SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
Tese: SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: karinecmss • 21/8/2014 • Tese • 1.406 Palavras (6 Páginas) • 204 Visualizações
AULA DE 19 DE MAIO QUARTA-FEIRA
TEMA: JUVENTUDE E SAÚDE
TEMA: SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
DURAÇÃO: 2 HORAS
OBJETIVO: O objetivo deste tópico é sensibilizar para o conhecimento de próprio corpo em suas vária dimensões, inclusive a sexual e reprodutiva, trabalhando a saúde, os direitos e as responsabilidades daí decorrentes, incorporando informações imprescindíveis, úteis ao empoderamento de adolescentes, inclusive para a prevenção e interrupção de situações de abuso sexual em relações assimétricas.
MATRIAL UTILIZADO: Cartazes
PROCEDIMENTO:
Discutir com os jovens sobre o assunto, e levá-los a refletir, debater sobre o tema.
Iniciação sexual e gravidez na adolescência
As regras do relacionamento afetivo-sexual entre jovens se alteraram muito nas últimas décadas. Atualmente, o adolescente possui uma vida sexual, nem sempre à revelia dos pais. Os relacionamentos juvenis guardam uma esfera própria de autonomia do casal, mas também se constituem em estreita interdependência com os ditames parentais de ambos os jovens.
A sexualidade propicia o aprendizado da autonomia, fomentando o processo de construção de si na adolescência e juventude 12,13. Compreendida como mediadora de relações sociais, ela condensa possibilidades de exercício da autonomia pessoal, tendo em vista que os contatos afetivo-sexuais juvenis encontram-se menos atrelados ao casamento e mais voltados ao desenvolvimento pessoal e interação com o outro.
Estrutura-se um território próprio, íntimo, que permite ao adolescente afirmar uma identidade de gênero, mediada pelo aprendizado da sexualidade com o parceiro. Construir um vínculo afetivo-sexual, diferente da amizade, constitui-se em forte via de individualização juvenil. Nessa fase, a dedicação aos estudos é uma exigência familiar e condensa expectativas mútuas quanto à definição futura da carreira profissional. Em geral, o desempenho escolar encontra-se sob forte tutela parental. A "liberdade" experimentada na socialização afetivo-sexual pode funcionar como contrapartida à heteronomia nos estudos 17.
Esse aprendizado relacional, no qual a lógica de gênero tem papel decisivo, requer o domínio das regras da negociação a dois, seja em uma relação estabelecida ou parceria ocasional. A gravidez pode integrar esse percurso, porque a interiorização das normas de contracepção e seu subseqüente controle são ainda incipientes.
Segundo os jovens abordados, a iniciação sexual não se restringe à primeira relação. Trata-se de um longo percurso que eles atravessam, permeado por carícias íntimas, desvelamento gradativo do próprio corpo e do corpo do parceiro, conversas, dúvidas e medos, descoberta de sensações e sentimentos novos. Faz-se contínua no aprendizado que se instaura doravante, pautado pela experimentação das dimensões lúdica e erótica da sexualidade e pela interiorização dos constrangimentos parentais e sociais, em especial os de gênero.
Em nove famílias, os pais tinham conhecimento da atividade sexual do(a) filho(a), enquanto três moças e dois rapazes mantinham sua atividade sexual escondida, para se preservar de eventual aumento do controle parental ou por interdição dos pais (uma moça). A maioria dos entrevistados iniciou-se sexualmente com o(a) namorado(a), exceto duas moças e um rapaz com parceiros ocasionais. Cinco rapazes e duas moças iniciaram-se com parceiros virgens. O tempo de relacionamento do casal anterior à gravidez varia entre seis meses a dois anos, exceto um rapaz que ficava ocasionalmente com a mãe de seu filho.
Três aspectos do estudo serão discutidos: as dificuldades de adesão à norma contraceptiva, a descoberta tardia da gravidez e a tomada de decisão ¬ aborto ou reprodução ¬ pelos jovens e seus pais.
Internalização da norma contraceptiva
Em pesquisa francesa sobre gravidezes não previstas, Bajos et al. 18 discutem aspectos que engendram a "norma contraceptiva" vigente nas sociedades ocidentais modernas. O surgimento da contracepção médica (pílula, DIU), a liberação do aborto, a medicalização da sexualidade e da reprodução difundiram um conjunto de prescrições às mulheres, sugerindo determinado comportamento reprodutivo. Contudo, as mulheres enfrentam constrangimentos para cumprirem essas normas, advindos da permanência da hierarquia de gênero. Se o exercício da sexualidade e a decisão reprodutiva podem ser compartilhados por homens e mulheres, a gestão da contracepção continua a ser encargo feminino, ainda bastante submetido à capacidade de autodeterminação e de negociação com o parceiro. Analisando as falhas, esquecimentos ou não uso de métodos contraceptivos pelas mulheres, elas argumentam que tais injunções só podem ser compreendidas como "momentos de vulnerabilidade" em um contexto social e relacional específico. Vários aspectos são analisados nas trajetórias femininas: a relação médico-paciente que condiciona a prescrição e uso do método, a compatibilidade do método indicado com o contexto da vida afetivo-sexual feminina, as representações sobre a sexualidade (sexo como algo espontâneo, lógica emocional feminina, primado do prazer masculino), a vulnerabilidade à dominação masculina, a ambivalência do desejo de ter filhos. Assim, o recurso e a gestão da contracepção estão subordinados a tais elementos. Segundo as autoras, uma gravidez não prevista traduz as dificuldades das mulheres para acatar totalmente os constrangimentos impostos pela norma contraceptiva.
A consulta ginecológica na adolescência é um dispositivo que integra a norma contraceptiva. Trata-se de hábito difundido nos segmentos médios, uma iniciativa reveladora de posturas contrastantes no que tange à tensão entre respeito à autonomia e afirmação da heteronomia na socialização juvenil. Das entrevistadas, quatro já haviam freqüentado o ginecologista com anuência dos pais. Se há o reconhecimento da experiência sexual da filha, a presença da mãe no consultório médico é evitada, para preservar a privacidade da relação médico-paciente.
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