Estrutura Das Comunidades
Trabalho Escolar: Estrutura Das Comunidades. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: carolkenia • 18/9/2014 • 8.180 Palavras (33 Páginas) • 171 Visualizações
CAPíTULO 18
Estrutura das Comunidades
Para a maioria dos ecólogos, o termo comunidade significa um conjunto de espécies que
ocorrem juntas no mesmo lugar. Os ecólogos também concordam que as espécies numa
comunidade podem interagir fortemente como consumidores e recursos ou como competidores.
De fato, grande parte deste capítulo e dos próximos três se concentra nas consequências
destas interações para a diversidade e distribuição das espécies, e para o funcionamento
e estabilidade dos sistemas ecológicos. No entanto, os ecólogos não concordam
sempre com o significado da palavra "comunidade", e que muito da história pregressa da
disciplina tenha consistido em debates acirrados entre os defensores das diferentes escolas.
De fato, de alguma forma, estes debates ainda permanecem entre nós. Alguns ecólogos têm
afirmado que a comunidade é uma unidade de organização ecológica com fronteiras reconhecíveis
e cuja estrutura e funcionamento são reguladas pelas interações entre as espécies.
Outros olham para a comunidade como um conjunto pouco definido das espécies que podem
tolerar as condições de um lugar ou habitat específico, mas que não têm fronteiras distintas
onde um tipo de comunidade se encontra com outro.
A ideia de que as comunidades são unidades ecológicas organizadas atingiu seu extremo
no conceito das comunidades como superorganismos. Desta perspectiva, as funções das diversas
espécies estão conectadas como as partes de um corpo e evoluíram tal que intensificam
essa interdependência. Este ponto de vista requer que as comunidades sejam entidades discretas
que podem ser distinguidas uma da outra, no sentido como distinguimos os indivíduos
nas populações ou as diferentes espécies numa comunidade. A defesa mais influente do ponto
de vista organicista foi o ecólogo vegetal americano Frederic E. Clements (1874-1945).
As ideias de Clements da comunidade eram intimamente ligadas aos tipos de vegetação. Ele
colocou que algumas fronteiras de comunidades - por exemplo, entre florestas decíduas e
a pradaria no meio-oeste dos Estados Unidos, ou entre florestas de folhas largas e florestas
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de acículas no sul do Canadá - são claramente definidas e respeitadas pela maioria das
espécies de plantas animais (Fig. 18.1).
O conceito holístico de Clements de comunidade parece correto de certa forma. Não podemos
ponderar o significado do funcionamento de um rim separado do organismo ao qual
ele pertence. Muitos ecólogos argumentam que as bactérias do solo não fazem sentido sem
uma referência aos detritos sobre os quais elas se alimentam, seus consumidores e as plantas
nutridas por seus rejeitos. Analogamente, pode-se compreender cada espécie somente em
termos de sua contribuição para a dinâmica do sistema todo. Mais importante é que, de
acordo com o conceito holístico, as relações ecológicas e evolutivas entre as espécies intensificam
as características da comunidade, tais como a estabilidade do fluxo de energia e os
padrões de ciclagem de nutrientes, tornando uma comunidade muito mais do que a soma de
suas partes individuais.
Em resposta a Clements, o botânico Henry A. Gleason (1882-1975) defendeu um conceito
individualista da organização das comunidades. Gleason acreditava que uma comunidade,
muito diferente de ser uma unidade distinta como um organismo, é meramente uma
associação fortuita de espécies, cujas adaptações e requisitos as capacitam a viver juntas
sob as condições físicas e biológicas de um determinado lugar. Uma associação de plantas,
ele disse, é "não um organismo, raramente mesmo uma unidade vegetacional, mas meramente
uma coincidência". Analogamente, a estrutura e o funcionamento das comunidades simplesmente
expressam as interações de cada espécie que constituem as associações locais, e
não refletem qualquer organização, propósito ou qualquer outra coisa acima do nível das
espécies. Lembre-se de que a seleção natural age sobre o ajustamento dos indivíduos, e assim
cada população numa comunidade evolui para maximizar o sucesso reprodutivo de seus
membros individuais, e não para beneficiar a comunidade como um todo.
Como veremos, a ecologia moderna integra a premissa individualista, de que a maioria dos
conjuntos de espécies carecem de fronteiras distintas, e a premissa holística, de que os atributos
da estrutura e funcionamento da comunidade surgem das interações entre as espécies.
CONCEITOS DO CAPíTULO
FIG. 18.1 As fronteiras de algumas comunidades são claramente
definidas. As encostas dos morros do sul da Colífórnío têm vegetação
de chaparral nas elevações mais altas, de campo na mais
baixa, encostas mais quentes, e carvalhos-americanos nos vales mais
úmidos
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