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Análise De Presença De Metanol Em Bebidas Alcóolicas

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Por:   •  22/4/2014  •  1.859 Palavras (8 Páginas)  •  1.699 Visualizações

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Risco de intoxicação por metanol pela

ingestão de bebidas alcoólicas

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RESUMO

O metanol é um constituinte naturalmente presente nas bebidas alcoólicas, em quantidades pequenas em relação aos demais componentes. Nas duas últimas décadas, foram relatadas, por diferentes autores de diversos países, ocorrências de casos de intoxicação e morte causados pelo consumo de bebidas alcoólicas contaminadas por metanol. O Instituto Adolfo Lutz, no período de 1976 a 1996, registrou quatro episódios de intoxicações graves associadas à ingestão de bebidas e um caso de intoxicação que envolveu álcool de uso doméstico. Em todos esses casos, altos níveis de metanol, confirmados pelas análises, foram encontrados em amostras de bebidas clandestinas ou elaboradas sem as boas práticas de fabricação. Neste trabalho é apresentado, de forma resumida, o possível risco do consumo de bebidas alcoólicas de procedência desconhecida, possivelmente elaboradas sem o controle das matérias-primas e que poderiam acidentalmente conter teores elevados de metanol.

Bibliografia: artigo de Elza Schwarz Gastaldo Badolato1, Maria Cristina Duran2

O metanol é um álcool de estrutura química simples, líquido, incolor, insípido e com leve odor alcoólico. Em determinadas situações, pode ser explosivo e emana vapores tóxicos em temperatura ambiente.

Por ter uma estrutura química simples, o metanol é facilmente produzido e encontrado na natureza. Sendo assim, o metanol é um constituinte naturalmente presente nas bebidas alcoólicas, em quantidades pequenas em relação aos demais componentes, como produto secundário do processo de fermentação. Algumas bebidas alcoólicas obtidas pela fermentação de frutas constituem uma exceção e podem conter concentrações maiores de metanol, devido à quantidade de pectinas metoxiladas e de enzimas (pectina-metilesterases) que podem ocasionar a formação adicional de metanol (Blinder, F. et al., 1988).

Devido à grande solubilidade em água e afinidade por lipídeos, o metanol é rapidamente absorvido pelo trato digestivo, sendo encontrado em tecidos com altos teores de água e lipídeos, por exemplo, olhos, músculos e sangue. As reações metabólicas do metanol são catalisadas pela enzima álcool desidrogenase hepática.

A toxicidade do metanol em si é baixa, porém, no seu processo metabólico, é produzido aldeído fórmico e ácido fórmico (Brun e Cabanis, 1993). Esses compostos podem provocar acidose metabólica, lesões oculares, degeneração parenquimatosa do fígado, rins e coração; alterações epiteliais, enfizema e disfunção cerebral progressiva, além de necrose pancreática (Romani, 1990).

A sintomatologia da intoxicação por metanol ao ser humano está condicionada à quantidade ingerida e varia desde dor de cabeça, náuseas e vômitos até cegueira e morte (Gosselin et al., 1976).

Os limites máximos tolerados para o metanol, em bebidas, são fixados pela legislação brasileira em 0,25 ml/100 ml de álcool anidro para aguardentes e outras bebidas destiladas e 0,35 g/l para vinhos (Portaria 371/74 e Portaria 229/88 do Ministério da Agricultura). Esses limites são baseados na ingestão diária aceitável (IDA) e estabelecem parâmetros que auxiliam na detecção de metanol adicionado deliberada ou acidentalmente em bebidas.

As doses tóxicas do metanol no homem e variam de indivíduo para indivíduo. Alguns autores consideram que o consumo de 20 ml provoca cegueira e que 60 ml constitui a dose letal (Blinder et al., 1988).

O álcool etílico, quando consumido ao mesmo tempo com o metanol, atenua os efeitos tóxicos deste último. O mecanismo desta proteção é explicado pela capacidade do álcool etílico em inibir a oxidação metabólica do metanol (Gosselin et al., 1976).

Além dos danos à saúde, causados pela ingestão de bebidas alcoólicas, deve-se também considerar a possibilidade de contaminação dessas bebidas. Segundo Vargas et al., 1995, a presença de níveis elevados de cobre, provenientes do equipamento de destilação, em cachaças ou aguardentes, pode trazer potenciais implicações clínicas, como lesões em vasos capilares, fígado e rins, além de causar a "doença de Wilson", que ocorre devido ao acúmulo de cobre nos tecidos. Este contaminante, entretanto, não será discutido neste artigo.

Nas duas últimas décadas, foram relatadas por diferentes autores de diversos países ocorrências de casos de intoxicação e morte pelo consumo de bebidas alcoólicas contaminadas por metanol. Este composto é incolor e apresenta odor e sabor semelhantes ao do etanol, sendo assim imperceptível a sua presença nas bebidas, mesmo em quantidades significativas. Existe um grande número de publicações de casos de intoxicação, em geral graves, que evidenciam o envolvimento do metanol.

Na Itália, em 1986, ocorreu o chamado "escândalo do metanol" (Montemiglio, 1992), onde, somente na cidade de Milão, foram observados 415 casos de envenenamento, que levaram a 9 óbitos e a 2 casos de cegueira definitiva. Estas pessoas consumiram vinhos que estavam contaminados com metanol (Romani, 1990).

Um caso de envenenamento fatal por metanol associado à demora do diagnóstico é apresentado por Pinto et Nee, 1997. O caso relatado demonstrou que é de grande valia a suspeita de intoxicação por metanol quando o paciente apresenta coma e acidose metabólica.

No Brasil, existem registros de casos de intoxicação por metanol, comprovados pelas análises realizadas em aguardentes de cana procedentes de Santo Amaro e Salvador, municípios do Estado da Bahia, apontados como suspeita de terem provocado intoxicação aguda seguida de morte pela presença de metanol.

Os resultados obtidos demonstraram que as amostras em embalagens fechadas seladas apresentaram níveis de metanol aceitáveis pela legislação e que, entre as 19 amostras a granel ou doses servidas em barracas, 5 apresentaram teor de álcool metílico superior ao limite máximo tolerado. Destas, três continham teores que poderiam oferecer riscos de intoxicação aguda ao consumidor.

Os comentários dos autores apontaram a possibilidade de que as amostras de aguardentes comercializadas a granel ou em doses são mais passíveis de fraude, seja pela adição de água ou pela adição de álcool não potável com alto teor de metanol (Miranda, M.P. et al., 1992).

Um levantamento efetuado pelo Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, revelou que, no início da década de 90, a falsificação de bebidas alcoólicas foi grande, principalmente

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