Famílias na contemporaneidade: "família nuclear"
Por: gabrielarcoelho • 16/2/2016 • Resenha • 1.793 Palavras (8 Páginas) • 712 Visualizações
Niterói, 15 de fevereiro de 2016
Universidade Federal Fluminense - Escola de Serviço Social
Disciplina Família, políticas sociais e Questão Social /Turno: Noite
Docente Rita Freitas
Discente Maíra Carrera
1)
O modelo de "família nuclear" surge no século XIX, é um modelo patriarcal, caracterizado por uma família fechada em si mesma, restrita a pai, mãe e filhos, com relações baseadas em hierarquias e subordinação. Em que o homem ocupa o lugar de "chefe de família", "provedor", possuindo toda a autoridade e a função de manter financeiramente o lar. Assim, está delegado ao homem a vida pública. Já a mulher está delegada à esfera privada, presa ao mito da maternidade por instinto, exerce o papel de cuidar dos filhos e da casa em geral. Esse modelo, concebido pela Burguesia, passou a ser difundido como o ideal, como o modelo a ser seguido.
Heloisa Szymanski, ao falar sobre "famílias pensadas e famílias vividas" faz uma crítica ao ideal de família burguês tão exaltado pelas mais variadas instituições - desde igrejas, escolas e até mesmo a mídia. Quando se parte do presuposto de que existe um ideal de família, se invisibiliza as demais famílias que são construídas cotidianamente, que fogem à norma no quesito da estrutura familiar e também da forma como as relações entre os membros se dão. A autora reflete sobre os impactos de se difundir um ideal familiar: as demais formas estão sendo inferiorizadas, tratadas como desestruturadas, incompletas, carregam o fardo dos problemas sociais que a atingem.
A autora defende uma nova concepção de família, e define "famílias vividas" como relações afetivas duradouras, compostas por relações de cuidado entre todos os seus integrantes, rompendo assim, com a especialização moral das funções de cada um.
2)
Roseneil afirma que esse desalojamento é fundamental para compreender o estado atual das relações pessoais e também o futuro que terão, criticando o campo da Sociologia por estudar essas relações predominantemente sob o aspecto da heteronormatividade e defendendo uma análise mais ampla das mudanças sociais contemporâneas. O conceito de família tem se pluralizado, muito influenciado pelos movimentos gay e feminista, e por conta da crescente desagregação e recomposição familiar, além da diversidade na composição atual das famílias.
O texto propõe o estudo das "intimidades fora do padrão", das relações que são postas como extrafamiliares, como as relações gays e lésbicas e as relações de amizade; Aponta para o fato de que intimidade, o afeto, o amor e o cuidado no século XXI não estão restritos ao âmbito da família (como a família pensada), mas se dão em outros âmbitos da socialibidade, como em um grupo de amigos, e devem sim ser encaradas como relações familiares.
3)
O universo feminino, anteriormente restrito à esfera privada, se expande -através das revoluções industriais e do avanço do movimento feminista- para a esfera pública, com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, nas universidades, etc. Essa expansão, porém, não representou a libertação do espaço doméstico e de suas obrigações para com a casa e os filhos, assim como também não foi amparada por sistemas de proteção. A carência de políticas e instituições que amparassem essa inclusão da mulher na esfera pública fez com que estas mulheres necessitassem transferir a outras seus encargos domésticos e os cuidados dos filhos, criando uma rede de apoio, que se vincula ao conceito de territorialidade, pois se dá através de relações sociais formadas em um espaço que as pessoas compartilham e que por isto permite as articulações entre elas; compartilham dos mesmos recursos ou da falta deles, compartilham da afetividade pelo local ou do sentimento de pertencimento.
Rede essa que modifica o cotidiano familiar, rompe com a estrutura tradicional da família e cria outros vínculos, que podemos exemplicar, pela circulação de crianças, quando os filhos transitam temporariamente (e as vezes torna-se definitivo) pela casa de parentes, vizinhos ou amigos, para que estes cuidem deles, na ausência da mãe; Com os casos de maternidade transferida, em que o cuidado dos filhos fica delegado a uma outra mulher para que a mãe possa trabalhar, gerando assim um outro vínculo de maternagem. E, ainda dentro desse mesmo contexto de ajuda mútua, nascem as redes de solidariedade, com a "categoria das mães em luta", mães que sofrem com a violência urbana contra seus filhos e se solidarizam umas com as outras, se articulam para lutarem em pró dos direitos humanos.
4)
A maternidade é a condição de ser mãe, biologicamente, é o laço sanguíneo que une mãe e filho. É uma condição intransferível. Enquanto a maternagem é a condição de exercer o papel de mãe, ser responsável pela educação, pelos cuidados com o outro indivíduo. A maternagem pode ser exemplificada nos casos de circulação de crianças e de maternidade transferida.
5)
As evoluções tecnológicas e a evolução do modelo capitalista alteraram a divisão do trabalho, causando impacto sobre o a hierarquia entre os sexos, a parcela feminina no mercado de trabalho cresceu, em parte também porque as evoluções tecnológicas também se deram para a vida privada, facilitando os afazeres domésticos, o que significou uma liberação de tempo para as mulheres, que passaram a se dedicar a outras atividades da esfera pública.
O fato de tanto o homem quanto a mulher possuírem empregos, carreiras, e precisarem de tempo para dedicar-se a elas, tornou os casamentos mais tardios, além de ter causado,de modo geral, a redução do número de filhos, gerando uma queda na taxa de fecundidade. As novas formas de relacionamento, que não necessariamente tornam-se casamento e o aumento do número de divórcios também impactaram o crescimento demográfico, mas, principalmente, o ideal de modelo familiar. Todas essas alterações econômicas, até no âmbito privado (a fonte de renda também oriunda da mulher), a necessidade da mulher pôr em segundo plano a esfera privada (apesar de não libertar-se totalmente dela), as políticas públicas de proteção social que ampararam, mesmo que minimamente, a saída dessas mulheres de casa, foram, gradativamente, modificando as formas de
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