Resenha Sobre o Texto "O Serviço Social e a questão etnico-racial"

A autora afirma que no Brasil Colônia, a assistência social era prestada pela família. Naquela época a família era além de filhos e pais : tinha avós, pessoas que não conseguiam se sustentar... enfim, tudo junto e misturado; além de ser uma familia patriarcal . Então, é por isso que a familia será caracterizada como uma forma de proteção e sustento dessas pessoas. * É importante frisar que estamos falando de uma família branca com todos os seus privilégios.*   E logo depois, essa assistência social passa a ser exercida pela Igreja. O Estado, no entanto, se mantém  na administração econômica e política da Colônia.

Os negros escravizados não recebem assistência nem do Estado, nem da Igreja e nem de seus escravizadores. A assistência será feita por eles mesmos, através da irmandade e daquilo que foi chamado de "confrarias negras" ( que será o conjunto de pessoas que se associam, formando uma irmandade, um apoio entre eles). Isso tinha, inclusive, um objetivo espiritual e também haviam as "caixas" para ajudar aqueles que estavam escravizados a conseguirem sua alforria. Quando houve a abolição, a mão de obra negra foi substituída pelos imigrantes e com isso restou a exclusão desse povo tanto no mundo do trabalho quanto na vida social, que foi refletido nas condições precárias de moradias e do trabalho.

Esse sistema escravocrata acaba em tese, né, mas o racismo que é um instrumento ideológico que legitima a escravidão, passa a ser uma ideologia de classe que reproduz os valores da classe dominante que estabelecem certos padrões e fazem com que os negros, para serem aceitos na sociedade, tentem alcancar esses padrões brancos estabelecidos. Lembrando que a instituição igreja tinha uma participação fundamental nas colonizações e mesmo após a abolição, os negros ainda eram excluídos do tratamento da Igreja pq acreditavam que os africanos eram pecadores. Só a partir de 1927 a instituição começou a aceitar negros, através da Associação das Missionárias de Jesus Crucificado. Sendo a mesma congregação que antes disso já fazia um trabalho com mulheres negras mas que por causa da época, era um trabalho elitista e que separava as mulheres negras de um lado e as brancas de outro. Quando se transformou em uma congregação religosa, houve a criação de duas categorias: irmãs coristas que eram as mulheres ricas com um elevado grau de cultura e irmãs oblatas que eram mulheres negras e brancas que tinham uma certa limitação social, econômica e cultural e ficavam responsáveis por realizar os trabalhos domésticos pesados e que futuramente causariam danos à saúde. Tudo isso afirma o tipo de relação que existia na época, afirma tb o lugar que as mulheres negras deveriam ocupar seguindo o desejo da classe dominante, na cozinha, na faxina. E percebe-se que após isso tudo, todo esse tratamento desigual e cruel era naturalizado até mesmo pelas mulheres negras da época mas não por culpa delas, mas porque além disso, elas passaram por um processo de resocialização que era oferecido pela Igreja fazendo com que a consciência crítica de todo esse processo de violência fosse perdido.

Toda essa trajetória da Igreja Católica representa o quanto essa instituição influenciou na vida da população negra e assim como deu origem também ao Serviço Social que foi utilizado para abafar os confrontos criados pelo Estado. A igreja(a serviço do Estado), no entanto, orientava os profissionais de acordo com princípios moralistas, de amor ao proximo e todas essas ideologias européias e norte-americanas. Enxergavam o negro de forma inferior. O Serviço Social só passou a ter uma aproximação da população depois do movimento de reconceituação do Seso, a partir de um processo de revisão da ação e do compromisso mantido com a classe oprimida.  

...