AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS NO CONTEXTO DA CRISE ESTRUTURAL E SEUS RFELEXOS PARA OS TRABALHADORES
Por: LUCILENE2022 • 3/5/2022 • Artigo • 3.284 Palavras (14 Páginas) • 146 Visualizações
TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS NO CONTEXTO DA CRISE ESTRUTURAL E SEUS REFLEXOS PARA OS TRABALHADORES
ALVES, Bianca G[1];
BARBOSA, Maria Lucilene[2];
MARQUES, Lúcia M[3];
SANTOS, Marcillio Cassiano S. Silva[4].
RESUMO:
Este artigo busca trazer reflexões acerca dos rebatimentos que a dinâmica do capitalismo contemporâneo, marcada por sua crise estrutural. Buscamos fundamentar esse texto a partir de pesquisas bibliográficas de obras de autores que tem como eixo norteador de sua análise o método crítico dialético, ou seja, o método utilizado por Marx. Com o estudo concluímos que o capitalismo tem desde sua universalização como sociedade do capital tem passado por diversas transformações, mas é em sua madura que serão operadas transformações mais profundas que irão impactar de forma drástica o mundo do trabalho em razão de uma nova crise de superprodução. O capitalismo neste patamar intensifica as formas de exploração, expande seus domínios sobre os mercados, aprofunda ainda mais suas contradições, buscando reestrutura-se para contornar os efeitos da crise estrutural, via os processo de reestruturação produtiva, financeirização, (contra)reforma do Estado e implementação do neoliberalismo. Essas transformações tem, sobretudo, degradado a vida da classe trabalhadora.
PALAVRAS-CHAVE: Capitalismo Contemporâneo, Crise Estrutural, Estado, Neoliberalismo.
INTRODUÇÃO
Este artigo busca trazer reflexões acerca dos rebatimentos que a dinâmica do capitalismo contemporâneo, marcada por sua crise estrutural (MÉSZÁROS, 2002), tem propiciado sobre a classe trabalhadora. Tais rebatimentos tanto ocorreram mediante ações na esfera produtiva, com o desenvolvimento da reestruturação produtiva como também do ponto de vista da esfera estatal com o desdobramento e ampliação das políticas neoliberais. Portanto, trata-se de transformações societárias que os trabalhadores têm vivenciado sob o impulso da crise capitalista que se instalou em meados dos anos 1970.
Falar sobre transformações societárias a partir da crise supracitada nos remete a compreensão de uma análise do processo de acumulação capitalista do período pós Segunda Guerra. A estratégia de acumulação do período pós-segunda guerra mundial era baseada na elevação da produção de mercadorias através da lógica fordista com o suporte da ação estatal a partir das ideias keynesianas. Essa combinação dessas perspectivas tinha como objetivo imediato atenuar os efeitos das crises que são inerentes a própria dinâmica capitalista, neste sentido a ampliação de políticas sociais e a proposta de pleno emprego objetivavam o combate ao desemprego, o que possibilitou a manutenção dos níveis de consumo que foram compatíveis com a elevação da produção em massa.
Segundo o liberal da vanguarda da burguesia inglesa John Maynard Keynes, as crises eram ocorrentes devido ao subconsumo. Como a produção capitalista é caracterizada como uma superprodução de mercadorias, que precisam de escoamento, ou seja, o capital em seu ciclo de acumulação necessita da transformação da mercadoria produzida em capital valorizado, monetário, isso ocorre mediante a venda da mercadoria.
Caso o consumo não consiga acompanhar a lógica expansionista intrínseca a dinâmica do capital, haverá mais mercadorias ofertadas ao mercado, que, todavia, não serão vendidas, é partir disso que as crises se formam, de uma incompatibilidade entre produção e consumo. Nessa perspectiva, o subconsumo, a incapacidade da população em consumir, seria o problema a ser resolvido. A partir de tal perspectiva a estratégia para permitir que as mercadorias tivessem escoamento, a proposta do “pleno emprego” foi, dentre outras, a maior intervenção estatal na economia, dando suporte ao consumo e criando as condições favoráveis aos investimentos capitalistas naquele momento histórico.
O chamado Welfare State, vivenciado fundamentalmente nos países do norte da Europa é o modelo de Estado que vai ser funcional ao capital neste momento. O Estado agora passa a exercer a função de garantir as condições gerais para que a acumulação capitalista na fase dos monopólios se realize em ocorrência de crises dramáticas e de consequências como aquelas vivenciadas no período entre 1929 a 1932.
Além de uma reconfiguração do Estado, em face das necessidades econômicas típicas do pós-guerra, ocorre um processo de preservação sob um rígido controle da força de trabalho mediante as regras fordistas e a cooptação de organizações políticas dos trabalhadores a partir da incorporação de algumas das demandas dos trabalhadores, desde que essas também fossem funcionais as necessidades do capital naquele contexto histórico (PANIAGO, 2012).
Como o incentivo ao consumo de massas também necessitava de um ritmo de produção na mesma proporção (PINTO, 2010), o fordismo foi o modelo de produção que veio para atender essa necessidade imediata do capital. Já a ampliação das políticas sociais visava incentivar o consumo dos trabalhadores, ou seja, o Estado atendia as determinadas “necessidades sociais” para que os trabalhadores não precisassem comprá-las, passando assim a utilizar o seu salário para consumir mais mercadorias.
A combinação do fordismo com as políticas keynesianas, o Estado transferia parte dos fundos públicos para o financiamento de políticas sociais que auxiliavam e dava subsídios para o consumo dos trabalhadores. O consumo se realizava através da garantia de empregos e a elevação dos níveis de produtividade.
Neste momento além das ações estatais darem resposta aos movimentos operários que se fortaleciam na época, ele buscava direcionar os salários dos trabalhadores para aquisição de bens duráveis, com, por exemplo, a ampliação da produção de automóveis, televisores, geladeiras, fogões, dentre outras mercadorias.
Contudo, há que se considerar que o Estado de Bem-Estar Social se caracterizou como uma estratégia do capital para envolver apenas os países centrais, não sendo vivenciadas pelos países periféricos. No processo de acumulação do capital a partir das demandas oriundas do Welfare State nos países periféricos vão cumprir uma funcionalidade muito específica, e receber os grandes monopólios transnacionais, sediados nos países centrais e que lá vão manter níveis mais elevados de exploração sobre os trabalhadores desses países, de forma a compensar a ampliação das políticas públicas nos países centrais (LESSA, 2013).
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