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Mata Atlântica

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Por:   •  8/2/2014  •  8.623 Palavras (35 Páginas)  •  282 Visualizações

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INTRODUÇÃO

“A história brasileira está intimamente ligada à Mata Atlântica, que detém uma elevada biodiversidade e é considerada um dos mais importantes biomas do mundo. Entretanto, também carrega o dogma de um dos biomas mais ameaçados, sendo considerado um hotspot para conservação, dado o seu alto grau de endemismo e ameaças de extinções iminentes.” (RODRIGUES, R.R.; BRANCALION, P.H.S.; ISERNHAGEN, I. 2009).

A Mata Atlântica é um dos maiores repositórios de biodiversidade e considerado um dos mais importantes e ameaçados biomas do mundo. Entretanto, a degradação desse bioma é um reflexo de sua devastação desordenada e da exploração predatória dos seus recursos naturais. Os impactos de diferentes ciclos de exploração e a concentração das maiores cidades e núcleos industriais fizeram com que a área de vegetação de vegetação natural fosse reduzida drasticamente. A Mata atlântica hoje corresponde a menos de 8% de sua extensão original. A região foi tradicionalmente a principal fonte de produtos agrícolas e, atualmente abriga os maiores pólos industriais e silviculturais do Brasil, além dos mais importantes aglomerados urbanos. É também responsável por quase 70% do PIB nacional e abriga mais de 60% da população brasileira, garantindo o abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas, além de possuir as maiores extensões dos solos mais férteis do país.

“Nas ultimas décadas, muito se debateu sobre as estratégias de como conciliar um desenvolvimento que integre princípios de justiça social, viabilidade econômica e prudência ecológica, nos termos que atualmente se denomina de desenvolvimento sustentável, ainda são escassas as experiências implantadas com essa ótica. Em alguns locais já se pensa em ajustar as atividades tradicionais de uma região aos ciclos de reprodução e capacidade de suporte de cada ecossistema. Assim, essas atividades, se bem manejadas e equilibradas, podem contribuir significativamente para diminuir a pressão sobre a base dos recursos naturais, sobretudo em áreas de Mata Atlântica. Torna-se, portanto, fundamental envolver essas atividades econômicas nos novos conceitos de desenvolvimento sustentável, criando assim, agroecossistemas integrados e multiestratificados.” (Atlas de Ecossistemas do Espírito Santo. 2008).

A capacidade destrutiva do homem é enorme, e a busca de novas riquezas parece ser constante. A destruição das florestas trouxe graves modificações, alterando o clima, a distribuição das chuvas e a capacidade dos rios, exaurindo a fertilidade do solo, extinguindo espécies animais e vegetais, pronunciando o início da luta pela sobrevivência, em um sistema de produção em desequilíbrio. Muitos homens do campo tiveram de abandonar suas terras e ir para as cidades, aumentar os cinturões de miséria em busca da sobrevivência assalariada.

Mesmo com toda essa degradação, os remanescentes florestais de Mata Atlântica existentes atualmente apresentam uma das maiores biodiversidades do mundo, dessa forma é de extrema importância a conservação destes recursos florestais, que se apresentam, em sua maioria, fragmentados em pequenas áreas localizadas em propriedades particulares.

A Mata Atlântica possui mais de 25 mil espécies de plantas (quase metade é exclusiva do Brasil), 131 espécies de mamíferos (50 exclusivas), 620 de aves e 260 de anfíbios, hoje, reduzida a menos de 8% de sua extensão original. O elevado índice de chuvas ao longo do ano permite a existência de uma vegetação rica, densa, com árvores que chegam a 30 metros de altura, e com isso, possibilita a moradia de grandes exemplares da fauna (abriga 54% das árvores, 80% dos primatas e mais da metade dos mamíferos que existem no Brasil) e uma enorme quantidade de espécies endêmicas, é o caso de 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes.

Movimentos ecológicos lutam pela preservação da flora e fauna das áreas remanescentes, pois cerca de 90% da área da Mata Atlântica se encontra devastada. Pesquisa realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo instituto Nacional de Pesquisas Espaciais revela que em cinco anos o Brasil perdeu 533 mil hectares de floresta atlântica com a derrubada de 1,07 bilhões de árvores. Esse número representa 6% do que havia em 1985. Nos locais onde ela sobrevive, a Mata Atlântica apresenta uma das paisagens mais espetaculares da Terra.

A importância do patrimônio natural é inquestionável, em função dos seus vários benefícios como a conservação da biodiversidade, a manutenção de características climáticas e a proteção aos recursos e hídricos, entre outros.

O DESCOBRIMENTO E A EXPLORAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

Os primeiros exploradores europeus que chegaram à costa brasileira se depararam com uma magnífica floresta de vegetação exuberante, repleta de plantas e animais desconhecidos e exóticos. Esta floresta, que mais tarde seria conhecida como Mata Atlântica, facinou os visitantes com sua imponência e riqueza biológica. Segundo narrativa de um viajante em 1576, a paisagem “ toda está vestida de mui alto e espesso arvoredo, regadas com águas de muitas e mui preciosas ribeiras de que abundantemente participa toda a terra. ” (Prado, 1997).

A Mata Atlântica também impressionou Charles Darwin, que a visitou em 1832 durante sua épica viagem ao redor do mundo a bordo do Beagle e registrou suas impresões no seu diário: “Bahia ou São Salvador, Brasil, 29 de fevereiro – O dia passou de modo encantador. Apenas encantamento, no entanto, é insuficiente para expressar os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, vaguia sozinho por uma floresta brasileira. A elegância das gramíneas, a originalidade das plantas parasitas, a beleza das flores, o verda acetinado da folhagem, mas acima de tudo a luxuria generalizada da vegetação encheu-me de adimiração. Uma mistura mais paradoxal de sons e silêncio permeia as partes escuras da floresta (...). Para uma pessoas que ama história natural, um dia como este traz um prazer profundo que jamais poderá experimentar novamente. ” (Darwin, 1839).

Logo em seguida ao descobrimento, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa. Outras madeiras de valor também foram exploradas até a beira da extinção:

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