Esquema de produção
Resenha: Esquema de produção. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: kaiquetrabalho • 14/11/2013 • Resenha • 1.330 Palavras (6 Páginas) • 279 Visualizações
Os Circuitos da Produção
Como a produção do espaço resulta do trabalho social que se funda no sistema técnico imperante em cada fase da história, o conjunto das tarefas executadas pela sociedade reflete a correlação entre espaço produzido e as técnicas disponíveis em determinada época, também chamada de ciclo. O Brasil nasceu na região do nordeste atual, do litoral ao interior ou o amplo sertão nordestino, com a pecuária. Neste, sucederam do séc. XVII ao XXI vários sistemas técnicos da pecuária, cotonicultura, extrativismo, agroindústria e turismo. Cada um com suas especificidades de trabalho. Tomamos, como referência territorial, uma parte de uma das unidades político-administrativas, o estado do Ceará no Nordeste Oriental, cujo trabalho sempre esteve ligado, direta ou indiretamente, à ordem internacional, quer da metrópole (Portugal) quer de outros mercados1.
Palavras-chave: sistemas técnicos, pecuária, atividades extrativas, agroindústria e turismo.
O espaço, como produto do trabalho social, estabelece a condição de continuidade da sociedade, pois cada nova geração sobrevive utilizando-se dos objetos do passado, superpondo-lhes ou acrescentando-lhes outras criações. O geógrafo Allen Scott (1988) diz que "sob as pressões da acumulação, o mundo social está continuamente sendo transformado e retransformado". Com o tempo, o espaço se torna mais complexo e, com as novas condições de comunicabilidade entre os grupos sociais, o espaço ultrapassa o local, tornando-se universal.
As técnicas de uma época estão no espaço produzido. O tempo está, assim, no espaço. Neste, o tempo se denuncia pela presença de diferentes modos de produção. Dizer que "cada vez que o uso social do tempo muda, a organização do espaço muda igualmente. De um estágio da produção a outro, de um comando do tempo a outro, de uma organização do espaço a outra, o homem está cada dia e permanentemente escrevendo sua História, que é ao mesmo tempo a história do trabalho produtivo e a história do espaço."
No capitalismo, essas exigências de fazer e refazer formas assume um caráter cíclico. Harvey (citado por Soja, 1993) sintetizou esse caráter do sistema: "as contradições internas do capitalismo expressam-se através da formação e reformação irrequietas das paisagens geográficas. É de acordo com essa música que a geografia histórica do capitalismo tem que dançar, ininterruptamente"
Essa afirmação de David Harvey nos leva ao tema dos ciclos, debatidos e teorizados por pensadores de diferentes posturas ideológicas 2, como a teoria dos ciclos longos ou das ondas de Kondratieff.
Nesse corpo teórico, a análise ultrapassa os limites da economia, porquanto vê o sistema em sua totalidade, incluindo "componentes tecnológicos e sociais em interação com o subsistema econômico (Perez) ou, como nos diz o economista brasileiro Ignácio Rangel: “os ciclos econômicos não são apenas fatos econômicos”. Esses ciclos estão relacionados com as mudanças técnico-econômicas e sócio-institucionais. À medida que elas apresentam uma sintonia há uma tendência de refazer-se da crise e o sistema toma impulso, fase em que se propõe chamar de fase "A". Quando o sistema capitalismo entra em crise, com o desajuste dos dois subsistemas (técnico-econômico e sócio-institucional), entra na depressão ou fase "B".
Desde o século XVIII que, com o controle e a condensação do conhecimento tecnológico transformado em técnica, o capitalismo reedifica-se e solidifica-se, embora dentro das contradições que lhe são inerentes. Os grandes períodos, grandes ciclos ou ondas longas, de duração entre 50 e 60 anos, são marcados por determinados conjuntos de descobertas, de inovações conjugadas que estabelecem uma nova forma de produção e de consumo, possibilitando outra dinâmica à vida global da sociedade, afeiçoando-a a um outro paradigma. Dessa maneira, mudam-se as funções, ressurgem formas novas para melhor atender a reanimação dos fluxos de que resulta a produção de um novo espaço, o espaço da modernidade de então. É por isso que podemos falar do espaço de uma determinada época, de novas funções das forma, de "rugosidades"3, de reestruturação do sistema da renovação do espaço geográfico e de inovação da modalidades e das formas de relações de trabalho.
Na compreensão do economista europeu Joseph Schumpeter (1883-1950), essa fluidez do sistema em, periodicamente, apresentar rupturas e posterior ajustamento deve-se à sua dinâmica basear-se na vaga contínua de destruição criativa. Essa idéia se fundamenta na ação dos empresários inovadores que, diante da crise, assimilam a nova ordem técnica e adotam métodos capazes de produzir a custo menor. A base do contexto capitalista está na "abertura de novos mercados, externos ou internos, e o progresso de organização desde o artesanato até a indústria que, incessantemente, revoluciona a estrutura econômica, destruindo incessantemente a antiga e incessantemente criando uma nova. Este processo de destruição criativa é o fato essencial do capitalismo" (Schumpeter,1946, p.103-4).
Para Soja (1993), "a reestruturação, em seu sentido mais amplo, transmite a noção de uma ruptura nas tendências seculares, e de uma mudança em direção a uma ordem e uma configuração significativamente diferentes da vida social, econômica e política. Evoca, pois, uma combinação
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