Fundamentos teórico metodológicos em Serviço social
Por: Andressa Oliveira • 1/5/2019 • Dissertação • 670 Palavras (3 Páginas) • 213 Visualizações
Na perspectiva complexa, cada indivíduo, a partir de toda sua experiência acumulada durante a vida, vai criando sua autorreferência, e essa autorreferência é que define a própria visão que o indivíduo tem a respeito do seu "EU" quando ele se relaciona com o ambiente, e tambem o significado de cada elemento quando lhe é apresentado . Considerando isso, em uma intervenção, há que se limitar ao "EU" do sujeito respeitando o modo como se coloca e sua história, de modo que o meu olhar cause o mínimo de interferência possível, pois não posso utilizar as minhas próprias referências para intervir no "EU" do sujeito sem levar em consideração seu "EU".
Analisando o caso das famílias quilombolas, pode-se perceber que se trata de famílias em situação de fragilidade, onde os direitos territoriais foram atingidos e a integridade física dos membros está ameaçada. Diante de tal situação alguns membros do quilombo se desmotivam e acreditam que não há solução para o ocorrido, enquanto outros presumem ter algum recurso porém não sabem como proceder. Inicialmente, na perspectiva complexa, o assistente social deve intervir causando uma espécie de "pertubação", através de estratégias de empoderamento levando os membros da comunidade à refletirem a respeito da situação em que eles se encontram, para que tenham real entendimento das relações de poder existente entre a comunidade, o Estado e o mercado. Nesta etapa a informação dos direitos e dos programas e políticas públicas existentes para sua promoção é fundamental. O objetivo principal nesta primeira intervenção é ampliar a resistência da coletividade e reforçar a legitimidade histórica e constitucional de sua luta. Logo após, em acordo com a população, cabe ao assistente social promover ação junto ao Ministério Público Federal objetivando defender os direitos de terra desta coletividade.
A autorreferência faz parte dos princípios da identidade do sujeito no paradigma da Complexidade. Trata-se da forma como o sujeito subjetivo ''EU" externa e relaciona-se com o meio e consigo. Esse externar é a objetivação do ''EU" e constitui-se a partir das interações sociais sendo o que é captado pelos demais sujeitos. É a manifestação daquilo que eu julgo ser mais adequado apresentar, bem como uma forma de o sujeito refletir a respeito do "EU". Será visto pelos demais sujeitos através dos seus próprios filtros, ou seja, a partir das suas próprias referências, logo, o "EU" jamais será completamente revelado ou o "EU" completamente entendido. Tendo isto em mente, em uma intervenção, há que se ater ao "EU" do sujeito respeitando o modo como se coloca e sua história, de modo que o meu olhar cause o mínimo de interferência possível, pois não posso utilizar as minhas próprias referências para intervir no "EU" do sujeito sem levar em consideração seu "EU". Sobre a caracterização da autorreferência Quilombola, sabe-se que o "EU" dos sujeitos, como citado acima, constitui-se a partir das suas vivências sociais. Todos, historicamente, têm passado pelas mesmas violações quanto às suas terras e desrespeito quanto às suas origens, e o "EU" de cada um diverge sobre a resolução de um problema coletivo. Há os mais empoderados, os mais desmotivados e os conformistas. Em um primeiro momento, penso ser interessante a intervenção através de estratégias de empoderamento para o entendimento das relações de poder existentes entre a comunidade, o Estado e o mercado, a fim de ampliar a resistência da coletividade e reforçar a legitimidade histórica e constitucional de sua luta. A informação dos seus direitos e dos programas e políticas públicas existentes para sua promoção é algo fundamental neste processo. O fato de o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) ter cedido às pressões políticas e de mercado torna o movimento de resistência mais complexo. Cabe ao profissional, quando em concordância com a população, ajuizar ação junto ao Ministério Público Federal (MPF) para a defesa dos direitos coletivos sobre a terra. Penso que a intervenção do assistente social nesse caso ocorreria desta forma: empoderamento, informação, plano de ação contra a violação sofrida elaborado na coletividade, execução do plano.
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