Cachaça De Viçosa Do Ceara

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIAS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CACHAÇA NO MUNICÍPIO

DE VIÇOSA DO CEARÁ

SANDRO DA SILVA MOREIRA

Fortaleza

2013

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, tem crescido o interesse pelo estudo das micro e pequenas empresas (MPEs). Isso se deve ao fato de que essas pequenas unidades de produção são importantes pilares para o desenvolvimento de regiões e até países, pois são importantes fontes geradoras de empregos e renda. Dessa forma ajudam a fortalecer a economia de municípios, inclusive de regiões mais pobres.

Porem, como o mundo cada vez mais competitivo, essas empresas isoladas encontram grandes dificuldades (pequena escala de produção, poucos recursos financeiros são algumas dessas) de se manter no mercado. Para que essas dificuldades sejam amenizadas, é necessário que essas MPEs estejam organizadas e envolvidas em estratégias comuns, pois quando várias empresas de um mesmo ramo passam a interagir, fortalece as chances de sobrevivência e crescimento, dessa forma constituindo-se em fonte geradora de vantagens competitivas. (CASSIOLATO E LASTRES, 2003).

De acordo com Cassiolato e Lastre (2003), essas aglomerações produtivas também recebem o nome de Arranjo Produtivo Local – APLs, são concentrações territoriais de empresas, em grande parte micro e pequenas, vinculadas a um determinado tipo de atividade econômica. Tais arranjos geralmente apresentam fortes vínculos envolvendo agentes localizados no mesmo território.

O presente estudo de caso abrange município de Viçosa do Ceará, tendo como principal objetivo analisar a organização do Arranjo Produtivo de Cachaça, identificando sua origem, seus participantes, bem como analisando alguns problemas que possam dificultar a expansão desse APL. Os objetivos específicos são: conceituar e entender a idéia de arranjo produtivo identificando aspectos do APL de Cachaça de Viçosa.

A metodologia utilizada para a realização desta monografia consistiu em pesquisa direta para coleta de dados, inclusive a aplicação do questionário utilizado pela REDESIST (Rede de pesquisa em sistemas produtivos e inovações locais), o que realizado em março de 2013, junto aos produtores do município de Viçosa do Ceará. A escolha dos entrevistados se deu por meio de um produtor tradicional com amplo trânsito junto aos demais e que conhece bastante a região e os produtores, sabendo suas dificuldades para dialogar sobre o assunto já que suas dificuldades de trabalho são bastante grandes. No total foram realizadas 10 entrevistas.

Pretende-se neste trabalho destacar a importância que as instituições públicas e privadas (universidades, bancos, associações, governo federal, estadual e municipal) desempenham um importante papel na articulação de políticas, tendo em vista dinamizar a atividade que os produtores desenvolvem, com o objetivo de promover a geração de emprego e renda para a população, promover a cooperação entre os empresários, afim de que haja fortalecimento da atividade desenvolvida por eles.

As entrevistas foram realizadas nas propriedades dos produtores. Conforme o questionário aplicado, puderam-se obter informações sobre a identificação dos produtores, a produção, mercados e empregos, inovação, cooperação e aprendizado, estrutura, governança e vantagens associadas ao ambiente local. Essas informações serão analisadas no decorrer desse trabalho.

Existe desde 2003 uma Associação dos Produtores de Cachaça de Alambique do Ceará – APCAC, de iniciativa dos próprios produtores que participaram de um seminário sobre produção de cachaça de alambique, realizado em Viçosa do Ceará e promovido pela Prefeitura Municipal. Tal evento contou com a presença de um técnico da FENACA (Federação das Associações de cachaça de Alambique). Após esse encontro, esses produtores sentiram-se motivados a criar associação.

Para a realização dessa monografia, além das entrevistas, foram utilizadas informações obtidas em livros, sites e jornais. O presente trabalho constara de 3 capítulos além desta introdução. No primeiro capitulo, pretende-se discutir a problemática das micro e pequenas empresas e mostrar como a formação de um APL – Arranjo Produtivo Local pode ser uma estratégia para melhorar a competitividade dessas unidades produtivas. No segundo, será feita uma caracterização do arranjo produtivo em questão, mostrando de que forma se deu o seu surgimento, descrevendo o processo de da produção de cachaça e identificando os principais problemas enfrentados. O terceiro visa analisar os dados relativos à pesquisa de campo dando uma ênfase a aspectos relativos ao desenvolvimento do arranjo, especialmente no que se refere à cooperação e ao aprendizado.

CAPITULO 1: ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

1.1 INTRODUÇÃO

O conceito e a abordagem metodológica de arranjos produtivos destacam o papel central da inovação e do aprendizado interativos, como fatores de competitividade sustentada, englobam empresas e outros agentes, assim como atividades conexas que caracterizam qualquer sistema de produção.

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist em diferentes regiões do país confirmam que a aglomeração de empresas e o aproveitamento das sinergias geradas por suas interações fortalecem suas chances de sobrevivência e crescimento, constituindo-se em importante fonte de vantagens competitivas duradouras. A participação dinâmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado empresas, especialmente as de micro, pequeno e médio portes, a ultrapassarem as conhecidas barreiras ao crescimento, a produzirem eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e até internacionais.

As políticas dos diferentes