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Imunidade E Parasitologia

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Por:   •  21/3/2015  •  7.179 Palavras (29 Páginas)  •  401 Visualizações

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1 Introdução

A imunidade ou resistência do hospedeiro contra infecções víricas depende da atuação in¬tegrada da resposta imune inata e da resposta imune adquirida. Os mecanismos envolvidos na resposta imune inata atuam imediatamente após o contato do hospedeiro com os antígenos virais, não possuem capacidade de discriminação entre os vírus e não necessitam de exposição prévia para serem desencadeados. Os mecanismos envolvidos na resposta imune adquirida, por sua vez, desenvol¬vem-se sequencialmente e de forma mais lenta e sincronizada, resultando na indução de células e moléculas efetoras, que irão combater o agente, e de células de memória, que possuem vida longa e que serão mais rápida e efetivamente reestimuladas em exposições subsequentes ao mesmo agente.

A divisão entre a resposta imune inata e ad¬quirida não é absoluta, e essas duas formas de resposta estão interligadas, atuando conjuntamente no combate aos agentes agressores. Os principais protagonistas da conexão entre essas respostas são as células dendríticas (dendritic cells, DCs). Essas células circulam pelos tecidos periféricos e são dotadas de uma grande capacidade de reconhecer os mais variados tipos de micro-organismos. Após reconhecimento e captura desses micro-organismos, as DCs se dirigem aos órgãos linfoides secundários, onde estimulam as células linfoides, que são os principais protagonistas da resposta imune espe-cífica. Além disso, as infecções víricas estimulam uma intrincada rede de informações químicas e celulares que visam maximizar o mecanismo imu¬nológico mais efetivo contra a maioria dos vírus: os linfócitos T citotóxicos (Tc).

Os componentes da imunidade inata são ativa¬dos precocemente após a infecção e se encarregam de limitar e restringir a replicação viral até que os mecanismos da resposta imune adquirida tenham sido desencadeados. Na resposta inata contra vírus, atuam principalmente as DCs, o interferon do tipo I (IFN-I), células natural killer (NK) e os componentes ativos do sistema complemento. A resposta imune adquirida é mediada por células (linfócitos T) e por moléculas circulantes (anticorpos), produzidas por células derivadas dos linfócitos B.

2 Resposta imune inata

A resposta imune inata (também denomina¬da natural ou inespecífica) é mediada por células e moléculas. Previamente à estimulação dessa resposta, mecanismos naturais de proteção contra a penetração de patógenos, como a pele, os pelos, o muco, enzimas, peptídeos antivirais e antibac¬terianos (defensinas e catelicidinas) representam as barreiras iniciais contra os agentes infecciosos. A ausência ou disfunção desses mecanismos pro¬vavelmente resultaria em aumento da frequência e severidade das infecções. Embora sejam consi¬deradas componentes da imunidade inata, essas barreiras não serão abordadas nessa revisão. Aqui, será dado enfoque aos mecanismos imunológicos naturais que efetivamente participam da imunidade antiviral e, principalmente, que cooperam com a ativação da resposta imune específica.

A resposta imune inata é assim denominada em razão de algumas características peculiares, tais como: a) atua imediatamente após o contato com o agente; b) não discrimina diferentes tipos de antígenos; c) atua com intensidade relativamente constante; e d) não possui memória. É questionável se, agindo isoladamente, a resposta inata seria capaz de erradicar uma infecção vírica estabelecida. No entanto, os seus mecanismos efetores se consti¬tuem em obstáculos importantes, que retardam a progressão do processo infeccioso, controlando-o temporariamente e, assim, permitindo o desenvol¬vimento da imunidade específica. Os principais componentes da resposta inata contra vírus são representados pelas DCs, IFN-I, sistema comple¬mento e células NK. Esses mecanismos são desen¬cadeados sequencialmente após a infecção vírica e antecedem o desenvolvimento dos mecanismos específicos.

2.1 Células dendríticas (DCs)

As DCs constituem uma população hetero¬gênea de células que diferem entre si em relação à origem, localização, expressão de receptores e habilidade na apresentação de antígenos. As DCs que se originam de progenitores mieloides da medula óssea são semelhantes aos monócitos e são denominadas de DCs mieloides (mDCs). As DCs que se originam dos progenitores linfoides são denominadas de DCs plasmacitoides (pDCs) e se assemelham aos plasmócitos. As mDCs são en¬contradas em quase todos os tecidos e órgãos, com exceção do cérebro, dos olhos e dos testículos. São especialmente abundantes nos linfonodos, na pele e em tecidos subjacentes a superfícies mucosas, locais frequentes de penetração de agentes virais. As células de Langerhans (LC), por exemplo, estão localizadas na epiderme; DCs intersticiais estão localizadas na derme, nas mucosas e em tecidos periféricos. As mDCs desempenham a importante função de apresentar antígenos aos linfócitos T e transferir antígenos aos linfócitos B, eventos que se constituem no principal elo entre a imunidade inata e a imunidade adquirida. As pDCs, por sua vez, encontram-se principalmente nos órgãos linfoides, como a medula óssea, timo, baço, tonsilas e linfonodos e são as principais células produtoras de IFN-I durante as infecções virais, participando ativamente da estimulação das células NK.

A capacidade das células do sistema imune natural, principalmente das DCs, em reconhecer componentes microbianos depende de componentes inerentes aos micro-organismos e componentes inerentes às células. Os micro-organismos possuem um “padrão molecular” peculiar, genericamente denominado de Padrão Molecular Associado aos Patógenos (PAMP) que se constitui em uma espé¬cie de “código de barras” dos micro-organismos, pelo qual poderá ser identificado pelas células do sistema imune natural. Por outro lado, as células do sistema imune natural possuem a capacidade de decifrar esse “código de barras”, por meio de receptores específicos, denominados, de forma geral, de Receptores de Reconhecimento Padrão (PRRs). Os principais tipos de PRRs das células dendríticas são denominados TLRs (Toll-like recep¬tors), RLRs (retinoic acid-inducible gene I [RIG]-like receptors) e NLRs (nucleotide oligomerization domain [NOD]-like receptors). Os vírus presentes no meio extracelular são reconhecidos pelos PRRs presentes na membrana das células imunológicas. Por outro lado, durante a infecção das células, os componen¬tes virais gerados no ambiente intracelular (RNA de fita simples, RNA de fita dupla, DNA com pa¬drão CpG) são reconhecidos por PRRs presentes em organelas intracelulares, principalmente os endolisossomos.

A detecção dos componentes

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