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O ASSISTENTE SOCIAL E A VIOLÊNCIA DOMESTICA CONTRA A MULHER

Por:   •  30/10/2017  •  Artigo  •  3.262 Palavras (14 Páginas)  •  812 Visualizações

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  1. INTRODUÇAO

Atualmente constata-se diariamente a violência domestica contra mulheres nos noticiários, um aumento substancial de casos de agressão que nos leva a repensar as questões relacionadas aos aspectos sociais, econômicos, culturais e psicológicos. Na maioria das vezes as alusões a agressão contra mulheres por seus maridos, companheiros e noivos, ex ou atual, são consideradas fantasiosas ou mentirosas pelos familiares, ocasionados pelo medo do desequilíbrio familiar, dificuldade na comprovação da violência sofrida, procedimentos policiais e por, na maioria das vezes, envolver parentes ou pessoas próximas. Alguns sintomas podem deduzir que uma mulher vem sofrendo uma agressão, uma violência domestica, estes são perceptíveis, como depressão,  dificuldades em relação à adaptação social, alterações do estado de saúde, bem como alterações emocionais que podem levar inclusive ao desenvolvimento de distúrbios comportamentais. Outros sintomas são físicos, luxações, inchaços, feridas que demonstram que ela vem sendo agredida dentro de sua casa.

A gravidade aumenta quando se evidencia que a violência domestica  pode causar a mulher traumas e seqüelas para a vida toda, causando inclusive desvio na personalidade levando a prostituição, uso de drogas, depressão, podendo inclusive chegar ao suicídio. Esta questão, de grande complexidade, por se tratar de um problema mundial e serem praticados por pessoas ligadas diretamente a mulher, pessoas estas que exercem um poder ou pela existência de um grau de dependência, acaba por dificultar a comprovação.

Este estudo busca através de uma revisão bibliográfica, compreender e analisar a dimensão existente entre o Assistente Social e a violência domestica contra a mulher, procurando identificar fatos que levam a agressividade e como deve este profissional proceder quando se deparar com uma mulher vítima de violência domestica.

  1. DESENVOLVIMENTO

2.1 AGRESSIVIDADE

Para Mosser (2001) uma pessoa agressiva é aquela que reage de forma desequilibrada psicologicamente e que se traduz em por uma hostilidade permanente diante de outrem ou de um acontecimento, como se ocorresse uma disputa.

“A agressividade é um divisor de formas de conduta ou personalidade, pois o oposto é uma pessoa que vive em lamúria ou autocomiseração. Já os agressivos têm uma precipitação de reações ou sentimentos. Mais curioso ainda é como a sociedade amplia o conceito de agressividade, considerando que a própria sinceridade e autenticidade são resultados da mesma”. (ARAÚJO, 2010)

 A agressividade tem como objetivo manter a força uma condição de desigualdade para se evitar uma mudança nas relações. Pode-se considerar que uma explosão de raiva pode ser tão agressiva quanto uma omissão de ajuda a uma pessoa. A explosão emocional ocorre quando uma pessoa perde o controle em uma situação de conflito. (MOSSER, 2001)

Normalmente quem sofre do complexo de inferioridade tem tendência à agressividade, pois convive desde sua infância com o sentimento que sempre é a última a ser lembrada ou requisitada para algo. Com isto a pessoa desenvolve uma personalidade tímida e retraída, em casos de conflito reage gerando a raiva e ódio como compensações psicológicas, não consegue então lidar com a raiva.

Para Araújo (2010) a violência e considerada uma agressividade negativa, o sentimento de posse e apego proporcionam “um prazer metafísico de acúmulo ou continuidade do ego, prazer este que contraria a essência de vida, jamais iremos reter, mas ao contrário, apenas podemos deixar algo”. A principal característica da agressividade negativa são as marcas ou traumas acarretados.

