Resenha Germinal

RESENHA

Germinal trata-se um filme francês que se ambienta no século XIX e retrata as variações sociais determinadas pelo modo de produção do sistema capitalista, que se caracteriza pela exploração do trabalho, pelas desigualdades sociais e falta de direitos e recursos que atendem às necessidades humanas.

O início do longa, apresenta o personagem principal, um jovem que está à procura de emprego e que no decorrer de sua caminhada se depara com uma mina de carvão e suas péssimas condições de trabalho, chocante realidade em que vivem os operários (e suas famílias) daquela região. Todos se obrigam a trabalhar, em circunstâncias totalmente desumanas, sejam crianças ou idosos, devido à miséria em que vivem.

Em paralelo a essa condição, o filme expressa a vivência burguesa no seu cotidiano, ostentando abastados banquetes, luxuosas residências e total descaso com o proletariado e seus familiares. Tal fato, evidencia claramente a desigualdade social imposta pelo sistema.

Tendo em vista este contexto, o personagem principal, com sua visão contestadora e seu pensamento revolucionário vê a necessidade de conscientizar os demais trabalhadores. A indignação com a situação de exploração e com a alienação dos operários, faz com que o jovem dissemine a ideia da reivindicação dos direitos trabalhistas, semeando uma nova ideologia naquele meio.

A partir desse descontentamento, nasce a organização em prol dos movimentos grevistas e reivindicatórios, porém surgem diversos pontos de vista, gerando assim muitos conflitos. A situação se torna alarmante, pois os patrões diante da revolta dos funcionários, buscam meios de coibirem tal situação, como por exemplo as ameaças de demissão, caso as greves continuassem. Muitos dos operários se sentem amedrontados diante das intimidações, visto que, suas famílias dependem deste sustento. Perante o exposto, os acontecimentos desencadeiam uma grande revolta, acarretando em violência, repressão e morte.

Contudo, a ideia de revolução do jovem (personagem principal), germinou-se entre aqueles que foram os principais atingidos com as desigualdades em que culmina nossa sociedade. Apoiando assim, os posteriores movimentos revolucionários da classe trabalhista.

ANALÍSE CRÍTICA

O filme se situa na França no século XIX e mostra de forma clara e objetiva os conflitos da produção e modelo capitalista, o que nos leva a entender o contexto das lutas dos trabalhadores e a importância de assimilarmos os antecedentes da revolução francesa e o que levou a tal.

A expansão do capital se opondo ao pauperismo modo de vida dos operários foi o gatilho da indignação dos trabalhadores que se cansaram da exploração e se revoltaram. Em respostas as reivindicações de seus direitos encontram uma repressão violenta de seus patrões apoiados por forças do Estado, no caso do filma a Guarda Oficial.

Ao compararmos a realidade da época com a em que vivemos podemos ver muitos elementos presentes no nosso cotidiano. Como por exemplo: a exploração da mão de obra para a expansão do capitalismo, a desigualdade social, a negativa quase que imediata as reivindicações sociais feitas pelas classes excluídas.

Outro ponto para se ater que está evidente no filme são as desculpas dadas pela classe burguesa para não atender as demandas dos trabalhadores. O assistencialismo vem como forma de distorcer a veracidade dos fatos colocando o burguês no papel de piedoso, que se compadece com a situação dos mais pobres, quando na verdade está a explorá-lo em trocas de migalhas.

A negligência e o abandono do Estado com os quais os empregados eram tratados tornavam as ameaças ainda mais agravantes fazendo com que a classe recuasse em muitos momentos. O medo de perder o trabalho e não ter como sustentar a família se igualava a vontade de lutar pelos seus direitos e mudar a situação. O trabalhador sem uma base de apoio legal acabava por se submeter às vontades dos patrões.