REFLETINDO SOBRE OS EFEITOS DA CLÍNICA AMPLIADA PARA O PROCESSO DE TRABALHO
Por: NICOLALAU • 3/5/2015 • Dissertação • 3.011 Palavras (13 Páginas) • 506 Visualizações
REFLETINDO SOBRE OS EFEITOS DA CLÍNICA AMPLIADA PARA O PROCESSO DE TRABALHO
A Clínica Ampliada nos convida para uma ampliaçao do objeto de trabalho, onde pessoas se responsabilizem por pessoas.
A proposta da Clínica Ampliada busca se constituir numa ferramenta de articulação e inclusão dos diferentes enfoques profissionais e suas disciplinas. Valoriza os diversos saberes multidisciplinares, visando a construção compartilhada do Projeto Terapêutico Singular do paciente através da escuta e da troca de experiências com os profissionais da equipe. Visualiza-se todos os aspectos envolvidos no caso, como social, emocional, físico, psicológico, etc. Compreende o processo saúde-doença não privilegiando nenhum conhecimento em específico e o diagnóstico não se resume à um único professional; ele deve ser discutido com a equipe e com o usuário . Deixando bem específico que o paciente é de todos.
Há uma grande mudança nos instrumentos de trabalho e se faz fundamental a comunicação entre a rede de assistência.
É necessário criar instrumentos de suporte aos profissionais de saúde, para que eles possam lidar com suas próprias dificuldades e com os diversos tipos de situações, antes de poder ajudar aos usuários a lidarem com suas demandas.
Na Clínica Ampliada o objeto de trabalho é o sujeito/população, tendo como objetivo desenvolver a autonomia do sujeito/paciente e incentivando sua participação na promoção do seu processo de saúde.
“Então colocar a doença entre parentheses, sim, mas apenas para permitir a reentrada em cena do paciente, do sujeito enfermo, mas, em seguida, agora, em homenagem a Basaglia sem descartar o doente e seu contexto, voltar o olhar também mpara a doença do doente concreto. Senão qual especificidade teriamos serviços ou os profissionais de saúde?” A Clínica do Sujeito
O sujeito deve fazer parte do processo do tratamento/cuidado, não ficando ficar passivo e se responsabilizando pela sua proposta terapêutica. Devemos ouvir suas demandas e orientá-lo quanto a sua doença e ao seu contexto social e emocional do momento e deixar bem claro que seu Projeto Terapêutico Singular poderá ser mudado sempre que necessário.
A partir desse contexto, ao realizar a discussão proposta com minha equipe de trabalho, concluímos que nosso processo de trabalho se orienta pela concepção da Clínica Ampliada.
Temos por objetivo cuidar do sujeito de maneira integral. Quando trabalhamos com o menino, incluímos sua família e seu contexto social. Ele é atendido por vários profissionais da equipe, tanto da área física, social e psicológica assim estamos valorizando o sujeito e não a doença.
Um distanciamento que encontramos entre o nosso processo de trabalho e a diretriz da Clínica Ampliada foi a falta de comunicação entre as equipes dos períodos da manhã e da tarde, isso acaba dificultando o compartilhamento dos casos.
Ainda não temos médico contratado para o nosso serviço, o que temos é um medico uma vez por semana em regime de plantão, justamente no dia da nossa reunião de equipe, acarretando muitos casos sendo atendidos só por ele, dificultando a concepção da Clínica Ampliada.
Em relação às alterações necessárias, infelizmente, seriam muitas, mas as mais importantes seriam contratar funcionários no periodo intermediário que fizessem a ponte entre os dois turnos, sanando essa dificuldade de compartilhamento de informações e a contratação de um médico que reforçaria a coesão da equipe.
Quanto ao atendimento do usuário em situação de rua, procuramos acolhê-los na nossa Unidade, oferecendo banho, roupas, alimentação, repouso, atendimentos e orientações pontuais, articulando e encaminhando para os outros serviços da rede, bem como facilitando seu acesso, oferecendo vale-transportes, ou até mesmo, quando nos é possível, acompanhando com transporte da prefeitura. Pois sabemos das suas necessidades e demandas urgentes e que nessecitam de um olhar diferenciado e que ainda, infelizmente, são poucos os profissionais que o tem.
Para concluir, no CAPS-Infantil apesar de não estarmos voltados diretamente para o atendimento às pessoas em situação de rua, chegamos à conclusão que estamos indo no caminho certo, fazendo cada vez melhor, intervencões positivas, mapeando cada dia mais nosso território, temos supervisão e matriciamento, espaço de estudos e buscando sempre nos capacitar, assim estamos fazendo a nossa parte,
aprimorando nossos conhecimentos para pôr em prática as mudanças propostas nesta atividade.
A intervenção escolhida pela nossa Equipe foi a Reaproximação Familiar de um adolescente em Situação de Rua, que é uma das funções do nosso serviço. O que nos motivou para realizar essa escolha foi a constatação ampla do sofrimento físico e psicológico que os adolescentes em situação de exclusão social vivenciam e em especial, da dor do adolescente e de sua mãe nesse caso específico. A nossa experiência com os adolescentes do Capsi nos mostrou que a primeira exclusão aparece no ambiente familiar, em função de diversas dificuldades, tais como gravidez não planejada, pais muito jovens, rejeição, uso de drogas, situação financeira precária, filhos de uniões conjugais diferentes, etc. Em muitos casos, os pais também passaram por um processo de exclusão familiar e social. Além disso, percebemos que, sem intervenção, os problemas aumentam consideravelmente com o passar dos anos, reduzindo as oportunidades para o adolescente se constituir como um cidadão de direitos e deveres. A necessidade de agirmos o mais cedo possível aparece como uma possibilidade de mudarmos esse panorama, minimizando os danos a que estão sujeitos essa população.
Utilizamos como recursos para trabalhar essa questão, os grupos já existentes no Capsi (Grupo de Apoio à Família, Grupo de Convivência de adolescentes, Rap, Estimulação Cognitiva), as consultas individuais, os grupos de familiares, as visitas domiciliares e a outros serviços e trabalhos externos, em parceria com outros serviços da Rede (Atividade Física, Casa de Acolhimento, Fundet), além das discussões e planejamentos realizados pela miniequipe e pela equipe do Capsi como um todo. Como ferramentas, utilizamos a conversação entre os profissionais do Capsi e de outros serviços, o diálogo com os adolescentes e familiares, a utilização de atividades lúdicas, físicas e artesanais e passeios.
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