Pierre Bourdieu
Tese: Pierre Bourdieu. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ma2020 • 17/9/2014 • Tese • 706 Palavras (3 Páginas) • 376 Visualizações
Durante muito tempo Pierre Bourdieu evitou a postura de intelectual militante nos moldes de Sartre (intelectual 'total', que se apresenta em todas as frentes, mas dispõe apenas das armas da especulação filosófica). Segundo Bourdieu, a sociologia deve evitar a tentação do profetismo, que implica a pretensão em encontrar soluções para os problemas sociais, impostas do exterior (como a delinqüência, o fracasso escolar, os conflitos organizacionais).
Com a profissionalização da sociologia, os sociólogos se tornaram dependentes dos que encomendam estudos sociológicos: o risco consiste em impor problemáticas ou, até mesmo, quadros conceituais, que revelam a submissão a uma demanda social, que poderá ser fictícia. Nesse caso, o sociólogo se torna prisioneiro das expectativas, dos conflitos ideológicos, de investimentos sobre pesquisas que servem para designar, nomear, normalizar o mundo social e impor seus pontos de vista. Essa preocupação com a autonomia da reflexão sociológica e a exigência de objetividade científica não significa um desinteresse ou uma indiferença em relação às questões sociais; ao contrário, conduz à afirmação da vocação política da sociologia, colocando-a a serviço dos dominados. Nesse sentido, os trabalhos de Pierre Bourdieu aparecem como eminentemente políticos e conduzem à redefinição da ação política, do sentido do político e do uso político da sociologia. Trata-se portanto de sair da concepção – ainda corrente e talvez predominante – de ciência neutra e de ideologia política, permitindo uma apropriação política do trabalho sociológico: 'a sociologia deve possibilitar o desvelamento das estratégias de dominação'.
Descrevendo o campo social como espaço de conflito, onde os agentes dominantes procuram reproduzir suas condições de dominação, o sociólogo se impõe uma dupla tarefa: realizar um trabalho científico com fortes implicações políticas e se confrontar com todos os agentes sociais que, conscientemente ou não, concorrem para a manutenção da ordem existente, a saber: os intelectuais, os jornalistas, os funcionários das instituições públicas.
Assim, ainda que a sociologia tenha por finalidade primeira o conhecimento e não a ação, pode fornecer instrumentos de compreensão do mundo social e preparar os agentes para lutar contra as várias formas de dominação. É função da sociologia contribuir para uma ação efetiva de emancipação, por meio do estudo das representações do mundo social e da elucidação do caráter arbitrário de certos esquemas de pensamento, difundidos e reproduzidos historicamente. O papel do sociólogo é divulgar o que está vendo, percebendo, constatando, pensando, comprovando pelos estudos, realizados com o apoio do aparelho estatístico disponível. É fundamental que as constatações decorrentes dos discursos científicos produzidos sejam traduzidas numa linguagem menos científica, tornando-se acessíveis a todos.
Essa nova vocação da sociologia está baseada numa definição particular da atividade política: os campos são espaços de produção simbólica, nos quais os agentes encontram-se em luta permanente para infundir as categorias de (di)visão do mundo social. Essa luta simbólica visa à produção de sentidos comuns e revela a posição específica do Estado, que dispõe do monopólio da dominação legítima e, dessa forma, procura
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