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PARENTESCO, ORIGENS DA FAMÍLIA, CONCEITO DE FAMÍLIA NO BRASIL E INÍCIO DA FAMÍLIA DEMOCRÁTICA

Por:   •  8/4/2021  •  Resenha  •  2.021 Palavras (9 Páginas)  •  282 Visualizações

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PARENTESCO, ORIGENS DA FAMÍLIA, CONCEITO DE FAMÍLIA NO BRASIL E INÍCIO DA FAMÍLIA DEMOCRÁTICA

A contribuição da Antropologia para o estudo da família tem como objeto fundamental o parentesco, Lévi-Strauss destaca a ideia de parentesco como estrutura universal, esclarece a decomposição das diversas relações que compõem o parentesco e a família e que a mudança na família não é um processo totalizante, atualmente também estuda as diferenças na própria sociedade. Ainda contribuiu para pensar o caráter social e não biológico/natural da família, ou seja, a “desuniversalização” e a “desnaturalização” da família, separa-a da biologia e entra na dimensão cultural ao tomar como objeto sociedades organizadas diferentemente da nossa (modelo nuclear), regulando-se pelo parentesco, destaca ainda o significado do casamento e do tabu do incesto como instituições socais.

O parentesco, estrutura formal universal, abstratamente constituído com relações de reciprocidade, intersubjetividade refere-se ao inconsciente e o que dará variabilidade serão os diferentes arranjos dos elementos que diferentemente da família, grupo social concreto, é aquela que permeia, onde o ser humano faz escolhas, como e por que faz, implicações e atribui sentido a elas.

O parentesco e a família possuem igualdade nos fatos básicos da vida – nascimento, acasalamento e morte, sendo o parentesco, estudo horizontal e a família a verticalidade das filiações.

O sistema de parentesco, através da decomposição dos elementos que constituem o sistema para analisar a articulação desses elementos em cada sociedade e por que se articulam dessa maneira, de acordo com as características da organização social, formadas pela combinação das três relações, sendo que a variabilidade está em como se faz esta combinação, sendo:

SISTEMAS DE PARENTESCO

(formação da sociedade, estrutura formal universal, em como se combina)

RELAÇÕES DE DESCENDÊNCIA

(entre pai, mãe e filho, não tem a ver com vínculo de parentesco biológico, entre pai e filho, mas com regras de transmissão de direitos de uma geração para outra)

RELAÇÕES DE COSANGUINIDADE (entre irmãos)

RELAÇÕES DE AFINIDADE (através do casamento, aliança)

Cabe ilustrar a descendência matrilinear nas as ilhas trobiandesas na Oceania, o pai social não é identificado com pai biológico, quem exerce a função de pai é o tio materno - avunculado, o pai, a paternalidade, é uma figura social, é uma figura constituída socialmente pelo casamento.

A aliança e/ou casamento existe para legitimar a relação com a prole e não entre homem e mulher e as relações sexuais. A aliança e/ou casamento como elemento fundamental inclui representante do grupo, o qual o homem recebeu a mulher, ou seja, introduz a dimensão cultural, a unidade elementar do parentesco se separa da biologia e entra na desnaturalização ao se reconhecer que uma família, para se formar, pressupõe dois grupos. É através da troca de mulheres que se dá a combinação de elementos do parentesco.

A constituição da família como fato cultural pressupõe a existência prévia de dois grupos exógenos que se casam, comprova que o parentesco envolve relações além da consanguinidade, rompendo a ideia de caráter natural da família, a qual não provém de unidade biológica, da reprodução, e sim constitui uma aliança de grupos.

Diante do exposto, o tabu do incesto passa por uma reinterpretação, ou seja, como o princípio da organização social como forma de estabelecer aliança, introduz a necessidade de se comunicar entre grupos. Taylor (1975), evolucionista, refere a aliança como forma de evitar confronto entre as tribos.

O tabu do incesto, assim como o casamento estabelece o social. O casamento estabelece a norma à legitimidade dos filhos e o tabu do incesto cria a norma ao biológico das relações sexuais, define-se o legítimo e o proibido, a divisão sexual do trabalho, outro princípio fundamental na constituição da família, estabelece a reciprocidade.

A antropologia, segundo Sarti (1992), contribuiu para destruição de dois mitos: a família conjugal como universal, e o casamento associado à satisfação sexual, bem como para os estudos de hoje, tendo as relações de parentesco, o casamento e a divisão sexual do trabalho como estruturas universais em todas as sociedades, auxiliando-nos a pensar na família hoje, que é uma família em transformação, mas que não é uma transformação totalizante (peso que cada elemento que se transforma na família), com reivindicações de caráter individualista (homem-mulher), por outro demanda de reciprocidade, complementariedade (homem-mulher-filhos), totalidade articulada, onde elementos podem ser combinados de diferentes maneiras, numa estrutura mais ampla, contextualizando-a em termos de classes e outras condições sociais.

        Concebendo a família constituída por uma aliança de grupos, não provém da unidade biológica, ou seja, da mera reprodução, conforme Sarti (1992).

        A família, é uma unidade básica de interação social, passível de uma descrição e não de conceituação – unívoca, que através dos tempos, segundo Osório (1996) adota formas e mecanismos diversos e atualmente coexistem no gênero humano tipos de família constituídos sobre princípios morais e psicológicos diferentes e ainda contraditórios e inconciliáveis, conforme Pichon-Rivière, proporciona o marco adequado para a definição das diferenças humanas; Lévi-Strauss “são três os tipos de relações pessoais que configuram a família”, descritos anteriormente, reiterados por Osório (1996), acrescenta que a partir de objetivos genéricos de preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e fornecer-lhe condições para aquisição de suas identidades pessoais, desenvolveu através dos tempos funções diversificadas de transmissão de valores éticos, estéticos, religiosos e culturais. -  função biopsicossocial, sendo que os papeis nem sempre correspondem aos indivíduos convencionalmente designados como seus depositários.

        Concebendo a família como unidade de interação social, em suas relações, pode-se pautar no Pensamento Sistêmico Novo-Paradigmático de Vasconcelos (2002), para contribuir na descrição da família, como um sistema complexo (diverso, obscuro), instável (oscilações vulnerável - resiliente) e intersubjetivo (comunicação de consciências individuais umas com as outras, reciprocidade, interação, regras de conexão).

        A palavra família remete ao vocábulo latino fomolus, conjuntos de ciados ou escravos de uma mesma pessoa, ou seja, intrinsicamente a noção de posse e a questão do poder estão vinculadas à origem e evolução do grupo familiar, ainda refere quatro funções da família: sexual, reprodutiva, econômica e educativa (OSÓRIO, 1996). Várias teorias existem para explicar a origem da família pautadas na função biológica ou psicossocial; originalmente organizavam-se de forma matriarcal; pelo avunculado, no caso dos melanésios; nomadismo, nos povos primitivos.

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