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EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS ANIMAIS DE COMPANHIA QUE DEVE SER DEBATIDA?

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Por:   •  8/8/2014  •  1.400 Palavras (6 Páginas)  •  419 Visualizações

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EXISTE UMA QUESTÃO ÉTICA NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS ANIMAIS DE COMPANHIA QUE DEVE SER DEBATIDA?

LEITE, Fabiana Francielle Culau ; LIMA, Vanessa Yuri ; FISCHER, Marta Luciane

Introdução

A domesticação animal necessitou muito tempo e levou milênios para alcançar a relação com humanos que vivencia-se atualmente. Os cães selvagens tornaram-se fiéis e companheiros de caça, cuja relação com os humanos segundo FILHO (2013) iniciou há 15 mil anos, com o homem assumindo o papel de provedor de carne para garantir o sustento familiar enquanto a mulher cuidava da coleta de frutos e dos filhos, sendo elas as responsáveis pela promoção da aproximação com os lobos, conforme afirmam pesquisas zooarqueológicas (Instituto Anchieta de Pesquisas, 2012). Em contrapartida a origem felina é difícil de ser comprovada de forma definitiva considerando-se o fato de que gatos não contribuem significativamente com ações humanas em termos de trabalho ou caça. Tradicionalmente acreditava-se em uma origem egípcia, entretanto descobertas recentes acreditam que a domesticação ocorreu no Crescente Fértil, há cerca de 10 mil anos, sugerindo que os gatos começaram a se aproximar dos povoados de agricultores para se aproveitar dos restos de alimentos e camundongos (DRISCOLL et. al., 2013).

Em um contexto histórico, a relação entre homens e animais transcorre diferentes fases e entendimentos. Os gatos domésticos não tinham boa reputação quando o Brasil foi colonizado, contudo sendo considerados bons companheiros domésticos na Europa desde o Século XVIII. Já os cães eram considerados animais impuros pelo fato de se alimentarem de carniça, comportamento este que deu origem às expressões com conotação negativa e depreciativa como: “vida de cão” e “ele é o cão”. Foi apenas a partir do século XVII que a população europeia passou a perceber os caninos como sinônimo de fidelidade e coragem (ELIAS, 2010). Ao que diz respeito à domesticação canina, várias hipóteses foram formuladas, desde considerar que a princípio foram os próprios caninos que optaram por viver perto dos homens por conta da facilidade em alimentação, até a versão mais tradicional que considera que há cerca de 40 mil anos, grupos de lobos (Canis lupus) que viviam no Leste Asiático perceberam que poderiam obter alimento mais facilmente seguindo os humanos. Há de se ressaltar essa relação entre homens e animais, pois, sabe-se que a domesticação foi um dos eventos mais significativos da história humana que vem se configurando ao longo da evolução. Para Delarissa e Matiolli (2013), a proximidade afetiva com os bichos foi herdada de nossos antepassados. Contudo, atualmente essa relação está se tornando mais complexa, as pessoas sem se dar conta, passaram a estreitar cada vez mais sua relação com os animais de companhia, tornando-os provedores de afeto e alívio para suas angústias.

Materiais e Métodos

O presente estudo partiu da observação não-estruturada (assistemática) do comportamento humano com seus animais de estimação nas redes sociais e blogs. Foram analisadas publicações aleatórias num período de 4 meses, a partir daí foram selecionadas algumas imagens referentes à relação humana com seus pets.

Resultados e Discussão

Atualmente – com o advento da vida moderna, da correria das grandes cidades e da necessidade de praticidade – os indivíduos optaram por um modelo familiar diminuído ou então pela vida solitária e por inúmeras vezes os animais de estimação, em particular os cães ou gatos, tem servido como substitutos de amigos, de um ente familiar ou de uma criança, já que embora necessitem de alguns cuidados, não exigem muita atenção. Essa opção por um adquirir um animal de companhia, muitas vezes, decorre do fato de os bichos parecem seguros quanto à própria “identidade” e não se preocupam com o julgamento de seus pares. Já o homem preocupa-se com seu lugar na sociedade, compreende e precisa “agregar valores” a si mesmo e a quem representa ou acredita ser. Já, para o cachorro, o grupo humano ao qual pertence se torna sua matilha, e nela ele identifica um líder. A parceria formada desde muito cedo entre cães e humanos provavelmente tem sido favorecida por essa predisposição comum para viver num “ambiente tribal” DELARISSA; MATIOLLI (2013).

A escolha por um objeto de afeto que não necessite de grande investimento, embora exija alimentação, companhia e um pouco de carinho muitas vezes está associada ao fato do bicho não fazer cobranças e muito menos exigências. De acordo com MARCONDES (2013), o Brasil tem 98 milhões de animais de estimação segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet). Os números são impressionantes e é compreensível questionar as razões da existência dessa quantidade de animais de estimação (pet em inglês, do verbo to pet, afagar, acariciar), bem como investigar os mecanismos sociais e psicológicos que nos levam a nos identificar com eles. Além das relações de afeto, muitas vezes os animais de estimação são adquiridos com objetivo de contribuir para melhorar a saúde física ou mental de seus donos, embora os benefícios que eles trazem para a saúde sejam questionados por alguns pesquisadores, já que estes afirmam, não se tem comprovação de tais benefícios sejam duradouros. É notório destacar que a presença dos pets reduz os níveis de estresse, dentre outros benefícios destacados pelo Journal of the American Association of Human-Animal Bond Veterinarian (AAHABV) através de um estudo feito pelos pesquisadores

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