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Rabalho Ciências Humanas Completo

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Por:   •  27/9/2014  •  1.507 Palavras (7 Páginas)  •  246 Visualizações

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Introdução

O estudo sobre o corpo e os vários usos que fazemos dele é importante porque ele é o espaço físico onde está centralizado o indivíduo moderno. É importante lembrar que o corpoé construído historicamente e também a partirdas crenças e ideias religiosas, ou seja, tem uma história e conta uma história.

De acordo com as ideias teológicas, o corpo é considerado o “Templo do Espírito Santo”, a morada de Deus e para tanto deveria ser puro, perfeito, sacralizado, neutro em relação à sexualidade, ou seja, algo proibido de se manipular.

Por outro lado,na história contada pelo corpo, no desenvolvimento do indivíduo é incorporada uma série de representações coletivas oriundas de uma determinada cultura num determinado intervalo de tempo, isto é: o corpo é histórico. Ele carrega consigo, na história do corpo individual de um determinado indivíduo, a história do corpo da humanidade, do corpo da espécie.

O corpo em si é universal, todas as espécies possuem uma entidade orgânica que as caracteriza, este conceito, porém vem sofrendo transformações ao longo do tempo e a percepção ou interpretação do que seja corpo é bem subjetiva ou individual e com respostas bem localizadas culturalmente.

Definição de “corpo”

Segundo o Magno Dicionário, corpo é: “unidade orgânica que ocupa lugar no espaço. Parte material do ser em oposição ao seu animo”.

Nesta definição, então o corpo é visto somente como um ente físico delimitado sob a pele, que parece ser a última fronteira do individuo. Indivíduo esse inventado por valores que nascem com a modernidade, que funda um discurso científico, e se legítima por esse discurso. Tal discurso cada vez mais distante de influência religiosa. Então, nessa perspectiva, que podemos chamar de uma perspectiva moderna, o corpo e o indivíduo estão circunscritos à pele.

Segundo Neto (1996, pag. 9) "O corpo é a base da percepção e organização da vida humana nos sentidos biológico, antropológico, psicológico e social". Desse modo, todo nosso agir, falar, sentir, andar e pensar representam modos de vida diferentes, de um determinado grupo social. A história do corpo confunde-se, com a história do desenvolvimento da espécie. E reflete, de certo modo, a história social da humanidade.

A designação do corpo traduz de imediato um fato do imaginário social. De uma sociedade para outra, a caracterização da relação do homem com o corpo são dados culturais cuja variabilidadeé infinita.

Em sociedades que permanecem relativamente tradicionais e comunitárias, o "corpo" é o elemento de ligação da energiacoletiva e, através dele, cada homem é incluído no seio do grupo.

Ao contrário, em sociedades individualistas, o corpo é o elementoque interrompe; que marca os limites da pessoa, istoé, lá onde começa e acaba a presença do indivíduo.O corpo funciona como se fosse uma fronteira viva para delimitar, em relação aos outros, a soberania da pessoa.

Concluindo, “(...) O corpo humano é socialmente concebido e a análise da representação social do corpo oferece umas das numerosas vias de acesso à estrutura de uma sociedade particular” (Rodrigues, 1979: 44).

Evolução do conceito de corpo

Na maioria das culturas do chamado “mundo primitivo” (culturas não industrializada e muitas vezes sem escrita), a noção de corpo diverge bastante da nossa. Para alguns destes povos, o corpo neutro, ou natural, não é um corpo valorizado ou desvalorizado: é um corpo frequentemente concebido como parte do universo. O mesmo parece ter acontecido com as primeiras civilizações.

Para osCanaques da Nova Caledônia, corpo e espírito são se distinguem, formando uma unidade dirigida pelos espíritos dos ancestrais, e pelo espírito coletivo – o do Totem. Eles se deixavam guiar sem vontade própria. Os Canaques tiveram que inventar uma palavra para falar do corpo em geral, pois na língua local tal palavra não existia.

Nos textos Egípcios, Hititas, Babilônicos e Assírios, e nas civilizações ameríndias – Incas, Maias, Astecas – não existem referências específicas ao corpo. Nos 586 mitos ameríndios analisados por Lévi-Strauss a noção de corpo simplesmente não aparece (Descamps, 1988). Nestas culturas o corpo nunca era algo “mau visto”, fonte de vícios e desmedidas: ao contrário, era apreendido de maneira bastante positiva, e jamais como um objeto mau ao qual se deve opor-se, ou mesmo perseguir. Para os Dogons, no Mali, o corpo é tido em grande estima. Eles se cumprimentam dizendo: “Olá, como vai o seu corpo?” Para eles, a cidade em si é um corpo e a terra um corpo de mulher. A imagem do corpo tem grande importância, mas trata-se, antes de tudo, de um corpo social.

Louis-Vincent Thomas (app. Descamps, 1988), em seus estudos sobre o corpo em algumas civilizações africanas, observa que o corpo é sempre algo de grande valor: «O corpo intervém como uma referência privilegiada que define a organização do mundo: o corpo do homem é o universo em uma escala menor», diz um provérbio. Mais ainda, o corpo não é algo que separa, isola e fecha-se sobre si mesmo; ele é o que une e permite as relações com o mundo visível e invisível, relações que nunca devem perturbar a harmonia das forças vitais. Para certos povos africanos dizer “o homem é seu corpo” ou “o homem tem um corpo” é a mesma coisa. O ser e o ter se aglutinam no cotidiano da vida.

Na cultura ocidental a apropriação do corpo é relativamente recente. Como o resto do universo, ele era tido como uma criação de Deus (Sua obra prima) e, logo, intocável, inquestionável e inescrutável. Desde os seus primórdios, a cultura ocidental traz a marca de uma aversão, ou mesmo ódio, que hostilizava o prazer e o corpo. As origens desse legado pessimista encontram-se na Antiguidade e deve-se a vários motivos dentre os quais considerações médicas e a religião órfica. Por exemplo, Pitágoras considerava as relações sexuais prejudicais, embora

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