O uso da força e a brutalidade para se obter respeito levam ao medo e a insegurança a pessoa agredida. O agressor ao se sentir frustrado ativa uma reação descontrolada e intempestiva dificultando a solução de um conflito, reagir assim diante de simples fatos  é o indício do complexo de inferioridade da pessoa. Aliado a agressividade, a inveja, acirra o conflito, pois dela surge a comparação reforçando o sentimento de inferioridade, levando assim a pessoa a reagir violentamente. Por trás da agressividade existem diversos sentimentos ou emoções negativas, ódio, inveja, cobiça avareza, etc. (HIRIGOYEN, 2006)

“A agressividade continuará no topo comportamental da pessoa quanto maior for sua necessidade de atenção ou carência. Temos de perceber que a compulsão para a liderança, poder e orgulho, quase sempre pode superar uma reflexão genuína e honesta acerca da conduta da pessoa. O fato é que a resposta agressiva acaba não temendo qualquer tipo de perda, pois sua meta é a desforra contra imagens de ódio internalizadas em seu passado.” (ARAÚJO, 2010)

 O principal fato gerador da agressividade e a competição que ocorre em decorrência das relações sociais. Gera a agressividade um tipo de medo de retaliação ou revanche levando o agressor a um estado de paranóia. Sentimentos como rancor, raiva e o ódio levam o agressor a uma falsa sensação de força, de poder, e conseqüentemente a uma necessidade de desforra.  Aliado a isto, desenvolve-se a impaciência e a ansiedade extrema, pois se sente uma pessoa injustiçada. (HIRIGOYEN, 2006)

Araújo faz menção a dependência do agressor em face ao agredido ao narrar que,

“a verdadeira questão é que o sujeito agressivo, apesar de toda sua conduta imponente se sente na maioria das vezes totalmente dependente do outro, e o ódio é uma reação de desespero e tentativa de negar tal condição; este é seu pecado capital, quanto maior a energia empregada numa contenda, maior o risco de capitulação perante a opinião alheia. O agressivo é totalmente expurgado [...] sentindo que apenas na infração penal ou até mesmo na guerra é que se torna alguém necessário. A conseqüência de tal compreensão é um imenso quadro ansioso e de expectativa de mudança que não depende mais do indivíduo, mas de outro que possa lhe dar a absolvição.” (ARAÚJO, 2010)

 No tratamento da pessoa agressiva deve-se evidenciar o cenário de disputa e conflito em que vive expondo a amargura que carrega e a real necessidade de mudança. Por fim nota o agressor que sua carga de agressividade acaba-se voltando contra si mesmo afetando sua paz de espírito e sua saúde psíquica.

Muitos são os fatores que levam á agressividade, entre eles cita Capra (2002, p.117):

  • A televisão: os efeitos causados pela influência da televisão nas crianças são preocupantes, as pessoas tendem a imitar as ações violentas que vêem na televisão, a serem mais tolerantes com a agressividade e aceitá-la melhor assim como tendem a desenvolver outras formas de agressão. As pessoas que assistem aos programas violentos são mais agressivos do que aquelas que assistem programas menos violentos.
  • A situação sócio-econômica: o nível sócio-econômico baixo esta relacionado a agressividade, as pessoas mais agressivas pertencem a um nível social mais baixo.
  • O temperamento: pessoas agressivas costumam ter algum traço difícil na personalidade. O temperamento de uma pessoa é responsável pela maneira como a pessoa se relaciona com a realidade.
  • Diferenças de sexo: os homens são mais agressivos do que as mulheres, estes estão mais predispostos a desenvolver condutas agressivas atribuindo a sua formação como fator influente.

Em relação aos tipos de agressividade Capra (2002, p.121) cita que elas podem ser de duas formas:

  • Agressividade instrumental: dirigida apenas para alcançar uma recompensa sem visar o sofrimento de outra pessoa;
  • Hostilidade: é dirigida com a intenção de atacar e ferir o outro.

 2.2 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

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