiente acentuando assim a necessidade de justiça social. Um dos princípios definidos pelo grupo foi de que os seres humanos devam ter uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza.

Dessa forma, a Eco-92 consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, como aquele “que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”.

Assim, a noção de sustentabilidade firmou-se como o novo paradigma do desenvolvimento humano. A Eco-92 consolidou o referido conceito de desenvolvimento sustentável a partir da criação da Agenda 21 com o objetivo de orientar os povos para a construção política das bases do desenvolvimento sustentável, buscando reunir os governantes, atores sociais, empresários, universidades, associações e cientistas, preocupados em produzir

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