CORTADOR DE PALMA: UMA PROPOSTA SUSTENTÁVEL

CORTADOR DE PALMA: UMA PROPOSTA SUSTENTÁVEL

Gleidson de Oliveira Pinto, [e-mail]1

Alisson Coutinho dos Santos, [e-mail]1

Alexandre Mota Aderne, [e-mail]1

Danilo Valle de Souza, [e-mail]1

Gabriel dos Santos Marques, ([e-mail]1

George Santa Souza e Silva, [e-mail]1

Hikaro dos Santos Carvalho, [e-mail]1

Juliana Ponce Morais Morais, [e-mail]1

Marcel Pinto Rocha, [e-mail]1

1FAN – Faculdade Nobre, Av. Maria Quiteria n° 2116, CEP 44001-008, Feira de Santana, Bahia

Resumo: A Opuntia fícus-indica Mill, comumente conhecida nos sertões brasileiros como palma, apresenta-se como forrageira estratégica que contribuir com a alimentação dos animais do sertão durante os períodos de estiagem. O sertanejo, em geral, faz a retirada e o manejo da referida planta manualmente, o que pode ocasionar acidentes com os membros superiores. Uma alternativa é o uso de cortadores de palma que diminui o tempo da execução do corte e o risco de acidentes. No entanto, as maquinas que existem no mercado possuem preço elevado, além de necessitarem de fontes de energia (elétrica ou combustível) para seu funcionamento, o que em muitos casos dificulta seu uso por pequenos produtores. Neste sentido, se fez necessário um estudo para desenvolvimento de um método que seja, ao mesmo tempo, sustentável, e também seguro para o manejo. O presente artigo apresenta o desenvolvimento de um maquinário que permita o corte da palma de forma mais sistemática, reduzindo o risco de acidentes e alta produção, sendo ainda um processo mecânico, que evita o uso de energia elétrica ou motores de combustão interna, tornando assim de baixo custo. Na montagem do referido equipamento leva-se em consideração um estudo das propriedades físicas da palma, da frequência de sua utilização e adaptação ao sertanejo, para a partir de um software especifico, desenvolver um modelo computacional da maquina para visualização prévia do seu funcionamento. De posse dos resultados do modelo citado, foi proposta a montagem do maquinário, que utilizará materiais com preço acessível, priorizando reciclados, permitindo assim, o uso sustentável dos recursos. Ao final, este produto foi levado para teste de campo a fim de verificar seu funcionamento sob condições de uso real e verificar a aceitação dos usuários, que encontra-se em fase inicial. Ressalta-se ainda que a utilização do citado equipamento beneficiará a população do sertão, de modo que estes tenham um maior processamento da palma, com um mecanismo seguro, de baixo custo e que tenha uma manutenção acessível.

Palavras-chave: Desenvolvimento regional, Sustentabilidade, Inovação

1. INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro é uma das regiões mais carentes do Brasil, possuindo 1.570.511 estabelecimentos rurais dos quais 67,5% possuem área inferior a 10 ha (IBGE, 1996). A economia do semiárido e basicamente a pecuária e agricultura familiar. Sendo a pecuária a mais antiga atividade econômica do sertão. Os primeiros registros de atividade pecuária no semiárido data de 1535, com criatório de caprimos trazidos com os colonizadores portugueses (SUASSUMA, 2003). No entanto, não foi possível ter um grande desenvolvimento deste setor, por causa dos longos períodos de estiagem.

No inicio da colonização brasileira a população consentrava-se essencialmente no litoral, a migração para o interior nordestino deu-se principalmente com a proibição da criação de gado, pela carta Régia, em uma faixa de dez léguas desde o litoral em direção aos sertões (MASSOTE, 2013; NUNES, 2011). No entanto, a irregularidade dos períodos de chuva sempre esteve presente como um dos dificultadores no desenvolvimento econômico. Em 1580 e 1583 é registrado êxodo de índios do semiárido para o litoral em decorrência da seca (MASSOTE, 2013).

Uma das alternativas apontada por diversos estudos para minimizar os efeitos da seca na alimentação do rebanho nordestino é a palma forrageira, que além de nutrir parcialmente o rebanho, é em períodos de escassez, uma importante fonte de água potável (COSTA, 2008; FILHO, 2012;ALBUQUERQUE, 2006; SILVA, 2006; SOUSA, 2012; DONATO, 2011; SILVA, 2010; CANDIDO, 2013). Por esse motivo o nordeste brasileiro tornou-se a maior área de cultivo de palma do mundo com aproximadamente 500.00 ha, sendo cultivada por aproximadamente 250.000 famílias (ALBUQUERQUE, 2012).

Segundo COSTA, 2008 e GUIMARÃES FILHO, 2012 a palma é na pratica picada manualmente no cocho, uma operação trabalhosa e demorada uma vez que em média cada gado consome em média 50Kg de palma Poe dia (COSTA, 2008) e de 4 a 5Kg por cabra ou ovelha adulto (GUIMARÃES, 2012). Desta forma, é aconselhável a utilização de máquinas forrageira na preparação da palma, entretanto, as máquinas existentes no mercado possuem preços relativamente elevados para a maioria das famílias do semiárido nordestino. Outro aspecto, é que essas máquinas possuem motores elétricos ou de combustão para o seu funcionamento, matrizes energéticas que nem sempre estão disponíveis dos sertanejos. Além disso, muitos acidentes têm sido registrados durante o corte da palma por essas máquinas (MEDEIROS, 2012; GIBIKOSKI,2013; FERREIRA, 2013). O corte manual também pode ocasionar acidentes, uma vez que esse é feito com o uso de faca e com as mãos sem proteção adequada, e muitas vezes realizada por menores.

A fim de reduzir a probabilidade de acidentes e otimizar o tempo gasto com o preparo da palma para a alimentação do rebanho, foi desenvolvida pelos estudantes do curso de engenharia mecânica da Faculdade Nobre uma máquina para o corte da palma de baixo custo, sem necessidade do uso de motores e que prima pela segurança.

2. Descrição da Montagem

No mercado de materiais agrícolas, existem alguns equipamentos que trituram vegetais e que podem ser usados com o objetivo de triturar a palma. Desta maneira foi feito um levantamento das maquinas e produtos existentes, estudando os princípios de seus funcionamentos. Por trata-se de uma espécie vegetal de características