ATPS DE PSICOLOGIA
Por: calista • 18/8/2015 • Trabalho acadêmico • 1.802 Palavras (8 Páginas) • 172 Visualizações
Etapa 2 - A desigualdade e a invisibilidade na formação da sociedade brasileira.
A desigualdade e a invisibilidade social no Brasil atinge grande parte da população, pois basta olhar ao redor para perceber o grande contingente de pessoas que vivem em situações de precariedade, enquanto outros esbanjam riquezas. Riquezas estas construídas pelos próprios trabalhadores que não tem acesso ao que produz, vive na invisibilidade sem sequer ser reconhecido pelo seu trabalho. O desinteresse dos que detém o poder é tamanho que se preocupa com o desenvolvimento do país, mas não se preocupa em dar estrutura para que os menos favorecidos acompanhe esse desenvolvimento. Um exemplo disso é o desenvolvimento tecnológico que esta cada vez mais avançado, mas este avanço deixa cada vez mais pessoas à margem, pois não há investimento para que estas pessoas consiga acompanhar as mudanças rápidas que acontece. E assim os excluídos não são somente explorados, mas também invisíveis sobrantes e, portanto descartável dessa forma de globalização e perante aqueles que têm acesso a todo o desenvolvimento que acontece na sociedade. E os que têm acesso são os mesmos, ou seja, os que estão no poder e as classes mais privilegiadas que desde um processo histórico sempre tiveram mais privilegio.
Enquanto os que são vitimas da desigualdade, também vem de uma realidade que desde o inicio foi construída em cima de preconceito e descaso, tendo que conviver em moradias insalubres, salários precários, e exploração, não tendo condições de sair dessa situação que o próprio sistema capitalista lhe oferece rico sempre rico, pobre sempre pobre. A maioria das pessoas que ficam a margem da sociedade são vítimas de um sistema capitalista que só visa o lucro. Se indivíduo tem algo a oferecer ele serve, se não tem, torna se descartável ou invisível aos olhos do outro. É o caso dos negros quando foram libertados, eram tratados como se não tivesse mais serventia, estavam livres, mas na realidade presos através do preconceito e falta de oportunidade, sendo barrados no mercado de trabalho e no acesso a educação.
Nesse sentido a sociedade foi se constituindo de forma desigual, onde uns tem muito e outros nada, uns constroem suas moradias em bairros nobres e outros em áreas periféricas ou favelas sem nenhuma infraestrutura. Parece que essas pessoas, não têm direito de sair desta condição que lhe foi praticamente imposta por um sistema que não deu oportunidade para que os menos favorecidos pudessem sair da condição de invisibilidade social.
As pessoas que exerce uma profissão braçal ou trabalhos rebaixados socialmente tornam se invisíveis aos olhos dos outros. Não é difícil perceber em uma empresa a indiferença com que funcionários de limpeza são tratados, são vistos apenas como limpadores e não como seres humanos. A indiferença é tanta que eles se tornam invisíveis, são apenas um uniforme, há relatos de pessoas que quando tira o uniforme e solta os cabelos, as pessoas perguntam, nossa você tem cabelo? Isso é chocante. E tem também o caso dos garis que o autor Fernando Braga da Costa, fazendo uma pesquisa de campo na própria universidade que trabalhava, com simples experiência de colocar um uniforme de gari e andar pela universidade nos mesmos corredores onde ele dava aula, simplesmente não foi reconhecido, nem se quer um aceno lhe foi dado. Como se o fato de usar um uniforme de gari mudasse completamente o ser humano que ali estava. Isso é prova da invisibilidade que acontece em muitas profissões que não tem valor perante a sociedade. Nas ruas quando veem um reciclador, não percebe o ser humano, veem apenas um catador de lixo.
Além de não perceber a importância da reciclagem para o meio ambiente, não percebem o ser humano que esta por traz daquele trabalho, não procura entender a realidade que levou aquele individuo a fazer aquele determinado tipo de trabalho. Muitos não estão ali por vontade própria, mas sim por causa de uma estrutura social que não dar oportunidade de melhoramento, nem procura qualificar e requalificar as pessoas que por um motivo ou por outro ficou a margem da sociedade. Essas pessoas sentem oprimidas e humilhadas sem perspectiva de uma vida mais digna que por algum momento lhe foi cortada, seja por uma estrutura familiar pobre, seja por preconceito ou por um sistema de globalização que não deu oportunidade para as pessoas crescerem juntos.
Jessé de Sousa não acredita que a pura descrição da realidade das pessoas socialmente humilhadas possa definir o que é desigualdade e sua origem social. Para o autor é preciso articular a historia de vida desses sujeitos invisíveis com teorias solidas, buscar explicação macrossociológicas para compreender a constituição social dos brasileiros. Para ele o Brasil se moderniza de fora para dentro. Não é a atitude nem o comportamento dos brasileiros que conduzem ao processo de modernização do país, mas sim a adoção de praticas europeias burguesas em substituição ao estilo patriarcal português.
Essa pratica invadem o Brasil no século XIX e são gênese da desigualdade do país. O mesmo século XIX da vinda da família real para o Brasil, da independência do país é também o século da abolição da escravatura, fato que fortalece ainda mais a desigualdade social. Pouco restava aos escravos libertos, formalmente eles estavam livres, mas não conseguiam desenlaçar das condições subumanas as quais estavam submetidos. Esses escravos foram denominados por Jessé de Sousa como ralé social, uma categoria de sujeitos considerados dispensáveis pela sociedade.
Em uma alusão a obra de Gilberto Freyre Souza (2003,p.140) traça a permanência da desigualdade brasileira através da divisão e da ocupação dos espaços habitados por negros/ pobres e brancos/ ricos, uma espécie de “dimensão” geográfica da desigualdade, “da casa grande e senzalas, depois os sobrados e mucambos e talvez hoje em dia bairros burgueses e favelas (...)”. A desigualdade social estende se além do comportamento dos sujeitos e das relações estabelecida e do tratamento que é destinado aos pobres invisíveis
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