O Filme Juízo
Por: raquel gloria Cousino • 18/2/2022 • Resenha • 908 Palavras (4 Páginas) • 152 Visualizações
[pic 1][pic 2]
TRABALHO DA DISCIPLINA TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO SOCIAL
Docente:
Prof.ª Joana Angélica Barbosa Garcia
Discente:
Raquel Glória Cespedes Cousino
Rio de Janeiro, 3 de maio de 2021.
RESENHA DO FILME: JUÍZO, DE MARIA AUGUSTA RAMOS (BRASIL, 2007)
O filme acompanha a trajetória de jovens com menos de 18 anos perante a lei. Devido a lei brasileira proibir a exposição da identidade de adolescentes infratores, os jovens no filme foram substituídos por outros 3 jovens de comunidades do Rio de Janeiro, já habituados às mesmas circunstâncias de risco social. Todos os outros personagens estão no desempenho de seu verdadeiro papel social, as dependências de instituições, operadores da justiça e familiares são verídicos. Com um perfil de documentário, o filme tem a proposta de gerar uma reflexão sobre o tema retratado, mas deixando ao telespectador a liberdade de tirar as suas próprias conclusões, ou seja, não é um filme que apresente soluções ao problema.
Relatando a problemática situação social em que boa parte da juventude de classe média baixa se encontra, o filme mostra uma juventude sem estudos, respeito, apoio, profissão, desprovidos de qualquer expectativa de vida, que demonstra total conformismo com a situação de vida a que são submetidos. Percebe-se a falta de estrutura familiar e social na vida dessas pessoas. Em seus lares, a maioria desses jovens não encontram apoio emocional, incentivo ao estudo e principalmente amor e carinho. São muitos os casos de mães solteiras obrigadas a cuidar sozinhas de vários filhos. Pelo simples fato de se tornarem mães ainda na adolescência, não criam o vínculo de responsabilidade perante seus filhos. Outro problema é o fato de que, muitas vezes, os parceiros não assumem sua parte na responsabilidade exercendo o papel de pai, e, assim, a maioria dos lares vivem sem a figura masculina. Levando essas mulheres a trabalhar para sustentá-los, e fazerem o papel de mãe e de pai dessas crianças que crescem sem seus direitos básicos que todo ser humano precisa. Esse fenômeno a respeito da mulher chefe de família é muito bem abordado no texto “Primavera para as rosas negras”, de Lélia Gonzalez, que levanta a questão da homogamia racial que também contribui para a reprodução das desigualdades. Esse texto nos remete a valores da nossa ancestralidade, assunto relevante, que não será discutido nesta resenha.
Por conta de tantas interferências de fatores sociais, as crianças nascem e crescem sem a estrutura necessária que deveriam encontrar em suas casas. Os conflitos existentes entre as famílias totalmente desestruturadas chegam ao ponto de causar revoltas nos filhos que acabam por desejar machucar e até matar seus pais. A situação familiar é tão grave que muitos adolescentes chegam a preferir ficar nas ruas ou em instituições do que estar em casa na companhia de seus pais. Isso tudo é observado quando mostram os momentos dos julgamentos, pois são nessas cenas que os menores ganham voz através da interpretação que os atores fazem de suas falas.
O filme trabalha com diversos casos de jovens internos do Instituto Padre Severino, ele mostra todo o processo que um jovem passa desde a sua internação até o julgamento, este último em um número de cenas consideravelmente maior. É notado que o papel do governo é muito falho em alguns aspectos, pois ele não dá o suporte necessário para reintegrar esses jovens à sociedade. Seu apoio é dado de forma parcial e precária, de forma que os detentos não se encontram motivados a agir corretamente em seu retorno à sociedade, preferindo muitas vezes voltar para o crime e praticar os mesmos delitos, como o próprio filme destaca, apresentando o fato de que a maioria dos adolescentes eram reincidentes.
...